Ações trabalhistas, ameaças de penhora, mais de R$ 40 milhões em dívidas a serem pagas neste início de ano. Jogadores fundamentais indo embora, como Lucas Lima, Ricardo Oliveira, Zeca. Preocupação em manter o salário de janeiro em dia.
Diante deste cenário pesado, não havia a mínima condição de o Santos assumir publicamente que pagaria a multa rescisória de Jair Ventura. O treinador já estava contratado desde dezembro. Só que, como ele tinha multa de R$ 800 mil, para deixar o Botafogo, o novo presidentre santista, José Carlos Peres, esperou.
Peres tinha a esperança que o clube carioca liberasse o treinador de 38 anos, que escolheu trabalhar no Santos, cortando o vínculo umbilical que mantinha com General Severiano. O Botafogo até anunciou a efetivação de Felipe Conceição, ex-auxiliar de Jair, como novo técnico. Mas a direção resolveu não ceder e manter a multa. Ou dinheiro ou escambo, isto é, o empréstimo de um jogador para a liberação de Ventura.
Enquanto a situação estava pendente, Jair, discretamente, tomava as decisões como novo técnico santista. Embora desminta, para evitar uma imagem antipática, ele teve participação na demissão de Elano. O ex-jogador e que trabalhava como auxiliar efetivo santista, chegando até a substituir Levir Culpi, tinha esperança de seguir na Vila Belmiro. Mas foi dispensado, sem pena por Peres. Marcelo Fernandes, que também era funcionário santista, foi avisado que não ficará.
Jair Ventura quer o futebol inteiramente sob seu comando. Jair Emílio Fato e Ednílson Sena, que trabalhavam com ele no Botafogo, serão seus auxiliares. Mas havia a questão da multa. Finalmente hoje, tudo foi fechado. Jair abriu mão do 13º, férias e prêmios atrasados. Ela foi reduzida para cerca de R$ 400 mil. E para todos os efeitos, foi o treinador quem bancou do próprio bolso esse dinheiro.
É pura figura de retórica. Porque está claro que o treinador receberá a quantida do Santos, ao longo de seu contrato.
Mas independente de como Jair assumiu ou o que ele encontrará na Vila Belmiro, há o projeto ambicioso de José Carlos Peres. Ele jura a conselheiros importantes e aliados que o técnico comandará o clube até o final de seu mandato, em dezembro de 2020. Peres acredita que o problema santista está no rodízio de treinadores, que aconteceu no ano passado.
Foram três: Dorival Júnior, Levir Culpi e Elano. O clube não venceu nenhum título. Apenas terminou na terceira colocação do Brasileiro, resultado decepcionante, mas que garantiu a classificação para a Libertadores.
Elano e Marcelo Fernandes foram dispensados. Seriam sombra para Jair Ventura Santos/Divulgação
O executivo de futebol, Gustavo Vieira, foi ao Rio e convenceu Jair a assumir a equipe. Com o projeto de um contrato de longa duração. E mudança de foco. Fazer o Santos deixar de ser um mero comprador de atletas, mas voltar a investir forte na base e em jovens promessas.
Jair sabe que terá mais estrutura que tinha no Botafogo. Aceitou o convite também para romper a ligação com o clube onde nasceu para o futebol. Ele é ambicioso, busca a confirmação profissional em outro centro, São Paulo. Ele teve todo o apoio de seu pai, o ex-jogador Jairzinho ao optar pelo Santos, mesmo tendo um ano a mais de contrato.
Gustavo Vieira foi claro. Jair terá carta branca para tomar todas as decisões que achar convenientes. Inclusive dispensa. Não há jogador intocável no Santos. Assim também como não há verba para grandes contratações.
A 22 dias de completar 34 anos, Robinho só voltará para sua quarta passagem no Santos, se aceitar receber muito menos dos R$ 800 mil que recebia no Atlético Mineiro. O clube de Belo Horizonte ofereceu a metade, o veterano atacante não quis. Para Jair Ventura, se Robinho for contratado, ótimo. Se não, tudo bem. Não faz questão do caríssimo jogador.
A nova diretoria adorou sua postura.
Até porque não quer ceder para a pressão do ex-presidente Marcelo Teixeira.
É ele quem mais deseja a volta de Robinho…
Fonte: Blog do Cosme Rimoli – R7