Talentoso atacante, Felipe logo ganhou o apelido de Tigrão. O sucesso no Botafogo foi imediato, mas a curta trajetória foi interrompida por uma série de grave lesões no joelho. O assunto mexe com ele até hoje. As dificuldades físicas forçaram uma migração no futebol, de dentro para fora das quatro linhas. Em vez dos chutes a gols e o apelido felino, Felipe investiu horas e mais horas de estudo e adotou o sobrenome Conceição para virar técnico de futebol.
Ainda quando jogador, Felipe virou Tigrão devido a uma brincadeira do então companheiro Donizete Pantera. A dupla de ataque era sinônimo de gols, mas o corpo do jovem atacante não resistiu. Lesões após lesões, ele perdeu espaço e a oportunidade de escrever sua história no futebol.
O assunto é delicado e mexe com o emocional de Felipe até hoje. É comum ver seus olhos se encherem de lágrimas ao recordar o período de lesões. Com o passar dos anos e sem resolver os problemas, ele tomou a decisão de iniciar uma nova profissão: a de treinador de futebol. Foram muitos livros e cursos até se formar e iniciar a carreira no São Gonçalo. Logo chamou a atenção do Botafogo e voltou para casa, em 2015.
A trajetória no Botafogo, agora como treinador, se iniciou no time sub-17. Logo no primeiro ano, quando comandou Matheus Fernandes, Bochecha e Luis Henrique, teve grande campanha na Copa do Brasil da categoria – acabou com o vice-campeonato. O bom trabalho fez com que fosse integrado à comissão técnica permanente do profissional do Alvinegro, em 2016.
Como auxiliar de Jair Ventura, tinha participação ativa no dia a dia. Era um dos responsáveis pelo treinamento defensivo da equipe, uma das principais virtudes do Botafogo naquele período. Felipe, porém, tem visão semelhante, mas não igual à do ex-treinador.
O forte sistema defensivo ainda faz parte das prioridades, mas ele busca um maior equilíbrio entre os setores. Se com Jair o Botafogo preferia ficar sem a bola para responder nos contra-ataques, hoje o Alvinegro tem como objetivo propor o jogo. E para isso precisa ter a redonda nos pés.
Além disso, o discurso é diferente. Se Jair dava a entender que fazia o que podia com o que tinha na mão, Felipe Conceição sempre que pode faz elogios ao elenco do Botafogo. Bem verdade que com a chegada de Anderson Barros no Lugar de Antônio Lopes fez com que o Alvinegro tivesse outra postura no mercado e contratasse jogadores na lista de desejos do novo treinador.
Outra diferença é na postura. Enquanto Jair ostentava força e excesso de confiança, Felipe mostra serenidade, o que muitas vezes pode ser confundida com insegurança e timidez.
O fato é que o Botafogo de Felipe Conceição vem adquirindo uma nova cara e apresentando clara evolução rodada após rodada. Se os dois primeiros jogos o sentimento era de pessimismo, hoje é de esperança de um futuro melhor.
Fonte: UOL