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Durante a primeira reunião anual do projeto AquaVitae, que seria realizada no Brasil e ocorreu virtualmente por causa da pandemia de COVID-19, a Universidade Estadual Paulista (Unesp) apresentou três dos mais de 100 novos protótipos exibidos pelos participantes do empreendimento a pesquisadores e produtores do setor aquícola dos países banhados pelo Oceano Atlântico.
As três frentes principais desenvolvidas pela Unesp são a elaboração de um modelo de cultivo integrado orgânico envolvendo macroalgas, camarões marinhos e ostras nativas, para aumentar a eficiência, produtividade e lucratividade da maricultura no Brasil, também de uma tecnologia de produção de pirarucu e tambaqui e, por último, o desenvolvimento de uma metodologia para avaliação da sustentabilidade e dos serviços ambientais da aquicultura no âmbito dos países do Oceano Atlântico.
“Esse projeto representa a primeira ação de um acordo que o Brasil negociou com a União Europeia ao longo de quase quatro anos, via Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), que culminou com a assinatura do Belem Statement on Atlantic Research and Innovation Cooperation [Declaração de Belém sobre Cooperação Atlântica em Pesquisa e Inovação], em 2017”, afirma o professor Wagner Valenti, coordenador do grupo da Unesp no AquaVitae, ao Portal da Unesp.
“Para nós, da Unesp, é uma grande oportunidade para interagir com pesquisadores da Suécia, Noruega, França, Reino Unido, Alemanha, Espanha, Portugal, EUA, Canadá, África do Sul, além de outros países que integram esse consórcio internacional. Também, há a promoção da integração entre o setor produtivo com centros de pesquisas, estendendo essa relação para além-mar”, completa o docente.
Cooperação
A Unesp sempre esteve representada durante as rodadas de negociação dessa cooperação. Inclusive esteve presente, representada pelo professor Wagner Valenti, junto com a delegação brasileira, na cerimônia de assinatura da Declaração de Belém pelo então ministro Gilberto Kassab sobre Cooperação Atlântica em Pesquisa e Inovação, no dia 13 de julho de 2017, em Lisboa, Portugal, entre a União Europeia, a África do Sul e o Brasil.
Os outros participantes do grupo da Unesp são os professores doutores Sérgio Batlouni (coordenador executivo do Centro de Aquicultura da Unesp – Caunesp), Patricia Moraes Valenti, Alessandra Augusto, Tania M. Costa, Ivan Nunes, Guilherme Wolff Bueno, além dos pos-doutorandos Dallas Lee Flickinger e Laiza Silva, das doutorandas Stefany de Alemeida e Andressa da Mota e da Mestranda Mayara Palmas (todos alunos do Caunesp).
Já o suporte operacional é dado pela assessora de projetos da Assessoria de Relações Externas (Arex) da Unesp, Patricia Spadaro. As ações da Unesp no AquaVitae podem ser acompanhadas por meio do seguinte endereço eletrônico https://www.instagram.com/aquavitaeh2020_unesp/.
O Projeto AquaVitae é financiado pelo Programa Horizon 2020, da União Europeia, que destinou 8 milhões de euros, aproximadamente R$ 50 milhões, para desenvolvimento de soluções sustentáveis para aquicultura em países do Oceano Atlântico.
Conferência virtual
A reunião anual ocorreria originalmente em Florianópolis. Contudo, devido à pandemia de COVID-19, os 80 participantes de 16 países tiveram que se reunir virtualmente na conferência chamada AquaVitae H2020 1st Online Meeting.
A conferência durou três dias e incluiu um workshop com stakeholders brasileiros, cujo objetivo era apoiar um aumento nas colaborações de pesquisa e setor privado tanto na Europa como no Brasil.
“Tivemos uma excelente discussão e destacamos tópicos importantes para serem tomados como base para desenvolver relações mais próximas entre as indústrias aquícolas do Brasil e da Europa,” disse Eric Routledge, chefe de Pesquisa na Embrapa Pesca e Aquicultura, ao Portal da Unesp.
Os participantes foram a Associação Brasileira de Piscicultura (PeixeBR), a Associação Brasileira de Criadores de Camarão (ABCC), a Secretaria de Aquicultura e Pesca do Ministério da Agricultura (SAP/MAPA), o Ministério de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), a Comissão Nacional de Agricultura (CNA), a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP) a Associação Brasileira de Aquicultura e Biologia Aquática (Aquabio), que representou os pesquisadores em aquicultura do Brasil, representante das empresas produtoras de rações e vários produtores aquícolas.
Pela Europa, participaram tomadores de decisão, membros do projeto e das plataformas DG Research and Innovation, European Aquaculture Technology and Innovation Platform (EATiP), AANChOR, BlueEco Net e Innovation Norway, que apresentaram como diferentes soluções para apoiar a colaboração entre a comunidade científica e o setor produtivo vem sendo desenvolvidas na Europa. A reunião também contou com representantes do setor aquícola da África do Sul.
Estudos de caso
O AquaVitae possui vários estudos de caso conduzidos no Brasil, incluindo sistemas de cultivo integrado (Integrated Multitrophic Aquaculture – IMTA) em sistemas de viveiros e de bioflocos, espécies de peixes de água doce (pirarucu e tambaqui) e marinhas (linguado).
Além disso, outros estudos de caso utilizando ostras, rações e algas também têm parte de suas etapas realizadas no Brasil. A colaboração é apoiada pelos centros de pesquisa brasileiros, universidades e empresas participantes do consórcio AquaVitae listados a seguir: Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Universidade Federal do Rio Grande (FURG), Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Unesp e a empresa de aquicultura orgânica Primar Aquacultura Ltda.
Inovação na aquicultura
A missão do projeto AquaVitae é introduzir novas espécies, além de novos produtos e processos nas cadeias de valor da aquicultura marinha e de água doce nos países banhados pelo Oceano Atlântico.
Trinta e cinco parceiros da indústria e da pesquisa, de 16 diferentes países espalhados por quatro continentes, fazem parte do projeto. Além de países europeus, protótipos para a indústria estão sendo desenvolvidos em outros países, como Brasil e África do Sul.
“Ao longo dos próximos 24 meses, os protótipos serão avaliados quanto a sua capacidade de satisfazer as necessidades, demandas e segurança dos consumidores, além de critérios como sustentabilidade ambiental e viabilidade econômica”, diz Philip James, coordenador geral do projeto, ao Portal da Unesp.
Philip James acredita ainda que este processo ajudará a garantir a viabilidade e o sucesso de novas espécies, processos e produtos que constituirão os resultados do projeto. Mais informações podem ser obtidas pelo site https://aquavitaeproject.eu/.