Bruno Tiago chegou ao Botafogo em 2010 após se destacar pelo Madureira e logo virou xodó do então treinador da equipe, o folclórico Joel Santana. Apesar do carinho do comandante, o período em General Severiano foi curto. Desde então rodou o Brasil e fez moradia no México, onde já está há três anos.
No país, fez parte da fundação de um time (Cafetaleros-MEX), mas teve de lidar com salários atrasados e um com susto daqueles no ano passado, quando um terremoto de grandes proporções assolou a cidade onde reside, Tapachula.
“É algo que não desejo para ninguém. Coisa de louco. Estava vendo TV e ela começou a pular em cima do móvel. O vidro parecia que ia explodir. Não tive outra reação a não ser ficar debaixo de uma pilastra, que é o aconselhado. Vi todo mundo correndo, chorando. Fiquei dois dias sem dormir porque ficava com medo de acontecer um terremoto ainda pior”, disse Bruno Tiago ao UOL Esporte.
Veja outros trechos da entrevista com o ex-volante do Botafogo:
Momento marcante no Botafogo
Foram momentos marcantes na minha carreira. No Botafogo ainda mais, pois me projetou para o cenário nacional. Sou muito grato, mesmo tendo jogado um ano apenas – tinha contrato de quatro anos. Sou muito grato de ter vestido essa camisa do Glorioso. “Papai Joel” realmente foi fundamental. Tanto para a minha chegada, como na minha permanência. Sou muito realizado por ter passado pelo Botafogo.
‘Papai’ Joel dava pão de queijo de “boa noite”
Foi um momento especial o que vivi no Botafogo sob o comando do Joel. Já tinha ouvido falar dele, mas conviver com o Papai Joel foi fantástico. Um cara especial, um ‘paizão’ mesmo. Na época eu estava viciado em pão de queijo e sempre levava para a concentração para comer antes de dormir. Aí ele percebeu que eu fazia isso e, de brincadeira, passou a levar mais pão de queijo na hora de dar boa noite [risos]. É um cara que tenho o maior carinho, respeito e admiração. Tudo o que ele fez por mim. Sensacional, do bem e paizão. Dá conselhos bons, de grupo. Até que não joga fica feliz e satisfeito com ele. Só tenho agradecer e parabenizar o Joel pela amizade e por ser quem é.
“Muito feliz” no México
Estou há três anos no México e posso dizer que estou muito feliz. Futebol é muito dinâmico e me fez crescer como jogador. Melhorei em todos os sentidos. Saio mais para o jogo e melhorei ainda mais a marcação, que é algo que amo fazer. Aprendi muito e tem sido uma experiência muito boa para a minha vida.
Terremoto: “Vi todo mundo correndo, chorando”
É uma coisa que eles estão acostumados no México. Com uma magnitude um pouco menor, claro. Sabem que pode acontecer e como proceder, mas dessa vez houve muito rumor que poderia ser o mais forte da história do México. Naquela semana, mandei minha esposa e filhos para o Brasil porque estava preocupado com essa situação. Assim que ela chegou no Brasil, aconteceu o terremoto aqui. É algo que não desejo para ninguém. Coisa de louco. Estava vendo TV e ela começou a pular em cima do móvel. O vídeo parecia que ia explodir. Não tive outra reação a não ser ficar debaixo de uma pilastra, que é o aconselhado. Vi todo mundo correndo, chorando. Fiquei um, dois dias sem dormir porque ficava com medo de acontecer um terremoto ainda pior. Depois, graças a Deus, normalizou, ficou tranquilo. Mas foi horrível, terrível. Quis largar tudo e voltar para o Brasil. Depois normalizou, a família voltou para cá e está tudo normal
Salário atrasado no México
Passei por algumas dificuldades, sim. Quando recebi o contato de um representante para o projeto no México, um clube novo começando. Tinha desejos pessoais que me encaixaria perfeitamente no clube. Levei tudo isso em consideração. No início, tive bastante dificuldade com idioma, comida. Pensei em voltar ao Brasil. Quando cheguei, o clube tinha uma estrutura completamente inferior ao que imaginava. Dificuldade imensa. Dois meses sem receber, pois o clube estava começando e não tinha recurso. Hoje tudo mudou. O clube é um dos mais visados, tudo organizado, visibilidade boa. Meus filhos vieram mais tarde também e isso me ajudou. Com eles bem instalado, tudo passou a melhorar. Gosto de viver aqui, tranquilo
Precaução evitou drama
Como estava saindo pela primeira vez do Brasil e não sabia o que de fato aconteceria, eu me preparei bem. Cheguei lá com umas economias para me garantir, me programei para estar pronto para qualquer adversidade que pudesse encontrar. Deu para tirar de letra. Tenho um relacionamento sincero e verdadeiro com o presidente. Ele, na época, pediu para esperar e confiar. Fiz isso e agora deu tudo certo. Sempre cumpriram com o que prometeram. A amizade que se criou com o presidente é algo bem legal.
Como México melhorou seu futebol?
Marcar é uma coisa que sempre amei. Marcar e sair para jogar. No México melhorei ainda mais pela questão tática. Aprendi e melhorei muito nesse sentido. Minha característica segue a mesma, mas melhor e com mais conhecimento das posições também.
Futuro deve ser no México
Meu contrato vence agora em maio e tive uma rápida conversa com o presidente. Eles têm interesse em renovar por mais dois ou três anos. Não chegamos a conversar sobre valores ou algo mais concreto. Disseram apenas que tinha interesse. Não descarto também em voltar ao Brasil. Estou aberto a ouvir propostas que se encaixem com meus objetivos. Jogar um Brasileiro… Precisa conversar. Venho pensando nisso, voltar ao Brasil seria algo legal também. Vamos ver o que vai acontecer.
Fonte: UOL