O presidente americano, Barack Obama, alertou nesta terça-feira (6) que estigmatizar os muçulmanos e agir como se o país estivesse em guerra contra o islã incentivaria os grupos extremistas e teria um custo humano e moral para os Estados Unidos, em uma clara alusão ao discurso do republicano, Donald Trump, o próximo governante da Casa Branca.
“Nós (nos Estados Unidos) não impomos testes religiosos como prova pela liberdade”, disse Obama em seu último discurso sobre segurança nacional, em Tampa, no estado da Flórida.
Obama se referia assim à polêmica proposta do presidente eleito dos EUA, que assumirá o poder no dia 20 de janeiro, de submeter os imigrantes de certos países, muitos deles com maioria muçulmana, a uma “apuração extrema” baseado em “testes ideológicos”.
“Somos um país que derramou sangue contra esse tipo de discriminação e normas arbitrárias”, ressaltou Obama, sem mencionar Trump em nenhum momento.
O governante lembrou que “os terroristas querem que nos voltemos uns contra os outros”, por isso não convém “abusar das mudanças” na estratégia contra o terrorismo internacional, e ressaltou que os grupos extremistas como o Estado Islâmico (EI) “não representam todos os muçulmanos” do mundo, nem os que vivem em EUA.
“Se estigmatizarmos os muçulmanos bons e patrióticos, isso só alimenta o argumento dos terroristas. Se agirmos como se estivéssemos em guerra contra o islã, não só perderemos mais vidas americanas (em conflito), mas perderemos a vista de nossos princípios, do motivo pelo qual estamos lutando”, advertiu Obama.
O presidente alegou que os Estados Unidos são um país que quer viver “em uma sociedade que seja aberta e livre, que possa criticar um presidente sem retribuição”, e onde “se julgue as pessoas por seu caráter”, não pela cor da pele ou pelo sobrenome.
“Isso é o que nos separa dos tiranos e dos terroristas”, acrescentou.
Obama também argumentou que os Estados Unidos se distinguem pelo “respeito ao Estado de direito” e defendeu sua decisão de “proibir categoricamente a tortura” a suspeitos de terrorismo, algo que, segundo afirmou, não fez com que o país perdesse “informação valiosa de inteligência”.
Esse último ponto também escondia uma mensagem a Trump, que durante a campanha presidencial defender a volta da tortura aos suspeitos de terrorismo, como o afogamento simulado, e questionou o fato de os EUA “trabalharem com leis” nesses temas quando os terroristas não fazem o mesmo.
Fonte: Epocanegocios
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