A maioria dos alunos não tinha muito interesse por ciências exatas quando a professora Francisca Denilça dos Santos, 30 anos, chegou à Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Paulo Freire, em Itapuã do Oeste, dando aulas sob contrato emergencial.
“Agora, dos 700 alunos da escola, 200 estudam química, física e biologia e obtêm boas notas”, disse.
Uma equipe de química desse estabelecimento participará da Feira de Rondônia de Científica de Inovação e Tecnologia (Ferocit), em Porto Velho, e da Feira Internacional Ciência Jovem em Recife.
A 22ª Ciência Jovem acontecerá de 9 a 11 de novembro, na capital pernambucana, enquanto que a Ferocit será realizada no mês de abril de 2017, em Porto Velho.
A equipe mostrará o Show de Química – quem aprende também ensina, concebido em 2015.
“As médias dos alunos do 2° ano do 3° bimestre em relação às médias do 2° bimestre aumentaram em 95%, ou seja, a experimentação é uma ferramenta para o ensino-aprendizado”, considera a professora.
Inicialmente, esse projeto se deu com pesquisas de experimentos feitos com reagentes disponíveis no dia 9 de setembro do ano passado, nos períodos matutino e vespertino.
Após a pesquisa, a equipe foi dispensada das aulas e teve tempo suficiente para organizar a apresentação do trabalho.
“Foi um evento voltado para o ensino e aprendizagem tanto para os alunos que apresentavam quanto para os que assistiram, eles fizeram perguntas, tirando dúvidas”, comentou a professora Francisca.
APOIO DA UNIR
Anteriormente, Francisca Denilça trabalhou com o professor Vanderlei Bastos, da Universidade Federal de Rondônia (Unir), a quem recorreu no aprendizado.
“Sou pidona, ele nos apoiou, inserimos projetos e com a atuação do nosso diretor (Altair Ramos Gomes), vencemos dificuldades”, ela comentou.
Mesmo sem dispor de laboratório próprio, Francisca usa as salas de aula normal e de informática, e atribui a esse esforço parte do crescimento do interesse dos alunos.
A instalação do laboratório já foi garantida pelo governador Confúcio Moura e deverá se viabilizar até o próximo ano.
Inicialmente, os alunos pesquisaram utilizando as mídias disponíveis na escola e seus equipamentos particulares – celulares com acesso à internet e tablets. Selecionaram depois seus experimentos, fizeram a lista de materiais, utilizaram os que a escola ofereceu e compraram o que faltou.
“Na sala com reagentes químicos, eles deixaram um ambiente de mistério e também de acolhimento, de modo que chamasse a atenção de todos”, lembrou Francisca.
Laiane Cunha Barzotto, 17, aluna do 3º ano do Ensino Médio na Escola Paulo Freire, pretende estudar engenharia no Instituto Tecnológico de Aeronáutica, na Praia Vermelha, Rio de Janeiro.
“Gostei muito da oportunidade de levarmos nosso trabalho às feiras, porque elas projetam a nossa escola. Outro colega, o Hendreo, também participou”, ela comentou.
Adelaide Basílio de Castilhos, 17, também do 3º ano, fará o Enem para ingressar no curso de medicina da Unir. “Da primeira vez não fomos, mas agora podemos comemorar de verdade o sucesso da turma na sala de aula”, disse Adelaide.
O diretor escolar, Altair Gomes, lembrou que, em 2015, mesmo em dezembro, em plenas férias escolares, a prefeitura de Itapuã cedeu um ônibus para transportar alunos à Ferocit.
“Tenho motivos para comemorar o começo do êxito de nossa escola, pois o meu filho, Altair Júnior, de 25 anos, está no Observatório de Paris, finalizando o doutorado em astronomia”, comentou o diretor da Escola Paulo Freire, professor Altair.
Altair Júnior foi aluno do Ensino Fundamental nessa escola, depois cursou o Ensino Médio no Instituto Federal em Colorado do Oeste, graduando-se na Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Para ele, embora química seja considerada “muito complicada no ensino e difícil no aprendizado”, propicia e instiga o aluno ao conhecimento de novos caminhos com objetivos diferentes, visando ao melhor desenvolvimento cognitivo.