A conta-petróleo, balanço que registra as exportações e importações de petróleo e derivados pelo Brasil, teve superávit pelo terceiro mês consecutivo em outubro. As vendas do combustível fóssil para o exterior superaram as compras em US$ 331 milhões no mês passado.
Com o resultado, o déficit da conta-petróleo está em US$ 114 milhões de janeiro a outubro, bem abaixo do registrado para igual período de 2015, quando o saldo negativo era US$ 4,5 bilhões.
Caso haja mais resultados positivos, de forma a zerar o déficit até dezembro, a conta-petróleo, tradicionalmente deficitária, pode encerrar o ano com superávit pela primeira vez na série histórica do governo.
Segundo Herlon Brandão, diretor do Departamento de Estatística e Apoio à Exportação do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, o principal motivo para os resultados positivos do balanço é a queda do preço do petróleo.
“Quando cai o preço [do petróleo], caem tanto as exportações quanto as importações”, explicou o diretor. Outras razões, segundo Brandão, são o aumento do volume exportado de petróleo e a redução do consumo doméstico devido à retração da atividade econômica.
Em outubro, as exportações brasileiras somaram US$ 13,7 bilhões. A média diária, que corresponde ao valor negociado por dia útil, ficou em US$ 686,1 milhões, valor 10,2% menor do que o registrado em outubro de 2015. Houve queda nas vendas de todos os grupos de produtos, com destaque para os básicos.
O valor vendido de produtos não industrializados caiu 18,6% na comparação com outubro de 2015, segundo o critério da média diária. Os ganhos com manufaturados caíram 4% e o valor arrecadado com os semimanufaturados recuou 0,4%, de acordo com o mesmo critério.
O mês registrou superávit de US$ 2,3 bilhões porque as importações recuaram 15%, mais do que as exportações. No ano, que tem superávit recorde de US$ 38,5 bilhões, enquanto as exportações caíram 5,1%, a média diária importada recuou 23,1%, também contribuindo para o saldo positivo.
Retração do comércio
Herlon Brandão reconheceu que o recuo das exportações pode ser relacionado à retração do comércio internacional. “O principal motivo é a demanda externa. Se não tem demanda, isso impacta o comércio”, afirmou.
Segundo ele, no entanto, problemas como a antecipação dos embarques de soja e a quebra da safra do milho afetaram o resultado de outubro. “Em outubro de 2015, foi US$ 1 bilhão em exportações de soja. Este mês, foram apenas US$ 400 milhões. O milho em grão teve uma quebra de safra de 25%. Isso impacta bastante, pois agora era para estar no auge”, exemplificou.
De acordo com Brandão, faltando dois meses para o fim do ano, o governo mantém a projeção de encerrar 2016 com superávit entre US$ 45 bilhões e US$ 50 bilhões. Caso o saldo positivo ultrapasse os US$ 46,4 bilhões registrados em 2006, será o maior superávit anual da história.
“O mês apresentou exportação mais baixa, mas também importação mais baixa. [O saldo de] US$ 2,3 bi é um pouco menor [do que os registrados em outros meses], mas sazonalmente é assim mesmo para outubro. Dezembro costuma apresentar os maiores superávits do ano. Portanto, nós mantemos essa expectativa”, disse o diretor.