A maior queda mensal no preço dos imóveis desde 2012, resgistrada no início de junho, indica, segundo especialistas ouvidos pelo R7, que este é um bom momento para pechinchar e conseguir um bom desconto na compra da casa própria. Eles, no entanto, afirmam que é preciso cautela com a situação econômica do Pais e verificar se, na ponta do lápis, o financiamento será mais vantajoso.
O poder de barganha do comprador agora é notório, diz o professor da FGV (Fundação Getúlio Vargas) Sérgio Cano. Ele afirma que muitas incorporadoras estão com o estoque maior de empreendimentos tendem a fazer bons negócios, dando descontos de 30% a 40% do valor do imóvel.
— Ainda existe muita oferta, então eu diria que o poder de barganha neste momento é maior para o comprador. Se ele for criterioso e não estiver com pressa, pode fazer um excelente negócio, porque as empresas estão flexíveis na negociação.
O gestor de investimentos da Par Mais Alexandre Amorim concorda com a visão de Cano. Ele lembra que, além de oferta estar alta e procura estar baixa, a queda da taxa Selic reduziu as taxas de financiamentos, facilitando a compra.
Para quem tem grande parte do valor do imóvel em mãos, os feirões são bons locais para negociar, segundo a professora do Insper Juliana Inhasz.
Cautela
Juliana, no entanto, diz que é importante que cada interessado analise as condições financeiras com cuidado.
— A decisão de comprar um imóvel é muito particular, porque leva em consideração como a pessoa está na economia. No geral, é um momento delicado, porque há muitos desempregados.
Amorim concorda com a especialista. Para ele, o cenário econômico geral do País, somado ao custo benefício do aluguel, faz com que a locação ainda possa ser a opção mais econômica para o brasileiro.
— Na maioria das vezes, se você colocar na ponta do lápis, é mais vantajoso continuar no aluguel, principalmente se sua vida não está constituída.
Juliana afirma que, mesmo que o País tenha registrado um aumento de 1% no PIB (Produto Interno Bruto) no primeiro trimestre de 2017 em relação aos período anterior, é preciso cuidado.
— Nós estamos com um cenário muito incerto. A gente ainda continua com um índice de desemprego muito alto.
Para ela, o ideal é esperar que a economia ganhe mais estabilidade e haja redução maior da taxa de juros, valor determinante em processos de financiamento.
— As parcelas para compra de imóveis são muito mais altas. Elas costumam ser o dobro do valor dos aluguéis.
Como escolher?
Amorim complementa que a escolha de comprar o imóvel próprio envolve questões mais complexas do que apenas o dinheiro. No Brasil, o sonho da casa própria é cultural. O especialista afirma que as pessoas veem a compra como “uma conquista, sinal de prosperidade”.
Ao decidir que é o momento de adquirir o imóvel, Amorim diz que é preciso delimitar quais as características do local sonhado e começar a pesquisar — tamanho, quantidade de cômodos e áreas de lazer, por exemplo. Depois desse passo, o planejamento financeiro é essencial.
— Uma recomendação é fazer a conta e ver quanto vai ser o valor da prestação do financiamento. Enquanto a pessoa procura pelo local ideal, ela deve analisar se tem disciplina financeira para guardar a quantia mensalmente.
Para ele, essa é a melhor forma de evitar assumir uma despesa maior do que é possível pagar. Amorim também indica que os compradores façam um controle de gastos para entender quais as despesas mensais podem ser cortadas.
Cano diz que o comprador precisa se atentar ao tipo de tabela que escolhe para financiar o imóvel: SAC (Sistema de Amortização Constante) ou Price. A principal diferença entre elas é que o valor da parcela muda à medida que o tempo passa. O especialista explica que a SAC tem um custo-benefício melhor para o comprador.
— A tabela SAC compromete mais a renda em um primeiro momento. A prestação começa mais elevada e a tendência é que a parcela diminua ao longo do financiamento. Na tabela Price, as pessoas têm uma prestação inicial mais barata, mas a amortização do saldo devedor é menor.
Fonte: R7.