O vendaval da manhã deste domingo deixou um rastro de destruição em São Francisco de Paula, na Serra Gaúcha. O vento devastou o que foi encontrando pela frente. Postes de energia, árvores, casas, escolas, pavilhões de esportes, postos de saúde e até uma igreja ficaram completamente destruídas pelo temporal. A defesa Civil chegou a informar duas vítimas fatais, mas à noite voltou atrás e confirmou uma morte em São Francisco de Paula em decorrência do temporal.
A vítima fatal foi identificada como Claudenir Gomes de Freitas, 24 anos, morador do Santa Isabel. Ele morreu após a parede do pavilhão de esportes da escola do bairro desabar sobre sua residência. O fenômeno foi classificado como tempestade severa pela Metsul Meteorologia, mas não está descartada a possibilidade de que um tornado tenha atingido o município serrano, que vai decretar estado de calamidade nesta segunda-feira.
Os moradores do município relataram o susto que levaram com o temporal. O mecânico Laureci Pereira Chaves não estava em casa no momento da rajada de vento. “Eu tinha ido a um velório, mas toda a minha família estava em casa”, afirmou. Chaves teve sua residência no Loteamento Santa Isabel completamente destruída pelo fenômeno natural. “Veio tudo abaixo. Eu perdi tudo. Vou recomeçar do zero. Tinha seis pessoas na casa”, contou.
O mecânico conta que os familiares ficaram embaixo de um guarda-roupa e não sofreram ferimentos. “Foi o roupeiro que serviu de escudo quando as paredes caíram. Graças a Deus não aconteceu nada”, agradeceu.
Já Sebastião Carasai, morador do Loteamento Santa Isabel, lembrou do barulho causado pelo vento. “O vento foi chegando e fazendo um barulhão. Quando caiu a janela, eu me atirei atrás do balcão, pensei em Deus e mais nada”, descreveu.
Marceli Medino, moradora de Cambará do Sul, estava visitando a mãe em São Francisco de Paula. Segundo ela, o vento passou rapidamente deixando um rastro de destruição. “Foi questão de um minuto. Escutamos os barulhos de telha e, de repente, começou a chover dentro de casa. Começamos a rezar. Felizmente passou rápido, mas foi um susto enorme. Temos que agradecer por ter sido apenas danos materiais”, afirma.
Conforme a Defesa Civil de São Francisco de Paula, oito bairros foram atingidos e oito pessoas podem estar desaparecidas. Os locais mais atingidos foram os loteamentos Santa Isabel e São Miguel. No entanto, o temporal causou estragos também nos bairros Gaúcha, Querência, Pedra Branca, Distrito Industrial, Cipó e no Centro. Estimativa da Defesa Civil aponta que o vendaval atingiu entre 1,4 e 1,6 mil pessoas. Equipes de apoio aos desabrigados estão concentradas no Ginásio Municipal.
“Temos mais de 500 famílias registradas. São pessoas que vieram buscar lonas, donativos e marmitas. É muito triste o que estamos vivendo. Você olha no semblante das pessoas e não tem reação”, afirmou o coordenador da Defesa Civil no município, Maurício da Silva Borges.
Segundo Borges, muitas famílias relutam em deixar suas residências por medo de saques. O efetivo do Pelotão de Operações Especiais (POE) da Brigada Militar foi mobilizado para reforçar a segurança nos bairros mais afetados. “O pior é que a chuva não deu trégua. Queremos sensibilizar as pessoas a saírem de casa, mas muitas insistem em ficar”, disse.
Os desabrigados foram levados para o Ginásio Municipal, que fica ao lado do Corpo de Bombeiros Municipal. Autoridades pedem a doação de lonas, telhas, alimentos, água, material de limpeza e higiene, colchões e cobertores. Diversos municípios do Rio Grande do Sul estão mobilizados para ajudar São Chico. Em Gramado, a prefeitura está recebendo donativos no Ginásio Perinão e disponibilizou ambulâncias e lonas para ajudar os desabrigados. Em Canela, as doações são recolhidas no CTG Querência.
Uma equipe do Departamento Municipal de Limpeza Urbana da Prefeitura de Canela foi até a cidade vizinha para prestar auxilio no trabalho de recuperação dos estragos. São Francisco de Paula foi atingida por um tornado em 8 de julho de 2003, quando 50 pessoas ficaram feridas. Não houve registro de mortes no incidente natural.
Fonte:Correio do Povo