Marcando presença em inúmeros clássicos da televisão como “Sinhá Moça”, “A Grande Família” e “I Love Paraisópolis”, o ator e dublador Danton Mello é cada vez mais referência no meio artístico.
Mostrou seu rosto pela primeira vez em 1985 como o personagem Carlos Eduardo na novela “A Gata Comeu” do diretor Herval Rossano. Notabilizou-se por trabalhos como “Vale Tudo” (1988), “Tieta” (1989) e “A Viagem” (1994).
Em 1995, foi selecionado para integrar o elenco da primeira temporada de “Malhação”, na época dirigida por Roberto Talma (1949 – 2015). Três anos depois também veio a minissérie “Hilda Furacão”, interpretando o personagem Roberto, seguido por “Torre de Babel” no mesmo ano.
A partir da novela “Terra Nostra” em 1999, seus trabalhos mais marcantes foram: “Cabocla” (2004), “Sinhá Moça” (2006), “Casos e Acasos” (2008), “Caminho das Índias” (2009), “Tempos Modernos (2010), “Tá no Ar: A TV na TV” (2014), e “I Love Paraisópolis” em 2015.
Atualmente ele pode ser visto na novela “Deus Salve O Rei” como o Conselheiro Gregório, que marca a sua 21ª novela.
Você iniciou sua vida artística ainda menino. Qual foi a reação de sua família sobre sua opção de ser ator?
Na verdade comecei muito cedo (risos) e nem foi uma escolha minha. Iniciei minha carreira em São Paulo, a gente estava em um programa de calouros infantil – minha mãe levou o Selton. Ele queria muito ir e fomos – lá conhecemos uma senhora que tinha uma agência de elenco infantil e convidou a gente. Então, nossas vidas começaram assim (risos) a gente não escolheu e eu como meu irmão sempre tivemos apoio dos nossos pais. Eles perceberam que a gente fazia aquilo com alegria, que gostava, que estávamos felizes e sempre apoiaram a gente, sempre incentivaram e estamos aqui até hoje graça aos nossos pais. Eles que se desdobram para levar a gente para todos os comerciais e tudo que a gente fez em São Paulo e depois a mudança para o Rio de Janeiro – Selton fez uma novela em 84 – onde em 1985 fiz meu primeiro trabalho na televisão a novela “A Gata Comeu”. Graça aos nossos pais (o apoio deles) estamos aqui até hoje.
Como é sua relação com seu irmão Selton? Vocês acompanham e aconselham o trabalho um do outro?
A melhor possível, nos falamos bastante. Trocamos muitas ideias, conversamos muito, não só sobre trabalho, mas sobre vida também. Valorizo muito isso e passo isso para as minhas filhas também a importância do companheirismo.
Tendo começado muito cedo na TV, sua percepção sobre a indústria da dramaturgia mudou ao longo do tempo?
Não. Na verdade, cresci trabalhando, cresci nesse meio e universo tão mágico que é contar história – que é a profissão do artista – e percebi ao longo dos anos como eu gosto e como me sinto realizado contando histórias seja na televisão, no teatro ou no cinema. E minha percepção continua a mesma de que é o que amo e aprendi a fazer. E espero fazer pelo resto da minha vida.
Quais os atores que te inspiraram durante sua trajetória?
Nossa, muitos! (risos) A minha escola foi o trabalho, eu não tenho teoria, cresci trabalhando, então, essa foi minha grande escola. Se pegarmos todos os trabalhos que já fiz hoje mais de vinte novelas, quinze filmes, quinze peças ao longo da minha vida fui aprendendo e observado todos com quem trabalhei. Claro que alguns a gente tem mais afinidades, relação, mais admiração, mas é difícil citar um nome. Minha vida foi e é assim; continuo atento a tudo e a todos.
Na arte da interpretação, qual o veículo lhe dá mais prazer? Como é lidar com mídias tão diferentes?
