Atendendo deliberação da Comissão de Agropecuária e Política Rural, uma reunião extraordinária aconteceu na tarde desta quarta-feira (2), no Plenário da Assembleia Legislativa. Na pauta, a aplicação dos recursos financeiros do Fundo do Pró-Leite.
O secretário da Seagri e presidente do Conselho de Desenvolvimento do Agronegócio do Leite de Rondônia (Condalron), Evandro César Padovani, assim como demais membros do conselho foram convocados para discutir o assunto e apresentar as propostas já elaboradas e em tramitação, nas instâncias do Conselho, tais como os projetos da Embrapa, Sebrae, Senar e Emater.
Inicialmente, o chefe adjunto de Transferência de Tecnologia (Transtec) da Embrapa, Frederico Jose Evangelista Botelho apresentou como proposta a Pesquisa e Transferência de Tecnologias para Pecuária de Leite em Rondônia.
Frederico explicou que o projeto se baseia na união de instituições em prol da produção de leite em Rondônia. Entre as entidades, ele citou a própria Transtec, Gepro, Cooperar, Inomercado e Investe Leite. Durante a reunião, algumas das entidades apresentaram as suas propostas dentro do projeto.
Segundo ele, Rondônia é o 8º maior produtor de leite do Brasil e o 1º da Região Norte, com uma produção de aproximadamente 800 milhões de litros por ano. No entanto, destacou que a produção é caracterizada por baixos índices de produtividade, onde os pontos críticos geram em torno do desempenho reprodutivo como fator limitante, baixo aproveitamento do potencial no uso das pastagens e baixa qualidade do leite.
Entre as soluções prontas ao alcance do produtor, a proposta da Embrapa prevê a implementação, de forma massiva, de tecnologias práticas e de fácil aplicação desenvolvidas pela Embrapa e a aplicação de tecnologias do tripé produtivo do leite.
Ao concluir a apresentação, o chefe adjunto da Transtec resumiu que o objetivo geral da proposta é realizar pesquisas científicas e ações de transferência de tecnologia para sistemas de produção de leite prevalentes em Rondônia, com foco em estratégias e ferramentas para a formação e manejo de pastagens, manejo nutricional e reprodutivo do rebanho, qualidade do leite e gestão da propriedade.
Juvenildo da Silva, gerente técnico da Gestão da Produção Leiteira (Gepro) do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), apresentou o Projeto de Gestão Mais Leite, onde a proposta é aplicar ferramentas de gestão em até mil propriedades rurais leiteiras no período de até cinco anos com o propósito de promover o aumento da produção e a lucratividade.
Carlos Machado França, analista técnico do Sebrae, apresentou o Projeto Cooperar, onde a proposta central tem como objetivo principal promover a cultura da cooperação e desenvolvimento de cooperativas e associações de produtores de leite por meio da melhoria da gestão, da organização produtiva e do fortalecimento da representatividade.
O público alvo, de acordo com o técnico do Sebrae são 15 cooperativas e associações de produtores de leite localizadas em 12 municípios do Estado, entre os quais, Ouro Preto do Oeste, Jaru, Ji-Paraná, Nova Mamoré, Urupá, Cacoal, Governador Jorge Teixeira, Espigão do Oeste, Machadinho do Oeste, São Miguel do Guaporé e Rolim de Moura.
Entre as ações propostas no projeto, França destacou o diagnóstico individualizado, seminários de sensibilização, consultoria, cursos e oficinas para aperfeiçoamento da gestão e missões técnicas.
Após ouvirem as entidades apresentarem as propostas e orçamentos dentro do projeto, os deputados Marcelino Tenório (PRP), Adelino Follador (DEM) e Laerte Gomes (PSDB) defenderam que é inviável a aprovação de um projeto de aproximadamente R$ 20 milhões sem levar em consideração a realidade da Emater que vive uma fase de completa desestruturação.
Marcelino Tenório, disse concordar que o projeto tem consistência e foi bem elaborado, mas que discorda da maneira que ele será conduzido. O deputado disse não concordar com a contratação de pessoas fora da parte pública, principalmente da Emater.
Adelino Follador defendeu o fortalecimento da Emater e o deputado Laerte Gomes ressaltou que o Estado precisa usar as ferramentas que tem e disse acreditar, que é pouco provável que o projeto seja aprovado na Assembleia Legislativa.
Representantes das indústrias defenderam que a Emater faz um excelente trabalho no Estado, mas na contramão da opinião dos deputados, a classe não concorda que a assistência técnica seja feita pelo órgão, porque segundo o setor, a empresa não consegue atender os mais de 30 mil produtores no Estado.
O deputado Lazinho da Fetagro (PT) disse que a necessidade de desenvolver mecanismos para melhorar o setor produtivo do leite é um fato e afirmou concordar com alguns aspectos do programa apresentado, porém também defendeu a reestruturação da Emater e sugeriu a criação de um núcleo específico para o setor dentro da empresa.
Para o deputado, é preciso dividir ações em núcleos, assim como é a cadeia produtiva existente e se isso não acontece hoje é em razão da falta de políticas públicas voltadas ao setor produtivo.
Em resumo, para a Comissão o ideal é a que a gestão dos recursos do Fundo Pró-Leite seja de responsabilidade da Emater, para que a empresa potencialize seus técnicos e possa trabalhar em prol do agronegócio e alavancar o setor produtivo rondoniense. Como encaminhamento final, Lazinho da Fetagro informou que o governo do Estado vai tentar estruturar o programa para atender o segmento como um todo.
Fonte:Decom