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Na história são-paulina, antes do lateral Juanfran, anunciado no sábado (3), apenas um outro jogador nascido na Espanha havia feito parte de elencos do clube: Fernando Carazo Castro, no distante ano de 1936.
Carazo nascera em La Coruña, no dia 6 de abril de 1904 e, com três anos de idade, desembarcou em Santos, vindo de Málaga, com toda a família. Ao que consta, mesmo chegando ao país com tão pouca idade, nunca obteve naturalidade brasileira.
Começou no futebol jogando na várzea, logo depois adentrando ao segundo escalão da capital paulista, em clubes como o Antarctica e o Linhas e Cabos. Em 1926, ingressou no Palestra Itália, onde, para uma maior identificação com os torcedores daquele time, teve o seu nome alterado para Carazzo (para parecer italiano). Foi com esse apelido que ficou conhecido por toda a imprensa local.
De 1927 a 1931, trocou de Palestra, passando a defender as cores do Palestra Itália de Belo Horizonte, atual Cruzeiro. Depois, regressou ao Palestra de São Paulo, onde permaneceu até 1934, quando assinou com o Espanha (atual Jabaquara), de Santos.
Foi nessa época, enquanto tinha contrato e passe fixado ao time do litoral, que Carazo defendeu o Tricolor. Em 1936, nos primeiros jogos do São Paulo após a reativação do clube, em 16 de dezembro de 1935, Carazo tomou parte no ataque tricolor, meramente “emprestado” pelo clube santista.
Ao que parece, o atleta havia sido dispensado do clube de colônia espanhola pouco tempo antes, em dezembro de 1935, e o jogador manifestou interesse de regressar à cidade de São Paulo. Imaginando que fosse obter o passe do jogador facilmente, o Tricolor pediu o registro do mesmo na Liga Paulista de Futebol, no dia 23 de janeiro de 1936. Mas o passe não veio e o clube obteve, apenas, o direito de escalar Carazo em amistosos.
Assim, no dia 25 de janeiro, o São Paulo venceu a Portuguesa Santista por 3 a 2 em amistoso realizado no Parque Antárctica. Foi de Carazo, de pênalti, o gol da vitória são-paulina. Ele havia marcado também o segundo gol do tricolor (o primeiro fora de Antoninho).
A atuação do jogador deve ter despertado novamente o interesse do Espanha, que, curiosamente, o reintegrou e o colocou para jogar com a camisa auri-vermelha no dia 2 de fevereiro, Em Santos, o time local empatou com o CA Paulista em 0 a 0, com a presença de Carazo na linha ofensiva.
Apesar do Espanha demandar muito dinheiro para liberar o passe de Carazo (Correio de S. Paulo, de 30 de janeiro de 1936), o Tricolor ainda contou com o jogar no segundo amistoso realizado contra a Portuguesa Santista, desta vez, em Santos, no dia 16 de fevereiro. O São Paulo venceu novamente, agora por 4 a 2, e sem gols de Carazo.
Foi a última partida dele pelo Tricolor. O clube, por meses, ainda tentou contratá-lo, e, ao visto, até obteve liberação do Espanha, mas algum problema com a Censura estatal (Correio Paulistano de 21 de junho de 1936), não esclarecido, o impediu de voltar a campo com as cores são-paulinas.
Carazo, então, partiu mais uma vez para Minas Gerais e jogou pelo Palestra Itália de 1936 a 1937 e de 1940 a 1942, e pelo Villa Nova, entre 1937 e 1940. Encerrou a carreira no Metalusina. De Barão de Cocais, ainda em 1942. Até hoje é o terceiro maior artilheiro estrangeiro da história do Cruzeiro, com 44 gols.
EUROPEUS NA HISTÓRIA DO TRICOLOR
Carazo, todavia, não foi o primeiro nem o último atleta nascido na Europa a jogar pelo São Paulo. O primeiro atleta desta categoria foi o goleiro húngaro José Lengyl, nos anos de 1933 e 1934.
As últimas atuações de europeus pelo Tricolor foram há mais de 50 anos. 52 anos, precisamente. Em 1967, o elenco são-paulino contava com um jogador português e outro cipriota.
O português Fernandes fez cinco partidas pelo clube, entre 1966 e 1967, a última, o empate contra o Santos em 1 a 1, no Pacaembu, pelo Robertão, no dia 1º de abril.
Cinco meses depois, no dia 23 de setembro, foi a vez de Abraham Ben Lou Lou, judeu nascido no Chipre e mais conhecido como “Alberto”, defender a meta são-paulina no amistoso contra o Selecionado de Serra Negra. Não foi vazado e o Tricolor venceu por 2 a 0. Esta fora a última partida do São Paulo com um atleta nascido no Velho Continente.
Veja a relação de jogadores europeus que defenderam o São Paulo:
CHIPRE – 1 jogador ALBERTO. Abraham Ben Lou LouGoleiro (23/09/1967)19/01/1948. Local de nascimento desconhecido, ChipreClube anterior: Categorias de base do São Paulo
ESPANHA – 2 jogadores CARAZO. Fernando Carazo CastroAtacante. (25/01/1936 – 16/02/1936)06/04/1904. La Coruña, EspanhaClube anterior: Espanha (atual Jabaquara)
JUANFRAN. Juan Francisco Torres BelénLateral-direito. (Desde 2019)09/01/1985. Crevillent, EspanhaClube anterior: Atlético de Madrid
HUNGRIA – 1 jogador JOSÉ LENGYL. Joseph LengyelGoleiro (14/05/1933 – 25/03/1934)01/03/1908. Local desconhecido, HungriaClube anterior: Juventus
PORTUGAL – 3 jogadores AZAMBUJA. Antônio Ferreira D’AzambujaMeia (25/08/1946 a 09/10/1949)10/11/1925. Carapinheira do Campo, PortugalClube anterior: Categorias de base do São PauloCampeão Paulista: 1949 FERNANDES. Antônio Augusto Fernandes MachadoAtacante (10/11/1966 – 01/04/1967)28/08/1947. Vimioso, PortugalClube anterior: Categorias de base do São Paulo MELLO. Laurentino MelloAtacante (1936)12/02/1906. Carpinheira do Campo, Portugal*Nunca jogou oficialmente uma partida pelo clube.
REPÚBLICA TCHECA – 1 jogador CHAFRANEK. František ŠafránekLateral direito (24/06/1964)02/01/1931. Praha, então TchecoslováquiaClube anterior: Dukla Praha*Atuou somente em uma única partida numa excursão ao exterior, por falta de jogadores do plantel em condições de atuar. Fora cedido pelo Dukla Praha.
ROMÊNIA – 2 jogadores DE MARIA. Constantin Jorgov de MariaAtacante (30/05/1951 – 19/11/1951)16/09/1923. Galita, RomêniaClube anterior: XV de Piracicaba ZACLIS. Waldemar ZaclisVolante (09/10/1939 – 06/03/1943)24/04/1918. Telenasti, RomêniaClube anterior: Categorias de baseCampeão Paulista: 1943
UCRÂNIA – 1 jogador CHEMP. Eugênio ChempAtacante (29/11/36 – 31/07/1941)18/02/1916. Kiev, UcrâniaClube anterior: Albion (SP)
Agradecimentos: Cláudio Antônio (Cruzeiro EC) e Thiago SoraggiFontes: O Palestra e os Palestrinos, de Alexandre Horta e Sérgio Santos Rodrigues; Cruzeiropedia. Correio de S. Paulo. Correio Paulistano.
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