“Dulce Maria caiu de paraquedas na vida de Lorena.” É assim que a mãe da protagonista da versão brasileira de “Carinha de Anjo”, que estreia nesta segunda-feira (21), vê a escolha da menina de cinco anos para o papel da órfã que é deixada pelo pai em um internato de freiras após a morte trágica da mãe.
Criada em Pedreira, no interior de São Paulo, Lorena Queiroz nunca havia feito um teste para televisão antes da nova novela infanto-juvenil do SBT. O talento para seguir carreira artística, no entanto, já era unânime entre a família e incentivado até mesmo pelos seus educadores.
“Desde pequena, ela já era diferente das outras crianças. Fazia apresentações da escola ainda pequena, posava para fotos quando era bebê… É uma coisa que ela mesma sempre gostou”, diz a mãe Gabriela Queiroz.
A trajetória até conseguir o papel principal em “Carinha de Anjo”, adaptação de Leonor Corrêa com supervisão de Íris Abravanel, começou quase que por acaso, há dois anos, durante um passeio em um shopping de Campinas.
“Estava tendo uma seleção do Projeto Passarela. Perguntei se ela queria participar e a inscrevi. Ela foi tirar foto sozinha, ficou bonitinha na fila e fez as fotos. Ela desfilou e até decorou super bem um texto curto”, lembra a mãe da estrela-mirim.
A participação da menina da seleção promovida pela mesma empresa de caça-talentos que descobriu, entre outras, a atriz Larissa Manoela foi frutífera: após uma convenção, Lorena foi selecionada para três agências e passou então a fazer vários testes, para grandes marcas como Danoninho, Bradesco e Itaú.
Antes da novela, ela só havia feito fotos para dois catálogos. Mas seu lugar era mesmo na televisão, segundo palpitavam aqueles tinham ainda que um breve contato com a garota prodígio.
“No Dia das Mães só dava a Lorena nas apresentações da escola. Até as mães vinham me falar, ‘você tem que levar a Lorena para a TV’. As professoras dela e todo pessoal da escola falavam isso. Vimos também que ela gostava e eu fui atrás”, conta Gabriela.
Novela muda a vida da família
Lorena Queiroz, de 5 anos, em cena de “Carinha de Anjo”
A notícia da escolha de Lorena para o papel, após um intenso processo seletivo — com três testes e um workshop de uma semana –, que durou aproximadamente um mês, transformou a vida da família. Apesar da confiança, Gabriela Queiroz diz que recebeu o resultado com surpresa.
“Foi um susto! Morávamos no interior de São Paulo. Eu ia e voltava todos dia nas semanas de teste. Não cai a ficha. Nunca estamos preparados para o sim. Sempre achamos que não vai dar em nada. É uma mudança muito grande para toda a família”, considera.
Dona de seu próprio negócio, ela conta que, para não deixar a oportunidade passar, priorizou ainda mais a filha. “Eu deixei a minha vida para cuidar da vida da Lorena. Tenho um comércio na minha cidade que meus pais ficaram cuidando”, afirma Gabriela, que se mudou com o marido, Lorena e o irmão da atriz mirim para São Paulo.
Na nova rotina da família, Lorena vai para a escolinha de manhã, depois decora o texto em casa e somente à tarde grava a novela nos estúdios do SBT em Osasco. A mãe está em todo tempo a seu lado.
“Tem semana que ela grava de segunda a sexta, em outras grava dois dias. Depende do roteiro da semana. Ela pode gravar no máximo seis horas por dia”, explica.
Elenco posa para foto na apresentação da novela “Carinha de Anjo”
O trabalho é de gente grande, mas para Lorena é como se fosse uma grande brincadeira. Nos estúdios, a atriz revelação conta com a ajuda de uma equipe com psicóloga, coach, diretor e preparador de elenco. “Ela tem muita responsabilidade, mas é algo que parte dela. Ela gosta e nunca falou ‘Hoje eu não quero gravar’. Ela sempre está disposta e aqui tem muita brincadeira, é tranquilo”, garante a mãe.
Mas por que Lorena, uma menina loirinha de olhos castanhos, conquistou o papel disputado por tantas crianças? A diretora de elenco Márcia Ítalo, que escolheu a pequena atriz, diz que ela preencheu todos os pré-requisitos.
“Para chegar numa personagem como a Dulce Maria tem todo um pacote que precisa se preenchido: voz, olhar, corpo, resistência, temperamento… Eu digo que é a Dulce Maria que encontrou a Lorena.”
O principal desafio, acredita, é trabalhar com crianças com pouca idade. “Essa é a grande dificuldade. Em nenhuma outra novela [‘Carrossel’, ‘Chiquititas’ e ‘Cúmplices de um Resgate’] a gente fez com crianças tão pequenas. Agora ter uma protagonista de cinco anos e uma turma nessa faixa etária? Isso deu um frio na espinha. Até porque elas não sabem ler nessa idade”, afirma.
Fonte: Uol