O governador de Rondônia Confúcio Moura (PMDB) é eclético em relação aos assuntos abordados em seu blog particular: a política, obviamente, é o centro das atenções. Mas o peemedebista volta e meia traz temas periféricos à baila: já publicou receita de um saudável suquinho verde; deu dicas aos servidores para que possam manter os corpos ‘lindos e maravilhosos’ e chegou, mais recentemente, a sugerir a construção de uma máquina do tempo (ou teletransporte) convidando voluntários a participar do intento.
Sem sombra de dúvidas é um escritor pluralíssimo e extremamente abrangente indo do plano das possibilidades ao inimaginável de 0 a 200 km/h em segundos.
Pois bem… Em 12 de março de 2015, no texto intitulado ‘Encontro com Michel Temer’, o chefe do Executivo foi categórico:
“Michel é um grande amigo, fomos deputados juntos. Eu vim lhe fazer uma visita e me colocar à sua disposição”, destacou. Sete dias antes do encontro, Confúcio e o vice Daniel Pereira (PSB) haviam sido cassados pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE/RO), decisão posteriormente revertida pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Pouco tempo depois, em fevereiro do ano seguinte, o grande amigo de Moura esteve em Porto Velho. Os membros do PMDB, segundo Confúcio, “queriam dizer que estão juntos para as novas propostas que serão apresentadas ao país”. Temer viria assumir interinamente a Presidência da República três meses depois; em definitivo, seis. O cenário do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) já estava montado e articulações eram construídas às costas da comandante.
“O certo é que o PMDB segue forte, firme, disciplinado e mantendo a vocação para oferecer garantias à democracia. Foi, sem dúvida, uma reunião memorável”, destacou à ocasião.
Depois que o correligionário alcançou o posto máximo da República, o governador também não se furtou de deixar sua opinião:
“Eu gosto do Michel. Eu confio no Michel. Eu quero que o Michel faça um governo necessário, nesta transição. Eu quero que o Michel deixe um legado bonito para o nosso pais. Eu torço para que o Michel encare as reformas, como disse Hélio Jaguaribe, ou reforma ou o caos”, apontou.
Silêncio retumbante
Após a exposição do áudio gravado pelo metralha Joesley Batista, dono da JBS, colocando Michel Temer contra a parede, adveio silêncio constrangedor por parte de Confúcio. Mais constrangedor que o silêncio, só o artigo publicado no afã de tentar generalizar uma responsabilidade que, no episódio específico, tinha a ver exclusivamente com o amicíssimo correligionário.
“A falta de uma educação de qualidade e dos pequenos princípios que se deve [sic] aprender em família”. Ou seja, a velha história de culpar o inanimado, a tal raiz dos problemas, para não ter de apontar o dedo a alguém que de fato exista.
A pior parte veio em seguida:
“[…] não pense você que impeachment, renúncia e prisões resolverão os nossos problemas, por si mesmos, se tudo isto, não vier acompanhado de reformas e de leis eleitorais moralizadoras e ajustes duros em nossas condutas”, asseverou.
Um jeito sútil de não se comprometer, mas, ao mesmo tempo, não deixar de falar sobre o escândalo que envolve tanto o – ainda – presidente da República quanto o próprio PMDB.
É no mínimo lamentável que o gestor sempre a dar pitacos sobre dieta, estética, máquinas do futuro e tudo quanto é tipo de discussão não tenha absolutamente nada a dizer acerca da indecência que permeia Brasília. É preciso coragem para nomear e adjetivar os bois.
Autor / Fonte: Rondoniadinamica