A paixão pelo futebol começou cedo. As cabeças das bonecas aos seus olhos eram bolas perfeitas. Foi assim, superando todas as dificuldades impostas pela vida, que Sisleide Lima, ou simplesmente Sissi, marcou seu nome na história da Seleção Brasileira ao conquistar o Sul-Americano de 1995, em Uberlândia (MG).
Ao assistir o pai e o irmão jogando em campos espalhados pelo interior da Bahia, veio a vontade de praticar o esporte. A resistência em relação ao futebol feminino, comum à época, também aconteceu nos primeiros anos da sua caminhada, mas não durou muito tempo. Aos oito anos ganhou sua primeira bola e aos 14 já jogava numa equipe profissional.
– Foi engraçado, porque meu pai queria que meu irmão se tornasse um jogador de verdade, mas ele acabou seguindo outro rumo. E aos poucos meu pai foi percebendo que eu tinha talento e que era possível ver sua filha virar uma jogadora.
E assim foi. Em 1988, o sonho de vestir a amarelinha se realizou e em 1995 ela conquistou o título do Sul-Americano como artilheira do torneio com 12 gols. Fora a surpresa da artilharia, o público também foi um espetáculo a parte nas arquibancadas do Estádio João Havelange.
– Ser artilheira daquele Sul-Americano foi inacreditável. Eu não era de fazer muitos gols, ficava mais na parte da criação só que naquele ano as oportunidades apareceram e fui feliz em converte-las. Mas o mais legal era balançar as redes e poder comemorar com o torcedor que nos apoiou do início ao fim.
A segunda edição do Sul-Americano contou com a participação de cinco seleções: além do Brasil, Argentina, Chile, Equador e Bolívia também estavam na briga pela taça. Sem grandes problemas, a Canarinho chegou a decisão justamente contra as argentinas. A rivalidade histórica aumentou a importância do duelo.
– Ganhar da Argentina foi especial. Fora a rivalidade das duas seleções, as argentinas eram as nossas grandes adversárias naquela edição. Foi um jogo muito marcante. Mas com a união e foco daquele grupo ninguém tiraria o título de nós.
A saudade e o orgulho daquela época são constantes. Mas seu caso com futebol é antigo e duradouro. Hoje, além de ser treinadora nos Estados Unidos, ela ainda joga em ligas semi profissionais. A Seleção Brasileira também continua na rotina e a ex-meia da Canarinho promete que vai estar na torcida durante a Copa América – antigo Sul-Americano – e ainda dá umas dicas para quem vai em busca da sétima taça do torneio:
– O foco e união em prol de um mesmo objetivo são fundamentais. Unindo isso ao talento e experiência da nossa Seleção, temos grandes chances de chegar a mais um título. E para quem busca a artilharia meu conselho é treinar muito e finalizar com confiança. Quem não gosta de fazer gols, né? – finalizou.
A Seleção Brasileira Feminina inicia na próxima quinta-feira (5), diante da Argentina, a disputa da Copa América do Chile. A equipe do técnico Vadão vai em busca do sétimo título da competição, antes conhecida como Sul-Americano. E, para relembrar as seis conquistas do Brasil (91, 95, 98, 2003, 2010 e 2014), o site da CBF conversou com personagens que fizeram parte da história da Canarinho no torneio.