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- Artigo do secretário da Educação, Felipe Camarão
Desde a tenra idade, a cultura do Maranhão sempre me interessou. Além de gostar, meus pais me estimularam a conhecer e a vivenciar a cultura do nosso Estado – frequentei arraiais, acompanhei o bumba-meu-boi e as demais manifestações culturais, que só existem por aqui. Na juventude, eu e meus amigos da escola tínhamos o costume de acompanhar o Boi da Maioba, cujo batalhão tive o privilégio de acompanhar em vários arraiais, alguns até amanheci; isso há quase duas décadas, vejam, há algum tempo (risos).
Essas experiências me fizeram compreender a grandeza do São João do Maranhão, que vai muito além de uma festa junina. É uma manifestação cultural riquíssima, que possui uma longa história, um consolidado fundamento, tornando-o digno de respeito e veneração por todos nós. Hoje, me sinto feliz porque há muitas pessoas que estão descobrindo o valor e beleza das nossas festas juninas. E isso significa mais valorização da cultura e da história do povo maranhense.
Embora envolva o cunho cultural, histórico e de religiosidade, o festejo junino não está atrelado a uma religião específica, mas é uma manifestação profunda e popular, resultando em uma exuberante festa que, neste ano, teve a maior visibilidade de toda a história, com reconhecimento fora do país, e a aprovação de 98% do público que frequentou a festa, de acordo com a pesquisa realizada pelo Instituto Interpreta nos arraiais da capital.
O governo Flávio Dino estabeleceu um calendário cultural, com investimentos garantidos, por parte do Governo do Estado que, também, implicam retorno para a sociedade, seja do ponto de vista cultural, social, educativo, mas, também, econômico, gerando renda para milhares de pessoas e fomentando um conjunto de atividades da chamada economia criativa, com a comercialização formal e informal de produtos simbólicos da nossa rica cultura, presentes na culinária, nas indumentárias, decoração dos arraiais, na difusão midiática, com as mais lindas fotografias do Centro Histórico e suas bandeirinhas, que ganharam o mundo com as belíssimas imagens de elementos das tradições culturais maranhenses e muito mais.
Com efeito, em se tratando de tradições, vale destacar o encontro dos bois no dia de São Pedro, que já ocorre há 79 anos e que começou no Desterro, mudando depois para a famosa capela da Madre Deus, conforme relatos do amigo confrade escritor, jornalista e pesquisador Herbert de Jesus Santos, que nasceu atrás da primeira capela. Filho de um dos pescadores que deram origem ao festejo e neto da primeira zeladora da igreja, Herbert conta como acontecia a festa: “havia, inclusive, atrações que não temos hoje, quanto leilão de prendas, queima de fogos mais bonitos, quanto os da imagem de São Pedro, e a ronqueira, um artefato de madeira e um pequeno canhão, que detonava bucha e pólvora para o Rio Bacanga, e batizados”.
Neste ano, as redes sociais, chamaram a atenção para a festa – tradicionalmente organizada pela comunidade, populares, devotos e brincantes – registrando a presença massiva de pessoas das diferentes classes sociais, inclusive média e alta, que se aglomeraram no Largo e prestigiaram o evento a noite toda, entrando pela manhã do dia seguinte.
É incontestável que isso decorreu do imenso sucesso deste São João, que começou com a decoração do Centro Histórico, na temporada pré-junina e culminou com o arraial do Ipem – tão bem organizado sob a maestria do governador Flávio Dino e a talentosa equipe da SECMA, então comandada pelo amigo Diego Galdino, a quem desejo muito êxito na nova missão de comandar a Secretaria de Governo; também, almejo o mesmo sucesso ao amigo Anderson Lindoso, que assumiu a pasta da Cultura e, certamente, envidará todo o seu talento para enaltecer ainda mais nossas tradições culturais.
Estou convicto do legado que o governador Flávio Dino está deixando na Cultura, e isso tem impacto direto na educação do povo maranhense, uma vez que resgata as manifestações culturais da nossa gente e, sobretudo, empodera as próximas gerações sobre importância da cultura.
Quando estive secretário da pasta (entre agosto de 2015 a janeiro de 2016), escrevi algumas coisas sobre as várias interfaces que há entre educação e cultura. Uma das constatações que obtive é que o ambiente escolar, como espaço socializador, incorpora diversas manifestações, através do ensino formal nos variados componentes curriculares – História, Geografia, Filosofia, Sociologia e Arte, que demonstram a presença da cultura na formação da sociedade, com as tradições herdadas de nossos ancestrais, por exemplo.
Darcy Ribeiro realçou, certa vez, que: “[…] cultura é a herança social de uma comunidade humana, representada pelo acervo coparticipado de modos padronizados de adaptação à natureza para o provimento da subsistência, de normas e instituições reguladoras das reações sociais e de corpos de saber, de valores e de crenças com que explicam sua experiência, exprimem sua criatividade artística e se motivam para ação”. Em outras palavras, é impossível pensar no processo educativo, na formação cidadão, sem cultura, sem esse conjunto de saberes, que devem ser perpassados aos estudantes dentro das nossas escolas, no processo de formação de um indivíduo crítico e consciente de seu papel na sociedade.
No Governo do Maranhão, temos uma política de fomento e apoio a projetos que contribuem para a integração escola e iniciativas nas comunidades, como é o caso do “Com Ciência Cultural”, por exemplo, fruto da parceria das Secretarias de Educação, de Ciência e Tecnologia e FAPEMA. Por meio dessa ação, projetos artísticos e culturais nas escolas recebem até R$ 15 mil para o desenvolvimento de atividades, nas áreas de tradição oral, patrimônio material e imaterial, memória e identidade, cultura digital, afro-brasileira e indígena, economia criativa, etc. Uma ação democrática, que possibilita a articulação professor, artistas independentes, coletivos culturais, mestres, poetas, artesãos, entre outros.
O governo Flávio Dino compreende que a educação e a cultura são, além de indissociáveis, campos preponderantes para o desenvolvimento e melhoria da vida do povo do Maranhão.
Viva a cultura do Maranhão! Viva a educação!
Felipe Costa Camarão Professor Secretário de Estado da Educação Membro da Academia Ludovicense de Letras e Sócio do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão
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