A selvageria, em pleno século 21, ainda ronda várias regiões do país e, é claro, Rondônia está no olho do furacão. Em alguns quesitos, como por exemplo as mortes no campo, por disputa de terras, temos o lamentável título de campeões nacionais. A triste estatística, de 2016, registra que tivemos 21 pessoas assassinadas em conflitos agrários no Estado, a maioria trabalhadores sem terra, mas também fazendeiros e peões. A guerra continuou nesse ano, com mais mortes. A chacina de nove sem terra em Colniza, fronteira com o Mato Grosso, teve envolvimento de rondonienses. Alguns foram vítimas; outros, algozes. Enquanto o país não tem uma legislação decente para a regularização fundiária, embora se ouçam belos discursos e promessas, ambos nunca levados a sério, a matança continua. Há décadas as questões relacionadas com a conquista da terra tem ceifado vidas país afora, mas principalmente na região norte. Imaginava-se que, depois de tantas décadas, o país já teria amadurecido uma legislação à altura das suas necessidades, para pacificar o campo, para dar garantias de propriedade, para ceder terras a quem precisa delas realmente. O que se vê, contudo, são as coisas feitas nas coxas, sem seriedade, sem respeito, empurradas com a barriga, como sempre acontece nesse Brasil que não é sério. A crise dos conflitos agrários está longe de terminar, pela inércia, incompetência, irresponsabilidade das autoridades chamadas competentes, mas que na verdade são é incompetentes, até a última raiz do cabelo.
As questões ambientais tratadas sob a visão de interesses internacionais; a falta de segurança jurídica; a lei do mais forte valendo mais do que qualquer outra; a impunidade doentia que também grassa em crimes que envolvem essa guerra, tudo isso demonstra que estamos longe de resolvermos a questão e do fim da selvageria. Quando surge alguma ideia boa e viável, de bom senso, como a PEC que está sendo debatida no Congresso, vozes com interesses outros que não os do Brasil, se unem para não permitir que as coisas funcionem e se resolvam. Enfim, se nada for feito, a curto e médio prazos, para resolvermos essa terrível crise, o número de mortes por conflitos agrários jamais vai diminuir. Pelo contrário: a certeza é de que cada vez mais sangue vai rolar pelas terras rondonienses e de várias outras regiões brasileiras.
AMAZÔNIA EM RONDÔNIA
Durante dois dias (nessa quinta e na sexta), o governador Confúcio Moura será o anfitrião do 14º Fórum de Governadores da Amazônia Legal, que se realiza no Palácio Pacaas Novos, sede do chefe do Estado rondoniense, no Palácio Rio Madeira/CPA. Governadores do Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Roraima, Tocantins parte de Mato Grosso e do Maranhão estão convidados, já que todas essas regiões fazem parte deste enorme pedaço do Brasil, que, juntos, somam mais de 5 milhões e 200 quilômetros quadrados, ou 61 por cento do território nacional. Vários temas quentíssimos estarão na pauta, incluindo um Consórcio regional, além de outras ações fundamentais para toda a Amazônia, como operações integradas nas fronteiras e questões relacionadas com os conflitos agrários. Pauta extensa, debates intensos e busca de soluções conjuntas para toda a imensa região em que Rondônia está localizada. Tudo isso ocorrerá aqui, em dois dias. Começa nessa quinta, às 8h30 da manhã.
PERDEMOS DE NOVO!
Decisão surpreendente da Justiça Federal, determina que o patrimônio da Estrada de Ferro Madeira Mamoré retorne, de imediato, para o domínio da União, que, aliás, nada faz pelo complexo histórico. A Prefeitura, que estava começando a mexer na área, melhorando a estrutura, limpando e cuidando, não poderá mais fazer nada. Terá que deixar tudo como está, esperando que algum organismo federal, que, vale a repetição, nunca fez nada pela EFMM, decida que agora é a hora de investir e fazer alguma coisa. Com a decisão judicial, o Município está proibido de atuar na área. A Prefeitura está tentando retomar a estrutura. Apresentou uma proposta à União, para assumir o controle da estrutura histórica, por um prazo de 50 anos. O prefeito Hildon Chaves já disse que quer priorizar ações para proteger e melhorar a estrutura. Mas, como sempre, o que vale é a decisão judicial, por mais absurda que ela seja. E essa é uma delas. Mais um retrocesso para nosso mais rico patrimônio.
