Odir Cunha, do Centro de Memória
Pepe, O Canhão da Vila, não foi apenas o ponta-esquerda que marcou mais gols na história do futebol – 403 pelo Santos e 22 pela Seleção Brasileira. Sua extrema esportividade, a ponto de jamais ser expulso de campo, lhe valeu o Prêmio Belfort Duarte, entregue no dia 21 de setembro de 1967.
Oferecido de 1946 a 1981, o prêmio era uma medalha de prata em homenagem ao jogador profissional que passasse dez anos, e no mínimo 200 partidas, sem ser expulso. Pepe conseguiu essa proeza mesmo depois de jogar 790 partidas – 750 pelo Santos e 40 pela Seleção Brasileira.
Marcado às vezes com violência, o ponta nunca reagiu. Jogava para a vitória e para marcar gols. Com exceção de Pelé, apenas dois jogadores marcaram mais gols do que ele por um único clube: Roberto Dinamite, com 620 gols pelo Vasco da Gama, e Zico, 500 gols pelo Flamengo.
Um ano antes de Pepe, em 1966, o goleiro Gylmar dos Santos Neves já tinha se tornado o primeiro santista a receber o prêmio. Em 1955 o premiado foi Carlos Castilho, goleiro do Fluminense, que em 1984 se tornaria técnico campeão paulista pelo Santos.
O nome do prêmio é uma homenagem ao atleta e dirigente João Evangelista Belfort Duarte. Nascido em São Luís do Maranhão, em 27 de novembro de 1883, Belfort Duarte estudou em São Paulo, trabalhou no Rio de Janeiro e nessas duas cidades se destacou pela dedicação a clubes como Mackenzie e América.
Reconhecido pelo seu espírito esportivo, Belfort Duarte era o primeiro a erguer o braço quando cometia uma falta, e também não suportava a indisciplina de seus companheiros. Como dirigente, é reconhecido como o mais importante da história do América carioca.
Uma curiosidade sobre esse outrora cobiçado prêmio recebido pelos santistas Pepe e Gylmar, é que ele também era entregue a jogadores amadores, que em vez de prata recebiam uma medalha de ouro.