Ana Luiza e Thamires Pereira contam suas experiências. (Foto: Orcenil Jr.)
Quem parte para o exterior por meio do Cidadão do Mundo, programa de intercâmbio do Governo do Maranhão para jovens egressos de escola pública, não retorna do mesmo jeito. “A gente vê que o mundo é mais amplo e passa a pensar globalmente”, conta Ana Luiza Martins, 20 anos. “A gente volta com uma euforia para colocar tudo o que aprendeu em prática”, completa Thamires Pereira, 22.
Com Ana Luiza e Thamires, já são 235 intercambistas que tiveram a vida transformada ao aprender outra língua em um país estrangeiro, mediante custeio do Estado. Foram 85 beneficiados na primeira edição, no segundo semestre de 2016; e 70 na segunda edição, realizada no primeiro semestre de 2017.
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O governador Flávio Dino também assinou a autorização para abertura do edital para a quarta edição do Cidadão do Mundo. (Foto: Karlos Geromy)
Nesta semana, 80 participantes da terceira edição do programa foram recepcionados pelo governador Flávio Dino, no Palácio dos Leões, para compartilhar um pouco dessa experiência, após os últimos três meses no Canadá, nos Estados Unidos, África do Sul e Espanha.
O governador também anunciou a continuidade do Cidadão do Mundo em mais uma edição no primeiro semestre deste ano, com mais 80 vagas para intercâmbio nos mesmos países da terceira fase. “É um programa que traz muitos pontos positivos, por isso vai continuar. Vamos lançar a quarta edição e nosso desejo é ampliá-lo cada vez mais”, disse.
Criado para melhorar o desempenho do Maranhão no Ciência Sem Fronteiras – incentivo à produção científica brasileira por meio de mobilidade acadêmica para universidades estrangeiras –, o Cidadão do Mundo continua mesmo após a descontinuidade do programa federal.
A razão disso, segundo a coordenadora do Cidadão do Mundo, Fabiana Moura, são os reflexos do programa no crescimento dos jovens: “Muito mais do que melhorar o domínio de um idioma estrangeiro, eles têm acesso a uma grande experiência de vida. São vários os benefícios, desde autonomia até como lidar com recursos financeiros, uma vez que precisam administrar a bolsa da Fapema de R$ 4.500 durante os três meses de intercâmbio”.
Paulo Santos, 20 anos, em Quebec, no Canadá. (Foto: Divulgação)
“O principal impacto nesses jovens é na crença da própria capacidade. Eles percebem que podem muito mais, que estão preparados para o mundo e passam a acreditar mais neles, é uma mudança de percepção completa”, acrescenta Fabiana Moura.
Sonhando alto
“Mudou a minha vida, mudaram os meus sonhos”, diz a estudante de Direito Ana Luiza Martins, que embarcou na primeira turma do Cidadão do Mundo. “Não só para mim, mas para os meus colegas. Eu vejo muitos deles investindo nesse sonho, a longo prazo, de expandir para além das fronteiras brasileiras”, afirma.
O impacto do programa é imediato na carreira profissional. Ana Luiza, por exemplo, atribui a conquista do estágio no Sindicato dos Bancários do Maranhão ao intercâmbio. “Durante a entrevista para a vaga, ficou claro que ter morado e estudado em outro país foi um diferencial”, afirma a universitária, que foi para Toronto, no Canadá, estudar inglês.
Para Thamires Pereira, o intercâmbio em Córdoba, na Argentina, foi uma oportunidade para se especializar em tradução audiovisual, área profissional do seu interesse. “É uma área que eu sempre gostei e pude pesquisar nas grandes universidades de Córdoba como é feito esse processo de tradução por lá, para poder aplicar aqui”, conta a estudante de Letras, que hoje é tradutora de filmes exibidos pela TV UFMA.
Luis Souza faz planos para por em prática o que aprendeu em Toronto, no Canadá. (Foto: Karlos Geromy)
Contribuição social
Quem participa do Cidadão do Mundo tem como contrapartida social a realização de cursos e palestras em escolas públicas. A ideia é multiplicar conhecimento e incentivar outros alunos a continuar o aprendizado após a escola. Atualmente, Ana Luiza promove com outros jovens um projeto social no Centro de Obras Sociais Frei Antonio Sinibaldi, no bairro Ilhinha, em São Luís.
Já Thamires levou o que aprendeu na viagem para estudantes de uma escola na comunidade quilombola do município de Anajatuba. “Poder aplicar esses conhecimentos agora, em projetos e parcerias, é muito gratificante porque a gente não foi só para passear, a gente vem com uma bagagem cultural, a gente conheceu um pouco sobre a culinária, sobre a história, sobre a política de um novo país”, ressalta.
Novos cidadãos do mundo
Paulo Arthur Pinheiro Santos, 20 anos, foi a Quebec, no Canadá, para aprender francês e voltou transformado. “O Programa Cidadão do Mundo para mim foi uma grande oportunidade, culturalmente e em relação ao aprendizado da língua francesa. Uma porta de entrada para um grande enriquecimento pessoal que espero poder compartilhar com as pessoas aqui no Maranhão. Tenho esse compromisso”, conta Paulo.
Luis Souza, 21 anos, também voltou do Canadá, onde teve aulas de inglês em Toronto: “Foi um ponto de mudança não só para mim como para todos os colegas com quem tive a oportunidade de conversar. Superou todas as expectativas, porque além de aprender a língua eu consegui, de fato, a fluência”, relata.
“Também pude perceber a importância do que a minha cultura representa; a importância de ser ludovicense, a importância de ser maranhense. Por vezes a gente não tem noção do quanto é bonito o lugar de onde a gente vem”, conta ainda Luis, que diz ter muitos planos para multiplicar a experiência do intercâmbio na capital.
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