Há cinco meses foi criado um canal no YouTube intitulado Drugslab, em que os apresentadores experimentam drogas “em nome da ciência” para informar jovens sobre seus efeitos positivos e negativos. Criado pela emissora holandesa BNN, o canal já tem cerca de 300 mil inscritos, mais de 8,7 milhões de visualizações e possui 47 vídeos até o momento. No elenco estão o cantor Rens Polman, de 25 anos, o estudante universitário Bastiaan Rosman, de 23, e a atriz Nelie Benner, de 30.
Cada episódio tem cerca de 10 minutos e é dedicado a uma droga. Os apresentadores falam sobre sua história, como é feita, se tem aplicações medicinais, os efeitos e prejuízos causados por ela e como consumi-la com segurança. Além disso, a produção é acompanhada por um clipe curto que resume o que é a droga testada e ressalta recomendações do que fazer na hora de consumir a mesma. Entre alguns dos conselhos dados aos espectadores, estão: avisar amigos da dose utilizada; evitar beber álcool com drogas que afetam o sistema nervoso; e ter em mente que drogas feitas a partir de ingredientes naturais não são uma opção mais saudável do que as sintéticas.
“Não havia na internet um programa que fornecesse essas informações de forma precisa para os jovens. Não há um jeito melhor de fazer isso do que usá-las em frente à câmera”, disse Jelle Klumpenaar, criador e produtor do Drugslab, à BBC Brasil.
Em um relatório sobre o tema, divulgado pela Organização das Nações Unidas, é evidenciado que 250 milhões de pessoas, cerca de 5% da população mundial entre 15 e 64 anos, usou droga ao menos uma vez em 2014.
A ONU diz que, “de modo geral, o impacto do uso de drogas para a saúde continua a ser devastador”.
Klumpenaar afirma que o Drugslab busca prestar um serviço e reduzir os danos gerados pelo uso dessas substâncias, em sintonia com a mudança no modo como os jovens consomem informação. “Educar jovens sobre drogas é uma boa forma de evitar acidentes. E eles preferem pessoas reais contando histórias reais em vez de apresentadores lendo roteiros”, diz o produtor. “Há quem ache nosso conteúdo controverso, e respeitamos isso. Falar sobre o tema ainda é um grande tabu em muitos países. Queremos quebrar esse tabu.”
O Criador do canal rejeita a ideia de que, ao mostrar jovens experimentando drogas, esteja de alguma forma incentivando outros jovens a fazer o mesmo ou glorificando o seu consumo. “Adolescentes e jovens experimentam drogas, é normal. Se eles não obtêm essas informações com nosso programa, vão buscar por isso na internet”, afirma Klumpenaar. “Não é nosso papel dizer que isso é errado. Mostramos os efeitos e oferecemos as informações para minimizar os possíveis perigos.” O produtor destaca, ainda, que os vídeos do canal só podem ser vistos por usuários do YouTube cadastrados como maiores de 18 anos. “Analisamos as regras do site com cuidado e mostramos a ideia para a equipe do YouTube na Holanda. Eles adoraram.”
O YouTube respondeu a um pedido de entrevistas da BBC Brasil dizendo que “não comenta casos específicos”, mas que, se o Drugslab está no ar, é porque está de acordo com suas diretrizes.