O Departamento de Futebol de Base do Santos FC, dirigido pelo gerente executivo Marco Antônio Maturana, realizou um encontro entre os bicampeões mundiais Pepe, Coutinho e Lima com a delegação Sub-17 do Clube, que disputará o Mundial de Clubes da categoria a partir da próxima segunda-feira (28), na cidade de Madrid, na Espanha.
Os três ídolos eternos convidados para o evento marcaram gols em final de Mundial. Em 19 de setembro de 1962, dia do primeiro confronto da final intercontinental, realizado no estádio do Maracanã, Coutinho marcou o segundo gol santista, na vitória sobre o Benfica por 3 a 2. E no jogo de volta realizado em 11 de outubro do mesmo ano, Coutinho foi o autor do terceiro gol do Peixe, na vitória sobre os portugueses por 5 a 2.
“Fico muito feliz em ser mais uma vez homenageado por este feito. Desta vez é algo diferente, pois estes meninos precisam entender o que é usar essa camisa maravilhosa reconhecida pelo mundo a fora. Mas sinto uma energia boa nestes meninos”, confessou Coutinho, que também falou um pouco da importância do coletivo: “minha parceria como o Rei deu certo, porque não existia na época o querer ser maior do que o time, todos nós éramos Santos FC. Quando ele ou eu recebíamos uma bola em situação de ataque, a sintonia era direta: quem estivesse em melhor condição para fazer o gol, recebia e fazia. Não tinha essa do ‘eu, isso eu aquilo’. Se o Gilmar batesse um tiro de meta e fizesse o gol, era gol do Santos FC, e naquele grupo isso que importava”.
Conhecido por ser versátil, podendo jogar em outras posições além da volância, Lima ganhou o apelido de “o Coringa da Vila” justamente pelo fato de no jogo de baralho, passatempo preferido da maioria dos jogadores de futebol daquela época, existir uma carta como esse nome que tinha o conceito de neutralidade e podia assumir a posição ou o valor de outras, lembrando seu papel no esquadrão comandado pelo técnico Lula. Em 14 de novembro de 1963, partida de volta da edição do Mundial, no Maracanã, onde o Santos FC precisava vencer o Milan por dois gols de diferença, Lima foi o autor do terceiro gol santista, o gol da virada, na noite em que o Peixe devolveu o mesmo placar aos italianos do jogo de ida (4 a 2) e forçou assim a realização de um terceiro jogo.
“Foi uma noite que para gente não acaba nunca! Aliás estamos aqui para compartilhar com esses garotos momentos que foram imortalizados, tanto até hoje somos lembrados por esses grandes feitos. Tenho certeza absoluta que eles podem também conquistar grandes façanhas como a camisa do Santos FC. Eu conheço esse time, conheço o Luciano, e posso dizer que essa equipe é vencedora. Com certeza representarão bem as cores do Santos FC em Madrid. Estamos torcendo por isso”, comentou Lima.
‘Maior humano’ da história do Santos FC, José Macia Nogueira Júnior, o Pepe, também teve seu papel vital naquela decisão contra o Milan, em 1963: marcou dois gols de falta, na vitória por 4 a 2 contra os italianos. “É muito bom poder contar um pouco da minha experiência em Mundiais para os meninos. Hoje pude falar sobre o Mundial de 1963 para eles. Foram três jogos para decidir aquele campeonato, mas o segundo foi o mais emocionante. Aquele que fizemos no Maracanã, para quase 150 mil pessoas. Eles jogavam muito e havíamos perdido o primeiro jogo na Itália por 4 a 2. Mas sabíamos que, no Brasil, podíamos decidir. Ficamos concentrados no Maracanã por uma semana, respirando aquele jogo. Até que chegou o grande dia. Começamos perdendo por 2 a 0, até que começou a chover. Uma chuva divina. Veio o segundo tempo e viramos para 4 a 2. Eu fiz dois, o primeiro e o quarto. O Almir fez outro e o Lima mais um. Foi o dia mais feliz da minha vida! Bom poder falar sobre ele. Desejo a todos os meninos uma excelente competição, e que tragam mais esse caneco aqui para a Vila Belmiro”, desejou o eterno Canhão da Vila.
Gerente executivo do Departamento de Futebol de Base do Peixe, Marco Maturana não escondeu a emoção após ouvir os ídolos eternos e suas experiências. “Eu costumo dizer que o futebol jamais seria o que é se não fosse pela existência do Santos Futebol Clube. O futebol era apenas mais um esporte competitivo, mas esses heróis transformaram a maneira de praticá-lo. Para eles não bastava apenas colocar a bola dentro da baliza… a forma como ela era colocada dentro do gol era artística! Essa integração dos nossos atletas de base com nossos ídolos eternos acontecerá com muito mais frequência. Não será apenas como o Sub-17, que agora participará desta importante competição, mas com todas as categorias, seja do futsal como do Sub-11 ao Sub-23. Somos referência mundial e precisamos usufruir disso! Nós somos Santos FC! Somo diferentes! Temos grandes exemplos para nos espelhar”, declarou.
O meia atacante Renyer Luan de Oliveira Damasceno, de apenas 14 anos, é o jogador mais novo da delegação que disputará o Mundial, e não escondeu a alegria de receber esta oportunidade. “Muito feliz ´por ser chamado pelo professor Luciano para fazer parte do grupo que disputará um torneio importante como esse. No início do mês fui convocado para a seleção brasileira Sub-15 pela primeira vez, aconteceu de a convocação ser bem nesse período onde estamos nos preparando para o Mundial… foi uma escolha muito difícil, mas poder servir ao Santos FC em uma competição como essa pesou. Agradeço muito a Deus por essa oportunidade. Agora e trabalhar, se dedicar ao máximo, que com certeza dará tudo certo pra gente”, disse Renyer.
O jogador também comentou sobre a integração com os grandes ídolos. “Foi muito legal essa iniciativa. Fiquei surpreso e bem emocionado. Sou do Rio, cheguei aqui no clube no Sub-11… sempre esbarrava pelo Sr. Lima aqui na base, sabia que ele era ídolo, mas não sabia desses detalhes do bimundial do Santos FC. O cara ganhou tudo e é essa humildade em pessoa. Se eu já era fã dele, hoje com certeza sou mais ainda. Quem sabe eu possa ser o novo “Coringa da Vila”!, brincou Renyer.
Já o técnico Luciano Santos, comandante do Sub-17 do Santos FC, falou da importância do evento realizado na Vila Belmiro. “Eu não sei como agradecer ao Presidente José Carlos Peres e ao gerente Maturana quanto a essa experiência. Foi realmente emocionante não só para os atletas, mas para todos nós que aqui estivemos presentes. Comissão técnica, pessoal da comunicação… até os eternos ídolos saíram daqui emocionados. A grandeza do Santos FC é algo que, por mais que tentamos, não conseguimos explicar. Parabéns ao Santos FC pela iniciativa! E o que eu posso garantir ao torcedor santista é que iremos honrar este manto. Vamos mostrar nosso DNA ofensivo! Vamos competir nos entregando ao máximo e, se Deus quiser, trazer essa conquista para Santos FC”, finalizou o comandante.
(Texto: Maikon Camargo / Edição: Bruno Secco / Fotos: Pedro Ernesto Guerra Azevedo)