A Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU), órgão vinculado à Secretaria de Estado da Habitação, desenvolveu um sistema de reaproveitamento de água da chuva que gera economia de até 16,3% por ano no consumo dos moradores. É o que mostram os estudos iniciais de um projeto-piloto, implantado em 2019 em um dos conjuntos habitacionais da companhia na cidade de São Sebastião, no litoral do Estado.
O sistema reutiliza a água da chuva para uso exclusivo na descarga em vaso sanitário. Não prevê, portanto, consumo humano. O recurso é captado no telhado, por meio de calhas e condutores, passa por um filtro e é armazenado em um reservatório de 240 litros instalado na área externa da casa, conectado às caixas de descarga dos sanitários.
Praticidade
Tudo acontece por gravidade, não sendo necessário o uso de bombas ou outros mecanismos complexos. Durante os períodos de estiagem, um sistema de boia libera automaticamente a entrada de água da rede de abastecimento para manter o nível do reservatório. Se o volume de chuva for excessivo, a água sai por um extravasor (“ladrão”). O morador não precisa fazer nada para garantir o pleno funcionamento do sistema.
Outra característica do desenho exclusivo do reservatório é não apresentar torneiras, como a maioria dos produtos existentes no mercado. Dessa forma, o sistema é “blindado”, impedindo o manuseio pelo usuário para eventuais outros usos e minimizando o risco de consumo por crianças ou animais.
“Aprendemos, em projetos anteriores, que o comportamento do usuário influencia diretamente nos resultados. Dessa forma, imaginamos que o sistema blindado garantirá melhor performance no aproveitamento de água”, diz Sílvio Vasconcellos, diretor de Planejamento e Projetos da CDHU.
Economia
O sistema foi desenvolvido levando-se em consideração uma moradia ocupada por quatro pessoas que acionam a descarga vinte vezes por dia. As bacias sanitárias econômicas instaladas nos conjuntos da CDHU utilizam seis litros a cada descarga.
Assim, o consumo total é de 120 litros por dia, sendo que o reservatório dá conta de dois dias de uso. Para encher o reservatório são necessários 14 milímetros de chuva, incluindo no cálculo 2 milímetros para descarte inicial.
Comparando-se o consumo de água das casas que tiveram o sistema implantado com o de outras residências com a mesma ocupação que não contam com reaproveitamento da água de chuva, constatou-se uma economia média de 16,30% do total da água fornecida pela Concessionária, entre janeiro e dezembro de 2019.
Além das vantagens econômicas, o sistema traz ganhos ambientais e sociais, já que diminui o fornecimento de água e permite que o dinheiro seja direcionado para outras necessidades da família, inclusive o pagamento das prestações da casa própria.
“Agora que o projeto piloto demonstrou ter muitas vantagens, estamos estudando meios de ampliar a sua instalação em outros conjuntos habitacionais da CDHU”, diz o secretário de Habitação, Flávio Amary.