AFRONTA À DEMOCRACIA
As redes sociais, realmente, estão se tornando local de confrontos ideológicos e total falta de respeito com o que quer que seja. Cada um exprime suas opiniões (e até aí tudo bem!), mas a maioria de forma agressiva, ofensiva, com palavreado chulo e destrutivo. Depois, se confrontados com a lei, esses mesmos valentões de ambos os sexos se tornam carneirinhos. Mas como a internet aceita tudo (de agressões gratuitas e escrita ridícula da Língua Portuguesa), a situação vai de mal a pior. Muita coisa que se leu desde a terça-feira, depois que o o STF mandou soltar o petista José Dirceu, é ignóbil. Ofensas a ministros do nosso principal tribunal, principalmente a Gilmar Mendes, se multiplicaram num tom desrespeitoso, agressivo, ofensivo sob todos os aspectos. A discordância, inclusive de decisões judiciais, desde que elas sejam cumpridas, é perfeitamente aceitável. Mas o tom dos ataques, virulentos e uma afronta a qualquer princípio democrático, passou de todos os limites.
GADO NOS BANCOS
Superlotação. Gente sentada no chão. Idosos esperando horas. Pouca gente para atender. Uma pequena multidão. As cenas foram registradas na terça de manhã, na Caixa Federal do centro, mas podem ser observadas em praticamente todas as principais agências bancárias da cidade, principalmente as da própria Caixa, mas também do Banco do Brasil. Com cada vez menos atendentes e mais desrespeito com o cliente, os bancos superlotados estão se lixando para as filas imensas que não têm fim. Para driblar as enormes esperas, foram desligados os relógios, para que não ficasse marcado o tempo exagerado aguardando atendimento. Os bancos preferem pagar multas, às vezes altíssimas, pela demora, do que contratar funcionários. Custa muito menos. E o pobre consumidor/cliente continua sendo tratado como gado. Desrespeito total!
VERGONHA DO BRASIL
Dados de pesquisa nacional do Instituto Data Folha informa que o número de pessoas que dizem ter vergonha de ser brasileiros foi multiplicado por quatro, em apenas sete anos. Em 2010, 9 por cento de entrevistados numa pesquisa semelhante diziam se envergonhar do nosso país. Hoje, esse número quadruplicou, praticamente. São 34 por cento os que acham que ter nossa nacionalidade é vergonhoso. Mesmo que 63 por cento se sintam mais orgulhosos que envergonhados, esse número também caiu muito, nos últimos anos. Os escândalos, a corrupção, a exposição do país frente ao mundo, por tudo o que se registrou nos últimos anos, certamente influenciou nessa mudança de humor do brasileiro em relação ao seu país. Os percentuais são preocupantes, porque, do jeito que as coisas vão, a tendência é de que os envergonhados cresçam ainda mais, por tudo o que estamos testemunhando nessa terra dos outrora orgulhosos brasileiros.
EXÉRCITO NAS CADEIAS
Dois meses e meio depois da primeira ação, representantes das Forças Armadas voltaram aos presídios da Capital. A operação é para procurar armas, celulares, drogas, bebidas e tudo o que de ilegal invade as cadeias, facilitando que o crime seja planejado dentro delas, quando não executado por detentos que estão em liberdade provisória, a mando dos seus colegas que estão nas celas. Na primeira ação, em fevereiro, foram apreendidos 20 celulares, 600 armas improvisadas e muita droga. Na ação dessa quarta, coordenada pelo Governo do Estado, várias forças policiais também participaram. A operação limpeza ocorreu em dois presídios da Capital e será realizada continuamente, para tentar ao menos diminuir o poderio do crime, vindo de dentro das cadeias. Faz bem o governo, pedindo apoio das Forças Armadas. Não dá mais para permitir a liberalidade nos presídios, onde os celulares abundam e ações criminosas são planejadas e coordenadas de dentro das celas.
PERGUNTINHA
Dos quase 195 mil rondonienses que entregaram suas declarações de Imposto de Renda dentro do prazo exigido, quantos ainda deverão ser pegos na Malha Fina?
Fonte:Sérgio Pires