A safra de grãos do ano passado foi excepcional para o produtor do Paraná. O clima ajudou, e os preços, principalmente os do milho, dispararam.
Somando as receitas líquidas da soja com as do milho, o produtor obteve R$ 3.286 por hectare.
Boa renda, mas que fica bem distante da obtida por piscicultores do mesmo Estado. Com uma produtividade de 25 toneladas de peixe por hectare, a renda do piscicultor, descontados os gastos, foi de R$ 20 mil por hectare.
É claro que a piscicultura tem suas limitações de área, principalmente porque depende de água. Já a área destinada ao cultivo da soja é maior, e o produtor ganha em escala.
Mas a piscicultura, até então complementar nas propriedades agrícolas, começa a se tornar a principal atividade para muitos produtores, segundo Ricardo Neukirchner, presidente do conselho de administração da Peixe BR (Associação Brasileira de Piscicultura).
A entidade, que teve início em 2015, foi criada para pôr “ordem” nesse setor, em que estatísticas eram a coisa menos confiável.
A atividade é regida por um deficit de oferta de peixe em relação à demanda. No ano passado, foram produzidas 641 mil toneladas. Para complementar o consumo, o país importou outras 400 mil.
A cadeia envolve R$ 4,3 bilhões por ano, com crescimento médio de 15% ao ano, segundo Francisco Medeiros, presidente-executivo da associação.
“O cenário para a atividade é excelente”, diz Neukirchner. Em cinco anos, a produção de peixe deverá dobrar.
A demanda crescerá ainda mais, superando o consumo médio atual de nove a dez quilos ao ano por habitante.
Medeiros afirma que a cadeia de produção ainda está sendo construída. O setor não consegue levar os preços baixos da produção para a mesa do consumidor.
De fato, enquanto o produtor recebe R$ 4,80 por quilo de tilápia, na média de algumas regiões, o consumidor paga de R$ 34 a R$ 59 pelo quilo de filé.
Breno Davis, vice-presidente do conselho da Peixe BR, explica que parte dessa diferença se deve à perda de volume quando o peixe é limpo. Um quilo de tilápia rende apenas 300 gramas de filé.
Além disso, impostos, refrigeração, transporte e outros custos provocam uma elevação do preço final do produto.
Mesmo assim, a margem do varejo é grande, superando em pelo menos cinco vezes a das outras proteínas.
LÍDERES
O Paraná é o maior produtor nacional de peixe, seguido de Rondônia, São Paulo e Mato Grosso. Líderes, os paranaenses produziram 93,6 mil toneladas no ano passado, 17% mais do que em 2015.
Os dados são da Peixe BR, que aponta ainda a região Norte como a principal do país, com um volume de 159 mil toneladas em 2016.
A menor produção nacional fica na região Sudeste, que obteve 104 mil toneladas no ano passado.
Fonte: Folha de S. Paulo