A morte de 10 presos na Cadeia Pública de Itapajé, a 130 quilômetros de Fortaleza, é uma resposta à chacina que vitimou 14 pessoas no último sábado (27) na periferia de Fortaleza. A análise é do presidente do Conselho Penitenciário do Ceará (Copen), o advogado Cláudio Justa.
Saiba Mais
- Dez detentos morrem durante briga em cadeia pública no Ceará
- Polícia do Ceará identifica cinco suspeitos de participar de chacina
De acordo com ele, os dois eventos envolvem as facções criminosas Guardiões do Estado (GDE) e Comando Vermelho, que estão em conflito aberto, em que a primeira busca a conquista de territórios do tráfico de drogas na capital cearense.
“A chacina do bairro Cajazeiras foi o ápice de um processo que envolve outras ações. O GDE é local, não tem vinculação nacional, então tende a buscar a expansão na base da força. Por isso, faz atos de terror para amedrontar e afugentar”, descreve, referindo-se ao ataque de sábado promovido por homens armados, que atiraram contra as pessoas que estavam numa festa chamada Forró do Gago.
O assassinato dos 10 internos hoje, conforme ele, é a resposta do Comando Vermelho à chacina e demonstra a vulnerabilidade do sistema penitenciário. “Essa ação no presídio é reflexo do conflito instaurado nas ruas, mas não está sistêmico no estado porque houve a separação das facções nas unidades penitenciárias. No entanto, nas cadeias públicas, elas ficam no mesmo local. Existe uma deficiência tanto predial como de agentes penitenciários, que não conseguem fazer frente a esse tipo de conflito.”
Segundo Justa, a Secretaria da Justiça do Ceará (Sejus) deverá promover nova separação dos grupos rivais, desta vez remanejando internos para outras unidades. A secretaria disse em nota que a situação da cadeia pública foi estabilizada por agentes penitenciários e por policiais do município.
Edição: Davi Oliveira