O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) determinou na tarde desta sexta-feira (18) a remoção do ex-governador do Rio Anthony Garotinho para um hospital. Ele foi transferido para o Complexo de Gericinó em Bangu após internação no hospital Souza Aguiar. Ele passou a noite em uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento), localizada no complexo de cadeias.
Na decisão, a ministra Luciana Christina Guimarães Lóssio justifica a remoção para hospital, podendo ser da rede privada, desde custeado pelo ex-governador, para “assegurar o adequado e necessário acompanhamento médico”.
Segundo a magistrada, o hospital deve ser apto para realizar os exames indicados em relatório médico. Garotinho permanecerá sob custódia no hospital enquanto os médicos acharem necessário, diz a decisão. Ele poderá receber visitas de familiares e advogados. O uso de telefone celular foi proibido.
“As graves consequências que podem advir de uma inapropriada interrupção do tratamento clínico do paciente em ambiente hospitalar exigem do magistrado redobrada cautela na solução do caso, não se revelando minimamente razoável que a decisão judicial tenha lastro em notícias de supostas regalias, em relação às quais não se indicou nada de concreto”, disse a ministra na decisão.
A decisão será apreciada na próxima sessão do plenário do TSE. Contudo, se os exames médicos forem concluídos antes do julgamento da liminar pelo Tribunal, Luciana Lóssio determinou que Garotinho permaneça em prisão domiciliar.
O ex-governador, detido na manhã da última quarta-feira (16) em seu apartamento no Flamengo, teve problema de pressão alta e passou mal após a prisão. Ele então foi encaminhado para a unidade coronariana do Hospital Municipal Souza Aguiar, no centro.
Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde afirmou que Garotinho deu entrada na unidade de saúde, às 18h de quarta, com queixa de dores no peito e pressão alta. O político fez dois eletrocardiogramas e exames de laboratório. De acordo com a pasta, Garotinho relatou dor intensa no peito durante exame de ecocardiograma de esforço. Por isso, um exame de cateterismo havia sido marcado para a próxima segunda-feira (21) no Instituto Estadual de Cardiologia Aloysio de Castro, em Laranjeiras.
A transferência para Bangu foi decidida pelo juiz federal Glaucenir Silva de Oliveira, da 100ª Zona Eleitoral de Campos, depois de receber informações sobre “diversas regalias no Hospital Souza Aguiar, onde se encontra internado sob suspeita de doença ainda sequer identificada”. Garotinho resistiu à transferência, ocorrida na noite de quinta-feira (18).
Imagens de um vídeo mostram Garotinho deitado numa maca do Souza Aguiar e relutando para entrar na ambulância. Ele levanta o tronco e é contido por um enfermeiro. Garotinho chega a chutar o funcionário para não ser colocado no veículo. Sua mulher, Rosinha Garotinho, prefeita no município de Campos, no Norte Fluminense, e sua filha Clarissa Garotinho, deputada federal, aparecem à porta da ambulância tentando evitar a transferência.
Em outro vídeo, Garotinho esperneia em uma maca e discute com agentes da Polícia Federal que tentam segurá-lo pelas pernas. Ele tenta se soltar enquanto sua filha, Clarissa Garotinho, chora.
Um áudio distribuído por grupos de WhatsApp registra o momento em que policiais federais anunciaram que iriam transferi-lo para o Hospital Hamilton Agostinho Vieira de Castro, no Complexo de Gericinó. No registro, o secretário municipal de Campos dos Goytacazes resiste à transferência e diz que teme por sua vida. “Levar é o cacete. Eu não vou. Isaías do Borel, tem um monte de preso lá que foi tudo eu que botei na cadeia. Estão doidos para me levar para lá para me matar.”
A decretação da prisão preventiva (sem data para terminar) foi parte da Operação Chequinho, que investiga o uso do programa Cheque Cidadão, do município de Campos dos Goytacazes, para obter apoio eleitoral. Garotinho é secretário de Governo de Campos, cidade governada pela mulher dele, a ex-governadora Rosinha Garotinho, também do PR.
Fonte: R7