Atuando pelo Goytacaz na seletiva do Campeonato Carioca de 2018, Gabriel tenta voltar ao mesmo torneio no qual surgiu como uma grande promessa do Botafogo, em 2009. Desde então, muitos altos e baixos aconteceram na vida do jogador de 28 anos.
Ao deixar o clube da Estrela Solitária, onde foi campeão Estadual, chegou ao Corinthians e fez parte do elenco que venceu o Brasileiro de 2011, mas não conseguiu se firmar.
“Tive momentos bons, mas tive um deslumbre na minha carreira. Deslizei em alguns momentos. Precisei perder para valorizar, não coloco a culpa em ninguém sobre o meu deslize a não ser em mim”, disse, ao ESPN.com.br.
Após sair do time paulista, passou a alternar entre equipes de divisões inferiores – Guarani, Barueri, Madureira, Olaria, Luziânia, Boavista, Central e 7 de Abril-RJ – e o desemprego.
“Hoje tenho uma outra cabeça. Não bebo mais e estou firme com Deus. Sou um homem mudado e totalmente focado em fazer o que mais amo que é jogar futebol”, garantiu.
Veja o depoimento de Gabriel na íntegra:
Comecei em uma escolinha de futebol, não fui aprovado em um teste no Flamengo e passei no CFZ-RJ (time do Zico) antes de chegar ao Botafogo, em 2007. Subi aos profissionais durante o Carioca de 2009. O técnico Ney Franco estava reformulando o elenco e me promoveu.
Estreei contra o Tigres-RJ no Estadual e fiz até um gol. Isso me deu uma confiança enorme. Também marquei na goleada por 4 a 0 contra o Vasco. Tive grandes momentos em 2009, fui campeão da Taça Guanabara e perdemos o Carioca para o Flamengo nos pênaltis, mas tive a felicidade de acertar minha cobrança.
Tivemos um ano não tão bom quanto esperávamos, mas conseguimos manter o time na elite do Brasileiro. No ano de 2010 fomos campeões do Carioca em cima do Flamengo com aquela cavadinha do Loco Abreu.
Gabriel foi revelado no Botafogo, em 2009
Depois, fui emprestado para Ceará e Duque de Caxias, antes de ir ao Corinthians, no meio de 2011. Chegando lá eu era o terceiro lateral porque tinha o Fábio Santos e o Ramón. Quando tive a oportunidade de jogar tive uma lesão que me tirou a possibilidade de fazer um jogo muito importante pelo clube.
Eu acabei me machucando em uma dividida com o Morais durante um rachão. Daí, os laterais que estavam de fora se recuperaram e eu perdi espaço. Participei do elenco campeão do Brasileiro de 2011.
O que me marcou nessa época foi quando o Tite reuniu o time para conversar e vi aqueles jogadores que quando eu era mais novo, via pela TV, todos ali ao meu lado. Eu pensei: ‘Realmente esse clube é muito grande, e sou um privilegiado de estar aqui’.
Eu poderia ter aproveitado mais o Tite, ter conversado e pedido conselhos. Com certeza as coisas seriam diferentes. Ele é um cara que dispensa comentários, sério e sempre foi um pai. Todos sabem de sua qualidade e o vencedor que ele é.
Tive momentos bons, mas tive um deslumbre na minha carreira. Deslizei em alguns momentos. Precisei perder para valorizar, não coloco a culpa em ninguém sobre o meu deslize a não ser eu. Hoje tenho uma outra cabeça. Não bebo mais e estou firme com Deus. Sou um homem mudado e totalmente focado em fazer o que mais amo que é jogar futebol.
Depois, rodei por Grêmio Barueri, Guarani, Madureira, Olaria, Aimoré-RS e Central. Algumas vezes fiquei desempregado e sem mercado. Só atuava o primeiro semestre nos times e não jogava o segundo por conta do calendário. De 2013 pra cá, sempre foi assim. Nos períodos que estava desemprego fui ajudado pela minha família, que financeiramente sempre me apoiou.
Meu último clube foi o 7 de Abril (time da 3ª Divisão do Carioca), que tinha o treinador Carlos Alberto Santos (ex- jogador do Botafogo e seleção brasileira). Conseguimos subir o time para segunda divisão carioca e logo após o acesso fui convidado pelo Trivella a participar do plantel do Goytacaz para a seletiva do Carioca 2018.
Hoje estou aqui de cabeça erguida e lutando para dar a volta por cima e alcançar meus objetivos. Não é fácil, mas estamos conseguindo com um passo de cada vez conquistar. É uma chance única. Hoje estou mais maduro e totalmente focado, eu vejo esse Estadual como uma porta para o recomeço na elite do futebol Brasileiro.
Sonho em voltar ao Botafogo. Tenho muito carinho por esse clube, eu sou muito profissional e defenderei as cores dos clubes que eu estiver com todas as minhas forças. Mas o Botafogo foi o clube que me deu essa oportunidade de ser um jogador profissional.
Fonte: ESPN.com.br