Deu No Jornal Nacional:
Depois de se recusar a deixar o cargo, o ex-presidente da Gâmbia finalmente foi embora do país. Um dos ditadores mais excêntricos e cruéis do mundo também está sendo acusado de saquear os cofres públicos.
Uma vez o ditador da Gâmbia prometeu governar por um bilhão de anos. Mas a população decidiu em dezembro deixar para trás mais de duas décadas de tirania.
Só que o povo lidava com uma pessoa imprevisível; Yahya Djammé, que adotou o título de Excelência Sheik Professor Doutor Presidente, sempre surpreendeu com aparições grotescas.
A mania de grandeza fez o ditador explicar que, para curar a Aids, não precisa de muito mais do que uma oração e uma banana. Ele também garante que tem a receita contra a infertilidade e alguns tipos de câncer.
O homem que já afirmou sentir “orgulho de ser ditador” seguia a cartilha: controlava a imprensa, perseguia a comunidade gay, desprezava os direitos humanos, e entregou gambianos à pobreza.
Na última eleição, sua vitória era quase certa. O rival apareceu de última hora, substituindo o líder da oposição detido.
Na contagem dos votos, o resultado que poucos ousavam imaginar: a derrota do ditador. Djammé ainda ligou para reconhecer o resultado.
Só que não deu uma semana, mudou de ideia; se recusou a entregar o cargo e decretou estado de emergência para aumentar seus poderes. O histórico de repressão violenta fez muita gente fugir, inclusive o presidente eleito.
O novo líder da Gâmbia tomou posse na Embaixada do Senegal, país vizinho. Adama Barrow já foi segurança de uma loja em Londres e disse que chegou onde está por trabalhar 15 horas por dia. Mas para virar presidente contou também com ajuda internacional.
Os exércitos da Nigéria e do Senegal entraram na Gâmbia e forçaram Yahya Djammé a deixar o cargo.
Depois de esbravejar que só Alá o tiraria do poder, ele foi viver no exílio e teria levado US$ 11 milhões do estado e carros luxuosos. Adama Barrow agora pode assumir o país e cumprir a promessa de um novo começo para o seu povo.
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