Lidar com a morte é uma tarefa diária de Neuza de Moura Oliveira, 42 anos. A técnica em necropsia é servidora pública há sete anos na Perícia Oficial e Identificação Técnica (Politec), em Alta Floresta (a 800 km de Cuiabá). Cada corpo que abre para análise é diferente e o amor a profissão a torna uma pessoa centrada no trabalho. Ela aprende com cada experiência e não se sente uma pessoa ‘fria’ pelo fato de lidar com pessoas mortas. “Com o passar do tempo desenvolvi o valor a vida e as pessoas. Sinto que tenho uma obrigação social com essas pessoas. O mais difícil de lidar é quando o corpo é de mulher e criança. Mas quando saio daqui esqueço tudo o que vi e nada fica na memória”.
Neuza explica que a função de um técnico em necropsia é abrir um cadáver, mexer em todos os órgãos, retirá-los caso seja necessário e fechar o corpo. Enquanto isso, o médico legista ou patologista faz as análises para concluir o laudo e as causas da morte. “Considero uma profissão diferente, muitas pessoas têm curiosidade em saber como funciona”. Por ter trabalhado como técnica em enfermagem por sete anos antes de assumir o cargo de técnico em necropsia, ela não teve muita dificuldade.
Neuza é natural de Chopinzinho (PR), casada e mãe de dois filhos, graduada em Ciências Contábeis com especialização em Gestão Ambiental Sustentável, mora em uma chácara e ocupa o seu tempo fora do trabalho com a pratica de atividades físicas e com a lida da terra.
Rotina
Neuza explica que também desenvolve trabalhos administrativos e junto com dois médicos legistas atendem à demanda de sete municípios da região. Ela ainda destaca os três tipos de necropsia: em caso de mortes violentas (acidente, suicídio ou homicídio) é feita a perícia do IML; quando a pessoa morre sem causas aparentes é feito o Serviço de Verificação de Óbito (SVO). Também é feita a “necropsia da escola”, quando um paciente morre por alguma doença e os médicos decidem estudar as causas do falecimento, caso a família autorize.
Após o exame necroscópico e feita a identificação técnica das vítimas, o corpo é liberado para aos familiares, e em casos de vítimas não identificadas, o corpo fica acondicionado em câmara fria no IML pelo período de 30 dias. Após este período são realizadas coletas de material genético para futura identificação por exame de DNA, se houver procura por familiares, e somente após estes tramites o cadáver é liberado para sepultamento na condição de vítima não identificada.