A influente revista do meio de negócios norte-americano Bloomberg Businessweek desta semana traz uma reportagem de capa sobre o escândalo da Odebrechet.
Com o título “Ninguém jamais fez uma máquina de corrupção como essa”, a matéria revela como, mesmo com a Lava Jato em andamento, a empreiteira tentou esconder dados bancários de contas em uma ilha caribenha.
A reportagem diz que o grupo dos executivos Hilberto Mascarenhas, Fernando Migliaccio e Luiz Eduardo Soares, responsáveis pelo setor de propinas da Odebrecht, “ajudou a empresa a garantir contratos para construir barragens, usinas, aeroportos e refinarias em toda a América Latina”.
“Eles fizeram isso criando falsas empresas de engenharia, construção e consultoria que usaram contas bancárias secretas para pagar faturas falsas enviadas por clientes falsos. No final da cadeia, sempre, as pessoas estavam em condições de dizer sim a outra oferta da Odebrecht”, acrescenta.
Segundo a publicação, com o avanço da Lava Jato, em meados de 2015, executivos da Odebrecht pressionaram o cônsul-honorário de Antígua e Barbuda no Brasil para que o governo da ilha não atendesse aos pedidos brasileiros referentes a dados bancários da empresa naquele país.
Vale lembrar que a Odebrecht adquiriu um banco na ilha para administrar as propinas pagas no mundo todo. A Bloomberg Businessweek diz que “Antígua tem uma rica história de ser usada como um refúgio por criminosos internacionais de colarinho branco”.
“A Odebrecht propôs pagar US$ 4 milhões para ajudar a influenciar o primeiro-ministro [Gaston Browne], disse a empresa recentemente em um caso criminal dos EUA”, diz a revista.
O primeiro-ministro nega qualquer irregularidade e promete devolver o que foi pago.
A pressão da Odebrecht sobre o governo de Antígua e Barbuda não surtiu efeito e a polícia local começou a reunir as informações solicitadas pelas autoridades brasileiras.
A reportagem ainda cita o acordo de leniência da companhia, em que a Odebrecht admitiu ter pago US$ 788 milhões em propina no Brasil e em outros 11 países, garantindo mais de cem contratos que geraram lucro de US$ 3,3 bilhões.
A publicação destaca a relação entre o patriarca Emílio Odebrecht e o ex-presidente Lula.
“Mas nenhum cliente era mais importante para Emílio do que Luiz Inácio Lula da Silva, ex-líder sindicalista que ganhou a presidência do Brasil em 2002. […] Ele era uma mina de ouro para a Odebrecht e iniciou uma grande quantidade de gastos em obras públicas, indústria de construção naval e na Petrobras. A Odebrecht obteve uma grande parte dos contratos, tornando-se a maior construtora da América Latina”.
Fonte: R7