Verdão agora terá de devolver valor investido pela parceira nas contratações; “dívida” é de R$ 120 milhões.
Anunciada como patrocinadora do Palmeiras em janeiro de 2015, a Crefisa logo mudou o status para “parceira” ao ajudar em algumas contratações. Foi assim com Barrios, Thiago Santos, Vitor Hugo, Fabiano, Guerra, Bruno Henrique, Dudu (50%), Borja, Deyverson e Lucas Lima, o único reforço de 2018 que contou com o aporte da empresa. No total, foram aproximadamente R$ 120 milhões investidos.
Pelo contrato original, a Crefisa adquiria propriedades de marketing e o clube realizava as contratações (sempre ficando dono dos direitos econômicos). O risco da operação ficava com a empresa, já que o Palmeiras só teria de devolver o valor investido em caso de venda empatada ou com lucro. Um eventual prejuízo ficaria com a Crefisa.
O modelo do negócio, no entanto, foi considerado irregular pela Receita Federal, que via a operação como um empréstimo, não como despesa da Crefisa (a cobrança de impostos seria diferente). Em função disso, o órgão aplicou uma multa de R$ 30 milhões pelas negociações de 2016, e a Crefisa se antecipou e pagou uma multa de R$ 80 milhões pelas operações de 2017.
Para adequar a parceria ao formato considerado “legal” pela Receita, Palmeiras e Crefisa atualizaram o contrato. A partir de agora, mas contando todas negociações passadas, o clube terá de devolver o valor de cada contratação, mesmo se tiver prejuízo. Exemplo: Borja foi adquirido por R$ 32 milhões. Se o clube vender o colombiano R$ 20 milhões, terá de devolver em até 2 anos R$ 12 milhões à Crefisa. Em caso de lucro, o valor fica com o Verdão.
“É um compromisso futuro, sim, mas é uma dívida coberta. Nós temos o ativo, que são os jogadores. Então, essa é uma operação casada, porque o Palmeiras devolve o dinheiro assim que vender os atletas. Na verdade, isso já era contemplado no contrato anterior” disse o presidente Maurício Galiotte, minimizando a “dívida” de R$ 120 milhões que surgiu do dia para a noite.
De acordo com o presidente, o Palmeiras hoje encontra-se numa situação financeira confortável caso tenha que devolver algum valor à Crefisa: “Se a mudança em termos contratuais tiver algum impacto, o Palmeiras está em uma situação bastante confortável e tem prazo suficiente. É uma operação casada. Então, temos o ativo, que é o atleta, que é a garantia de toda a operação” explicou.