Parto humanizado na Maternidade Humberto Coutinho, em Colinas (Foto: Marcio Sampaio)
“É muito importante ser tratado como humano, a gente se sente uma pessoa especial. Porque, sinceramente, depois de tanta dor, ainda ser maltratado, é ruim. Mas aqui senti carinho. Só ver o rostinho da criança, sabendo que é um pedacinho da gente é bom demais. Não tem explicação”. O relato da doméstica Maria Sandra Alves de Sousa, 36 anos, resume a experiência de ser acolhida com respeito e profissionalismo na hora do parto na Maternidade Humberto Coutinho, em Colinas.
A unidade, inaugurada em setembro do ano passado pelo Governo do Estado, tem se destacado por respeitar o protagonismo das mulheres da região de saúde de São João dos Patos. Com uso de música, apoio emocional, estrutura acolhedora e tratamento profissional especializado, a maternidade tem colocado em prática os princípios da humanização do parto – o principal, respeitar os direitos e vontades da gestante.
Moradora de Paraibano, a 66 km de Colinas, Maria Sandra Alves de Sousa deu à luz de parto natural a Micael, no dia 12. Foram horas de trabalho de parto do terceiro filho, uma sensação que ela sequer lembrava, já que a filha mais nova, Giselly, tem 16 anos. Ela é mãe ainda de Matheus, de 18 anos. Os dois nascidos em outras cidades da região.
Maria Sandra sentiu a diferença no tratamento deste terceiro parto. “Me auxiliaram mais, fizeram massagem, tiveram mais paciência. Sem rebaixar os outros hospitais, que foram profissionais também. Me senti acolhida, com mais força, mais confiante”, relata a doméstica.
Ela conta que sentiu receio quando foi encaminhada para a unidade que não conhecia. “Mas quando cheguei aqui passou, pelo jeito que falaram comigo, o tratamento. A pessoa vai ficando confiante e perdendo o medo. Nem parece hospital público, é diferente. Aqui é tipo particular, quando você chega, eles lhe recebem bem. Me senti assim aqui. A população merece um hospital que acolha e trate bem, ninguém merece ser maltratado”, afirma.
Humanização do atendimento global
Parto humanizado não é um tipo de parto, mas sim um processo, que valoriza o protagonismo da mulher e suas escolhas. Um evento social, emocional, familiar e, para muitas, até espiritual.
“O parto humanizado é um avanço muito grande, é importantíssimo. Tivemos uma grande aceitação. Antes, marido não entrava, médico não queria. Hoje, está todo mundo conscientizado, funcionários e médicos estão adaptados. Houve uma mudança de visão”, salienta a diretora geral da maternidade, Maria de Lourdes Lopes.
Na Maternidade Humberto Coutinho, a humanização do parto inclui atender às escolhas e vontades da gestante, quanto ao uso de anestesia, posição do parto, uso de música ambiente, presença de acompanhante, contato pele a pele imediato após o parto. Bem como promover um ambiente acolhedor e que rompa com o isolamento imposto à mulher que vai ter um filho.
Um processo que pode ter início, inclusive, antes do parto, como na maternidade em Colinas, em que são oferecidas rodas de conversa para gestantes, no qual elas são esclarecidas sobre etapas da gestação, parto, amamentação, dentre outros assuntos.
“A gestante precisa conhecer seus direitos e entender o processo fisiológico do parto. Costumo dizer que o parto começa primeiro na cabeça. Se consigo trabalhar com esta gestante no pré-natal, ela chega aqui sabendo que ela tem liberdade para caminhar durante o parto, que pode tomar um suco, comer um biscoito, tomar um banho morno, que promove relaxamento. Com as rodas tornamos esse trabalho eficaz”, explica a coordenadora de Enfermagem, Danielle Silva.
Embora para a maioria das pessoas a humanização do parto se relacione mais ao parto vaginal, a unidade aplica o conceito ampliado, com o modelo humanizado estendido aos partos por cesárea. Assim como no parto normal, a gestante pode contar com a presença de acompanhante, além disso, se o bebê nasce com boa saúde na cesárea pode ir diretamente para a mãe caso ela também esteja em boas condições.
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