O presidente do Tribunal de Justiça Desportiva do Futebol do Rio, Marcelo Jucá Barros, autorizou a abertura de inquérito para apurar se houve infração disciplinar no clássico entre Flamengo e Botafogo no último dia 3. Na ocasião, o atacante Vinícius Júnior foi expulso por uma falta dura no zagueiro Igor Rabello. Imagens da partida mostraram uma torcedora botafoguense chamar o jogador de “neguinho safado”.
A Procuradoria de Justiça Desportiva do TJD-RJ pediu a investigação sobre a infração durante o jogo no Estádio Nilton Santos. O presidente da Corte nomeou, por sorteio, o auditor processante Antonio Ricardo Correa e deu 15 dias para a conclusão do trabalho, que pode ter o prazo estendido por mais duas semanas.
No âmbito esportivo, o Botafogo pode ser enquadrado no artigo 253-G do Código Brasileiro de Justiça Desportiva, que o responsabiliza pela atitude preconceituosa dos seus torcedores. As câmeras do canal de TV “Sportv” flagraram o momento em que Vinicius Júnior era xingado por vários torcedores, inclusive pela mulher. Pela leitura labial, é possível compreender nitidamente as ofensas feitas ao camisa 20. Nas redes sociais, os rubro-negros compartilharam as imagens e recriminaram o ato de racismo sofrido pelo jovem jogador.
Após sair do banco de reservas na vitória do Flamengo por 1 a 0, o atacante ficou apenas dez minutos em campo. Ele chegou atrasado em dividida com Igor Rabello e foi expulso pelo juiz João Batista de Arruda direto, sem sequer receber o cartão amarelo.
No Instagram Stories, o atacante escreveu frase de motivação após a expulsão e a ofensa. “Não se dê por derrotado e siga adiante”, apelou, junto a uma carinha triste.
Na ocasião, o Flamengo emitiu nota de repúdio à ofensa racial da torcedora. “O drible tem que ser no ódio. A pedalada é pra cima da discriminação. A rabiscada é pra cima dos preconceituosos. E o cartão vermelho é para os racistas infiltrados no futebol e em toda a nossa sociedade”, destacou o clube.
Racismo em 2017
A família de Vinicius Júnior já havia sido alvo de racismo por parte de um torcedor do Botafogo em 16 de agosto do ano passado. Naquele clássico, o acusado foi detido pela Polícia Militar após ofender os parentes do jogador, que assistiam ao jogo nas arquibancadas. O alvinegro fazia sinais apontando para o braço e gritava “tudo macaco”.
Flagrado por câmeras, o torcedor foi levado ao Juizado Especial Criminal (Jecrim) do estádio e conduzido à Cidade da Polícia, mas ganhou a liberdade horas depois.
Fonte: Extra Online