Na ocasião, 367 deputados votaram pela abertura do processo que levou à cassação da petista e 137 contra. A composição da Câmara mudou pouco desde então: 40 dos 513 parlamentares que participaram da histórica sessão do dia 17 de abril de 2016 não exercem mais o mandato. Dos que entraram em seus lugares, 22 votaram a favor de Temer.
O placar contra o peemedebista, de 227 votos, foi maior do que Dilma conseguiu arregimentar para tentar barrar o seu impeachment. Dos favoráveis à denúncia, 101 votaram contra o afastamento da petista no ano passado.
Houve ainda um pequeno grupo, de 23 deputados, que foi governista nas duas votações: favorável tanto a Dilma — contra o impeachment — quanto a Temer. O deputado Zeca Cavalcanti (PTB-PE) foi um deles.
“Não mudei de lado”, disse Cavalcanti.
— Não me arrependo de ter votado contra o impeachment. O meu voto sobre a denúncia foi pelo momento que o País passa, pois não acho que uma nova troca de governo, com uma interinidade, vá ajudar. Meu voto foi no sentido de dar estabilidade. Não foi para arquivar a investigação, mas que aguarde o fim do mandato do presidente.
Outro que votou contra o impeachment e agora contra a denúncia foi o ministro dos Esportes, Leonardo Picciani (PMDB-RJ), exonerado na quarta para engrossar os votos pró-Temer na Câmara. Na época do processo contra Dilma, Picciani era líder do PMDB e um dos principais defensores da então presidente no partido.
Discursos
O tema do impeachment esteve presente em grande parte dos discursos de deputados que justificavam seus votos. A maioria pedindo “coerência” ao cobrar voto pelo andamento da denúncia contra o presidente.
“Nem Dilma, nem Temer e nem (Rodrigo) Maia (presidente da Câmara). São denúncias graves. Não dá para esconder o sol com a peneira”, afirmou Pompeo de Mattos (PDT-RS), a favor do impeachment e a favor da denúncia.
“Esta casa retirou uma presidente sem crime e agora barra uma investigação em que tem impressões digitais do crime”, afirmou o petista Luiz Sérgio (RJ), ao microfone.
A comparação entre as duas votações na Câmara no período também explicitou a divisão dos dois principais partidos que faziam oposição a Dilma. Enquanto PSDB e DEM foram unânimes na votação do impeachment, ficaram rachados na análise sobre Temer.
No PSDB, 22 dos 47 votaram pela suspensão do prosseguimento da denúncia, enquanto 21 foram contra. Houve ainda 4 ausências. Já no DEM a divisão foi menor. Dos 30 votos da legenda, 23 foram pró-Temer, 5 contra, uma abstenção e um não votou — o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), primeiro na linha sucessório caso Temer seja afastado.
O PMDB, partido de Temer votou a favor dele de forma massiva tanto no ano passado quanto agora. Na época do impeachment, apenas 10% dos peemedebistas da Câmara apoiaram Dilma — assim, a bancada abriu caminho para que o então vice-presidente assumisse o comando do Palácio do Planalto. Na quarta-feira, 84% dos integrantes do partido ajudaram o presidente a derrubar a ameaça de prosseguimento da denúncia por corrupção passiva.
Oposição
O PT votou de forma fechada, nas duas ocasiões: 100% de votos a favor de Dilma e zero votos pró-Temer. Esse mesmo comportamento foi exibido pelos parlamentares do PC do B e do PSOL.
Na sessão de ontem, nenhum partido deu 100% de seus votos a Temer — as exceções foram os nanicos PSL e o PEN, cujas bancadas só têm três integrantes.
Fonte: R7