Amparado pelo estádio Nilton Santos, o Botafogo dobrou o seu faturamento com o “dia do jogo” – o matchday, como dizem os europeus – na temporada de 2017. As receitas com bilheterias e sócios-torcedores saltaram de R$ 10,7 milhões registrados no ano retrasado para R$ 21,3 milhões. E isso com uma estratégia de preços baixos que distingue o clube alvinegro.
A direção do Botafogo complementou com cálculos próprios um estudo feito pelo Itaú BBA, na figura do superintendente de crédito Cesar Grafietti, que originalmente não tinha levado em consideração os números botafoguenses, para chegar à conclusão de que o seu estádio é um dos mais acessíveis do futebol brasileiro. O Flamengo aparece no outro extremo. O levantamento foi feito pelo coordenador de marketing, Pedro Souto, e pelo coordenador de business intelligence, Carlos Eduardo Moura.
O “Sou Botafogo”, programa de associação alvinegro, tem o plano mais barato entre outros oito clubes analisados previamente pelo Itaú BBA. A modalidade mais em conta custa R$ 387 no ano, enquanto os flamenguistas precisam desembolsar pelo menos R$ 5.323 anuais para entrar na modalidade mais barata do “Nação Rubro-Negra”, o programa do Flamengo.
Em outro indicador, o custo da entrada inteira para passar pela catraca, só o São Paulo cobra preços mais baixos de seus torcedores do que o Botafogo. O são-paulino precisa de R$ 1.117 para assistir a todas as partidas da temporada, enquanto o botafoguense gasta R$ 1.190. No outro extremo, de novo, o Flamengo aparece com um custo mínimo de R$ 6.551.
Resta a pergunta mais importante da análise sobre os programas de associação: a quantas partidas alguém precisa assistir para que os descontos concedidos na compra de ingressos tornem o plano financeiramente vantajoso? O Itaú chamou esse ponto “break even”. E o Botafogo é de novo o mais em conta, com 11 jogos até que o seu torcedor chegue ao “break even”, enquanto o associado do Flamengo precisa ir a 35 para a sua associação valer a pena.
Apesar do entrevero com o Flamengo no aluguel do Nilton Santos para a realização de jogos que não o envolvem, o Botafogo tem se destacado na gestão do estádio. A personalização das arquibancadas, seguida pela agressiva estratégia na precificação dos ingressos, tem permitido que o clube aumente sua média de público e seu rendimento financeiro ao mesmo tempo em que cobra menos dos torcedores. A relação “ganha-ganha” nem sempre acontece no futebol.
Fonte: O Globo Online