Uma das principais ações desenvolvidas pela Universidade de São Paulo no combate à pandemia é a Rede USP para o Diagnóstico da COVID-19 (Rudic), que realiza testes moleculares do tipo qRT-PCR para a detecção do novo coronavírus, causador da doença.
Na região de Pirassununga, dois laboratórios da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos (FZEA), que já tinham condições técnicas e a qualificação de biossegurança necessária (NB2) para trabalhar com o novo coronavírus, redirecionaram os esforços para formar uma força-tarefa, em parceria com a Prefeitura, para a realização dos testes de diagnóstico.
Coordenado pelos professores Heidge Fukumasu, Helena Lage Ferreira e Juliano Coelho da Silveira, o grupo formado por docentes, funcionários, alunos de pós-graduação, pós-doutorandos e pesquisadores voluntários começou a realizar os testes no dia 9 de abril.
Companhias
Para esse início, foi fundamental o apoio de cinco empresas que doaram, principalmente, material de higienização e equipamentos de proteção individual para os laboratórios: Vetnil, Suiaves, Indústria de Bebidas Pirassununga, IKA do Brasil e Boehringer Ingelheim.
“Nesse tipo de atividade, utilizamos muitos equipamentos de proteção individual [EPIs] e outros materiais para a manutenção do nível de segurança adequado para realização dos testes. Essas doações são essenciais, especialmente porque houve um aumento substancial nos preços desses materiais por causa da epidemia”, explica o professor Heidge Fukumasu.
Nesses três meses de trabalho, o grupo já realizou mais de 3.500 testes moleculares do tipo qRT-PCR. Além da cidade de Pirassununga, os laboratórios atendem a outras 14 cidades da região e também recebem amostras encaminhadas pela Plataforma de Laboratórios para Diagnóstico de COVID-19 do Estado de São Paulo.
“A atuação da USP no interior do Estado tem sido essencial no combate à pandemia. Com o diagnóstico, as pessoas são isoladas e diminui a chance de contágio. Em Pirassununga, por exemplo, temos feito os testes desde o início da pandemia e a ação rápida da vigilância epidemiológica foi fundamental para que os números de internações e óbitos fossem menores aqui do que em cidades vizinhas. Nosso trabalho tem, de fato, ajudado a salvar vidas”, ressaltou Fukumasu.
Rede USP
A Rede USP para o Diagnóstico da COVID-19 (Rudic) foi criada em 19 de março, por iniciativa da reitoria, para alinhar as diversas iniciativas de pesquisadores da Universidade que buscavam uma solução para a dificuldade de realização de testes da doença.
Composta de laboratórios da USP credenciados pelo Instituto Adolfo Lutz para auxiliarem na realização dos testes, a Rudic é organizada em seis núcleos: Bauru, Ribeirão Preto, Pirassununga, Piracicaba e dois na capital (Cidade Universitária e Quadrilátero da Saúde).
A proposta é atuar em duas vertentes: na prestação de serviços, integrando a Plataforma de Laboratórios para Diagnóstico de COVID-19 do Estado de São Paulo, coordenada pelo Instituto Butantan, e na pesquisa e inovação, sugerindo ou produzindo insumos e novas propostas de testes diagnósticos.
Além da realização de testes moleculares tipo qRT-PCR, algumas equipes da Rudic também foram selecionadas para realizar os testes de validação dos insumos recebidos.
“Os testes moleculares por qRT-PCR se baseiam na detecção, por reação de PCR em tempo real, do material genético do vírus e, consequentemente, permitem a identificação de indivíduos portadores do SARS-CoV-2, sendo considerado o teste de padrão ouro. Essa informação é crucial, particularmente neste momento, para o enfrentamento da epidemia”, explica o coordenador da Rede, Roger Chammas.
Os núcleos do interior também atendem à demanda de testes da Secretaria de Estado da Saúde e das Prefeituras locais, além dos testes encaminhados pela Plataforma de Laboratórios.