Durante coletiva de imprensa realizada na manhã da terça-feira (14), para falar sobre a Operação Omoplata, realizada em Ariquemes, contra o tráfico de drogas, o delegado-geral da Polícia Civil, Elizeu Müller, desabafou sobre o caso Tainá, jovem que desapareceu em Monte Negro no dia 27 de outubro e não deixou vestígios de onde está. Ele reclamou que existem pessoas querendo se promover politicamente em cima desse fato. “Quero falar a imprensa local e a população de Monte Negro que o caso Tainá é uma prioridade da Polícia Civil. Essa investigação está sob o comando de um delegado competente e extremamente conhecedor, que é o delegado Vinícius. Nós vamos apresentar daqui a algum tempo alguma solução pra essa questão. Só espero que a imprensa e a população não entrem em conversa de pessoas que querem criar fatos políticos. Nós da Polícia Judiciária não vamos permitir que se criem fatos políticos em cima de casos sérios no estado ou em qualquer região. Eu peço para que a população confie nos seus delegados, nos seus policiais. Eu peço a população de Monte Negro: confie na polícia de Monte Negro, na Polícia de Ariquemes, que está trabalhando diuturnamente nesse caso e vamos dar uma resposta à sociedade. Não vão atrás de pessoas que querem se promover politicamente. Procurem o delegado regional, o delegado de polícia do interior, da Direção Geral. As portas das delegacias estão abertas para qualquer um de vocês”.
Para o delegado-geral, a união de esforços entre a população e a Polícia Civil pode resultar em sucesso para solucionar casos difíceis, a exemplo do que ocorreu com a Operação Omoplata. “Essa operação aqui em Ariquemes foi fruto da visita de cidadãos de Ariquemes que clamavam por mais segurança. Fizemos isso mesmo com falta de melhores condições de trabalho. Uma demonstração positiva que podemos fazer além do normal. Então no caso Tainá nós daremos uma resposta a sociedade, os familiares daquela jovem merecem uma resposta pronta e efetiva da Polícia Judiciária do estado de Rondônia”, disse Elizeu Müller.
O chefe da Polícia Civil também apontou que não adianta fazerem confusão com o nome da instituição, pois mesmo com as limitações os delgados e policiais vêm fazendo seu trabalho dia e noite, além de apontar a responsabilidade de outras instituições. “São conjecturas. Quem pode falar melhor é o doutor Vinícius que está fazendo um flagrante nesse momento, mas tem gente querendo se promover em cima da falta de estrutura da Polícia Civil. Não se promovam em cima da Polícia Civil que vão cair do cavalo. Fechou o IML já vem uma urubuzada em cima do diretor de polícia do interior, que aqui é a terra do governador, que faltam as coisas. Essa operação é a demonstração que não é, não falta. Não somos uma polícia fardada, igual a Rodoviária Federal ou a Militar, que todo mundo vê. Nossa polícia é invisível, mas tem muita gente trabalhando aqui. As mazelas caem todas em nós. A criminalidade aumenta e cai em cima da PRF, da Polícia Militar, em nós. Vamos lá entrevistar o Judiciário, o Ministério Público. Eles também têm responsabilidade no sistema todo”.
Poucas provas
O delegado regional em Ariquemes, Rodrigo Duarte, apontou que tem poucas provas e não sabe onde está Tainá neste momento. “Sou cobrado diariamente. É a pergunta que mais ouvi na minha vida: onde está a Tainá? Ouço no mercado, na farmácia, em casa, por familiares meus que moram no Rio de Janeiro. Se nós soubéssemos onde ela está, já teríamos a libertado ou achado seu corpo. Não sabemos onde ela está e nem vou dizer que a gente sabe. Desde o começo estamos trabalhando com quatro hipóteses, e uma delas vem se confirmando, por meio de perícias e provas cautelares que é a de homicídio. Venho falando isso em todas as entrevistas”.
Rodrigo Duarte apontou que é necessário um pouco mais de paciência da sociedade e da imprensa para não colocar em risco os poucos indícios que a Polícia Civil têm em mãos. “Os prazos das diligências mais importantes estão se exaurindo. Achei que poderia falar alguma coisa hoje, mas não posso. Desde sexta-feira era pra ter falado algo, mas em decisão conjunta, eu, delegado regional e o delegado de homicídios, decidimos deixar para falar algo na próxima semana. Estamos aguardando alguns resultados pra poder ter um juízo de certeza maior e divulgar o que está acontecendo. Eu entendo a ansiedade da família, da sociedade e da imprensa. Relembro o caso do assalto do banco Basa, onde as pessoas não saíam da minha porta, mas eu tive a frieza para que, com as informações que eu tinha, no momento certo, dar uma resposta. Novamente, o fato se repete com uma pressão maior, pois temos uma pessoa desaparecida e grávida de oito meses. Qualquer vazamento coloca em risco o pouco que a gente tem”.
O delegado regional também destacou que todas as denúncias anônimas foram checadas. “O que eu posso adiantar agora é que nenhuma denúncia ficou para trás. Recebemos uma infinidade de informações de onde a Tainá estaria ou onde estaria seu corpo. Todas foram checadas. Todas, 100% improcedentes. Não vou desencorajar as denúncias, mas que quem denunciou tem que saber que essas denúncias foram analisadas, dissecadas e averiguadas. O resultado de improcedência foi confirmado. A situação é simples: uma pessoa desapareceu sem deixar nenhum tipo de rastro. O principal suspeito tem um álibi. Como é que se constrói um caso dali? Quando nos deparamos com um homicídio, temos um corpo e perícias a fazer. Análise de DNA, coleta de digitais, análise de sangue. Quando não se tem nada, fica muito mais difícil. Essa dificuldade foi visualizada no primeiro dia e foi ficando mais difícil, pois o tempo foi passando, as denúncias chegando e tínhamos esperança em algumas provas periciais e algumas medidas cautelares que estão ajudando a resolver o caso. Creio que até semana que vem, creio que não seja muito difícil dar uma resposta concreta sobre esse caso”, falou ele.
Ex-marido
Sobre o ex-marido, principal suspeito de ter envolvimento no desaparecimento de Tainá, o delegado Rodrigo Duarte apontou que ele provou que estava em um compromisso no horário próximo ao desaparecimento da jovem. “Algumas pessoas dizem que ela teria desaparecido 7 da manhã. Outras dizem 07:40. O horário não é muito preciso, mas o ex-marido disse que estava em uma auto escola por volta das 09 horas. Tem digital dele lá, tem gente que disse que viu ele lá, sem a vítima. É um local privado, mas que tinha pessoas que o viram lá. Então, fica difícil dizer que ele cometeu o crime. Não posso dizer que não foi ele, pois tenho que limitar minha fala, mas nós checamos tudo. É possível que seria melhor que nós seguíssemos uma outra linha do que essa”.
Por fim, o delegado também descartou que o suposto cativeiro encontrado semana passada não teria recebido Tainá. “Sobre o cativeiro, aquilo não era. A irmã da vítima esteve no local e disse que aquela calcinha que estava lá era de criança e nem era dela. O batom que estava lá não era da vítima. Só estamos aguardando a confirmação da perícia técnica de que não havia vestígios da Tainá no local. Se o laudo vier no contrário do que estou falando de que havia fibra, sangue ou saliva da Tainá no local, aí eu tenho que refazer minha fala, mas no momento, não há nada nesse sentido”.
Fonte:Rondoniavip