Sinceramente eu gosto de fazer um pouco de cada. Não dá para escolher um só meio por que são muitos diferentes teatro, cinema e televisão. Eu fico muito orgulhoso de olhar pra trás e ver minha trajetória, ver minha história de que eu ando por todas elas. Minha carreira é bem equilibrada entre televisão (fiz um pouco mais), comecei no teatro, no cinema um pouco mais tarde (já adolescente) e tento intercalar todas elas. O importante é fazer um pouco de cada por que são bem diferentes e são todas muitos poderosas.
O que você mais gosta no processo de fazer um filme?
Não só de filme, mas de televisão e teatro também é construções de um personagem. Você realmente pensar em quem você vai viver (dá a vida) porque o nosso trabalho é isso. A gente vive outras vidas. Então isso que acho legal a gente como ator tem que ser muito observador da vida no geral porque o processo de criação de um personagem tudo é elemento para você usar. Então essa construção, pensamento, pesquisa (busca) de quem você vai entender o universo do seu personagem, se colocar e viver a vida dele é muito bacana.
Acredita que o teatro seja capaz dar sustento a um ator?
Sim, conheço bastante gente que vive do teatro e é possível! O artista vive de teatro, de televisão, de cinema me considero privilegiado por ser um contratado de uma das maiores empresas de televisão do mundo, mas também fiz por merecer. Comecei ali pequeno, sempre me dediquei muito sou um cara que aprendi vendo meus colegas como exemplo (grandes atores). A importância de ser profissional, ou de ser dedicado, de ser humilde, então, não estou aqui por um acaso. Eu fiz por merecer, mas batalhei, cresci, arrisquei, aprendi, errei, comecei de novo e a cada trabalho é um aprendizado e tento melhorar a cada novo trabalho. Mas a vida de artista é uma vida difícil a gente nunca sabe quando teremos um trabalho, quando vai ter sucesso ou não.
Você tem filhas adolescentes, quais ensinamentos considera mais importantes transmitir a elas?
O que transmito para minhas filhas é a importância da relação de parceria, de transparência, e de diálogo no geral.
Fala-se muito em referências para a composição de um personagem. Qual dos seus personagens lhe deu mais prazer em compor?
Nossa! Pergunta difícil essa (risos). Todos me deram prazer e orgulho, e marcaram um
momento da minha carreira como a “A Gata Comeu” que foi a minha primeira novela, “Malhação” que foi o meu primeiro protagonista – um personagem que me levou para um outro lugar e pude mostrar que poderia fazer papeis grandes e que tinha deixado de ser criança; além dos filmes e espetáculos que fiz.
Como foi a preparação para viver o Conselheiro Gregório na novela “Deus Salve o Rei”?
Não tive tempo para preparação, foi tudo muito rápido. Recebi o convite eu estava terminando de rodar o filme sobre o “Arigó” – faltando uns cinco ou seis dias – em Minas quando o diretor geral da novela Luciano Sabino me ligou para fazer o convite. Na hora fiquei surpreso, mas feliz até por que não espera entrar em uma novela agora. Voltei pro Rio, tive dois dias e já comecei a gravar, foi no susto, mas um susto muito feliz por que a novela é muito bonita, temos um elenco e uma equipe muito entrosada, uma turma incrível e que me receberam muito bem.
Já tem planos para depois da novela?
Depois da novela Deus Salve O Rei – Rede Globo – sigo com as gravações de mais um filme – história da Hebe Camargo. Começamos a rodar no final de junho e iremos até início de agosto – com Mauricio Farias, Andrea Beltrão fazendo a Hebe, e irei interpretar o Claudio Pessutti que é sobrinho e empresário dela. Muito legal esse projeto e poder contar a história de uma mulher tão fantástica, forte, guerreira e especial. De outubro a fevereiro também rodamos uma série pra Globo sobre ela. Na verdade, esse é mais um projeto de filme e série da Globo. E junto com a série da Hebe que gravo de outubro a fevereiro, gravo a sexta temporada do “Ta No Ar” que tem direção do Mauricio Farias também. Então, até janeiro e fevereiro de 2019 eu felizmente já tenho bastante trabalho. Enfim, é o que amo fazer e fico feliz em ter essa quantidade de trabalho pela frente.