DownloadDivulgação/Secretaria de Agricultura e Abastecimento
Em celebração ao Dia do Citricultor, comemorado na última segunda-feira (8), a Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado destaca as várias iniciativas ligadas aos produtores de São Paulo.
“O citricultor é apaixonado! Muitos saíram do setor por questões econômicas, mas muitas famílias continuam batalhando”, salienta Dirceu de Mattos Junior, diretor do Centro de Citricultura do Instituto Agronômico (IAC), vinculado à pasta.
Vale ressaltar que a data é lembrada desde 1969 no território paulista. Em 51 anos, o setor passou por grandes transformações e o citricultor viu a produtividade dos pomares dobrar, passando de menos de 20 toneladas, por hectare, para as atuais 40 toneladas.
Para cada uma das pressões vivenciadas ao longo das décadas, a ciência, em parceria com o setor de produção, gerou respostas que contribuíram para alavancar esse segmento econômico, que representa 54% da produção brasileira de frutas.
A ideia de Mattos é confirmada por quem cresceu nos pomares. Antonio Carlos Simoneti, citricultor e presidente da Associação Brasileira de Citros de Mesa (ABCM), trabalha nos pomares desde os seus sete anos. “Ser citricultor é uma paixão, herdei de família e peguei gosto, tem momentos difíceis, tem momentos de glória, tem problemas com o clima”, conta o produtor, que, aos 42 anos, comenta que a próxima safra deverá ter perdas de 30% em razão da falta de chuva e de temperaturas elevadas, que impactam nas floradas e, consequentemente, no sabor do suco.
Consumo
Por outro lado, o citricultor comenta que a pandemia de COVID-19 incentivou o consumo de laranja e também da tangerina Ponkan, que está em plena safra. “Tem altos e baixos, mas ganhamos mais do que perdemos, é o que a gente sabe fazer”, assevera o citricultor, que adota novas tecnologias de irrigação e adensamento e participa do Projeto Citricultura Nota 10, do Centro de Citricultura do IAC.
Antonio Simoneti adota tecnologias do Instituto Agronômico, entre elas, cultivares de laranja Pera, tangerinas e já tem instalado um pomar com a IAC Maria, a primeira tangerina 100% nacional.
O produtor é a quarta geração da família de citricultores. Junto de seu pai, Luís Carlos Simoneti, e de duas irmãs agrônomas, ele conta que cuida de 600 mil pés de citros de mesa, distribuídos por seis áreas em Aguaí, interior paulista, e Minduri, no Sul de Minas Gerais. O citricultor relata que as frutas destinadas ao mercado in natura exigem elevado padrão de qualidade. Tangerinas, por exemplo, não podem bater e amassar.
“Já trabalhei em todos os elos da cadeia de produção: no balcão do packing do meu pai, tive box na Ceagesp em São Paulo por cinco anos, trabalhei na roça e faço parte da indústria”, resume. A decisão de deixar a venda no box foi motivada pelo objetivo de produzir qualidade no campo.
Produção
Com essa meta, de segunda a sábado, ele se divide entre os pomares paulistas e mineiros, distantes 360 quilômetros. No total, Simoneti produz, por ano, 700 mil caixas de laranjas, tangerinas e limões, que seguem para vários outros Estados. “A citricultura é a cultura que mais gera riqueza no município, que mais gera empregos, por hectare”, afirma, ao comentar o manejo manual das espécies.
A diretora do Instituto de Economia Agrícola (IEA-APTA), Priscilla Rocha Silva Fagundes, confirma a informação. “As cidades em nosso Estado em que os citricultores se dedicam a trabalhar com afinco têm os melhores índices de desenvolvimento humano. O citricultor leva qualidade de vida à sua região, emprega muita gente, leva o nome do estado de São Paulo para todo o planeta como maior produtor mundial da fruta. Isso é para poucos”, destaca.
São Paulo tem 465 mil hectares com pomares de citros, distribuídos em 9,845 propriedades. Nessa área, 395 mil hectares são de laranja, onde são produzidas 350 milhões de caixas da fruta. O consumo interno varia entre 50 milhões e 100 milhões de caixas e o restante segue para exportação.
“São Paulo responde por 76% da produção brasileira de citros e 34% da produção mundial de laranja, esse setor gera 200 mil empregos diretos e indiretos, não nos faltam motivos para cumprimentar a dedicação e a competência dos citricultores diariamente, em especial neste 8 de junho”, diz o secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado, Gustavo Junqueira.
Culturas
José Jaime Alves de Azevedo, pequeno citricultor de Mogi Mirim, no interior paulista, já dedica 46 anos da sua vida à citricultura. Trabalhava com o pai com outras culturas e ao se casar, aos 22 anos, passou a cuidar do próprio pomar. “Devia ter ingressado na citricultura antes, mas achava que demorava muito pra começar a produzir”, lembra.
Atualmente, com 68 anos, ele trabalha sozinho no cultivo de laranja e lima ácida Tahiti, em uma área de aproximadamente 12 hectares. Na sua propriedade outros quatro hectares são ocupados por reserva ambiental e represa. José Jaime faz todo o manejo do pomar sozinho e ao vender a produção, a colheita fica por conta do comprador. A produção segue para o mercado de fruta fresca. Entre os compradores, dois terços adquirem os produtos todo ano.
O cuidado com o ambiente é mencionado por Gilberto Tozatti, consultor do Grupo de Consultores em Citros (GCONCI). “Citricultor, profissional da linha de frente responsável pela produção e qualidade de nossas frutas cítricas; consumida in natura ou na forma de suco como alimento natural, fonte de vitamina C, que em tempos de pandemia vem contribuindo para o aumento da imunidade de nossa sociedade. Seu trabalho e suor traz prosperidade e contribui para a sustentabilidade econômica de nosso país. A sua preocupação em preservar as áreas de reserva natural é exemplo para o mundo”, diz Tozatti.
O diretor do IAC, Marcos Antonio Machado, comenta que dias comemorativos, como o Dia do Citricultor, instituído por iniciativa da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, representam oportunidades para lembrar o esforço de gerações, que há mais de um século tornam esse setor um dos mais importantes do Brasil.
“Parabéns aos citricultores. Continuem abraçando seus pomares como membros de suas famílias. Dedicação, competitividade e fé em seu negócio são os fatores de sucesso do citricultor paulista”, diz.