(ANSA) – Por Luciana Ribeiro – Considerado o candidato mais polêmico e improvável dos últimos anos, o magnata republicano Donald Trump chega à eleição nos Estados Unidos com chances de se tornar o presidente da maior potência mundial.
Com declarações xenófobas e sexistas, o bilionário atraiu eleitores ultraconservadores e desencantados com a política, mas também foi alvo de diversas críticas. Nesta terça-feira (8), o republicano pode escrever um novo capítulo na história norte-americana e do mundo.
Nascido em 14 de junho de 1946, no bairro de Queens, em Nova York, Trump é o quarto dos cinco filhos do casal Fred, um construtor alemão, e Mary, dona de casa escocesa. Com um comportamento rebelde desde criança, ele agrediu um professor aos 13 anos de idade e precisou ser transferido para uma academia militar de Nova York.
Formado em economia pela Universidade da Pensilvânia, Trump tomou posse da presidência da “Trump Organization” e reforçou seu império imobiliário a partir de 1971. “Ele é um empresário muito bem sucedido, e isso traz uma marca de que ele poderá reequilibrar o orçamento, criar empregos. É um ponto que se destaca significativamente”, afirma Francisco Cassano, professor de relações internacionais da Universidade Mackenzie.
Audacioso e ousado, Trump começou a construir sua fama após criar uma das obras mais deslumbrantes e luxuosas de Manhattan, a Trump Tower. Além disso, o magnata ergueu um império que inclui hotéis e cassinos.
Casado por três vezes, Trump tem uma vida pessoal tão agitada como sua carreira profissional. Em 1999, ele fez sua primeira tentativa de entrar na Casa Branca, com uma campanha eleitoral exploratória que propunha banir a discriminação contra homossexuais e criar um sistema de saúde universal.
Com personalidade forte, “ele contesta o Estado, a política e oferece medidas muito drásticas. Algo de um certo comportamento egocêntrico, de tentar chamar atenção para si pelo impacto de sua imagem, das suas ideias e suas palavras”, diz Alcides Vaz, professor de relações internacionais da Universidade de Brasília.
Ao longo de sua carreira, Trump lucrou no mundo do espetáculo ao apresentar o reality show “O Aprendiz”, que lhe rendeu uma estrela na Calçada da Fama, em Hollywood, com aparições em filmes e com a propriedade de concursos de beleza, como o Miss Universo.
Em 2015, decidiu concorrer à Presidência dos Estados Unidos, construindo sua campanha com declarações polêmicas. “Ele procura romper com o convencionalismo e para isso utiliza slogans depreciativos, ataques violentos às minorias, o que o fez perder apoio até no seu próprio partido”, afirma Cassano.
Durante a campanha, Trump afirmou que caso seja eleito irá construir um muro na fronteira entre Estados Unidos e México e que pretende expulsar mais de 11 milhões de mexicanos que vivem em território norte-americano. “Ele comunica muito mais incertezas e dúvidas. Boa parte de suas propostas não são factíveis”, acrescenta Vaz.
Além disso, por diversas vezes o magnata demonstrou certa intolerância religiosa. Trump disse que irá proibir a entrada de muçulmanos no país porque considera que eles são um “Cavalo de Troia” do terrorismo internacional. Inclusive, cogitou o fechamento de mesquitas, o que “provocaria um abalo religioso desproporcional e desinteressante neste momento”, diz Cassano.
“O que ele mais foca é o combate à gestão Obama, a retirada dos Estados Unidos do controle das mudanças climáticas, incentivar a produção de energia e ter maior rigor com os imigrantes ilegais.
O discurso de campanha é muito contundente”, ressalta o professor do Mackenzie.
Segundo Vaz, as características de personalidade de Trump são ousadas, porém é uma das maneiras do candidato fazer marketing. “Caso seja eleito, eu acredito que essas características desapareçam. Existem filtros institucionais e políticos ao redor de uma liderança política, no caso de um chefe de Estado, que muitas vezes inibem os impactos que essas características de personalidade possam vir a ter”.
Com estilo irreverente, excêntrico e politicamente incorreto, Trump também é protagonista de várias acusações de abuso sexual.
“Sendo eleito, ele não terá um padrão de líder, de presidente dos Estados Unidos”, conclui Cassano. (ANSA)