Paulo Alvarenga explica o papel do lider na construção de um bom ambiente de trabalho e na motivação da equipe
Segundo levantamento da consultoria de recrutamento Michael Page com candidatos a vagas de emprego, oito em cada dez profissionais pedem demissão por causa do líder. o escritor e especialista em ambientes psicologicamente saudáveis, Paulo Alvarenga diz que um líder tóxico acaba desmotivando toda equipe. Ele acaba gerando um ambiente com poucos resultados dos seus subordinados.
“A grande questão de um ambiente tóxico é que ela é gerada por uma liderança tóxica, autocrática, um líder controlador, extremamente exigente, agressivo. Quando ele faz isso, nós temos um ambiente organizacional com pouca segurança psicológica. Aí a gente consegue observar uma maior resistência para implementar mudanças, baixa flexibilidade das pessoas, sobrecarrega sobre as pessoas que estão engajadas, porque os líderes só confiam nelas, aí automaticamente vão ficando desengajadas porque perdem a motivação de tanta sobrecarga. É um ambiente com demora de tomada de decisão, porque as pessoas tem medo de serem elas mesmas. É um ambiente com tendência à pouca cooperação, uma vez que as pessoas estão buscando sua sobrevivência com esse controle, esse medo excessivo nesses ambientes. E quando as pessoas não conseguem ser elas mesma é isso que acontece, gera um baixo nível de engajamento e com pouco resultado.
O desafio é grande porque a gente não trabalha para organização, trabalha para o líder. Ele é responsável diretamente e indiretamente pela nossa qualidade de vida quanto colaboradores. O desafio é criar uma bolha de excelência com outros colaboradores, ou seja, não deixar os seus comportamentos serem movidos pela direção do líder, e sim a partir dessa massa crítica criada por seus pares, a gente consegue fazer uma mudança em vários lugares. Faça o que você tem que fazer, foque naquilo que você acredita, sem bater de frente, sendo uma pessoa que consiga fazer a leitura desse comportamento do seu líder, provavelmente ele é uma pessoa assim porque tem medo. É uma forma de você olhar, de fazer essa leitura, conduzi-lo e liderar o seu líder. A gente deveria passar muito mais tempo liderando nós mesmos e nosso líder do que qualquer outra coisa. A gente consegue isso fazendo a leitura do cenário, do ambiente, entregando seu resultado e não dando tanto poder ao ambiente. Um ponto importante: existem valores que são negociáveis e valores que são inegociáveis. Se isso estiver ferindo seus valores, sua saúde psicológica, você tem que tomar uma decisão de um movimento diferente. Chega um ponto que não dá mais. Mas não é no primeiro desafio que a gente tem que jogar a toalha. É aquela história, a gente tem que fazer uma mudança interior, porque tem muita gente que quer mudar de ambiente para resolver o problema, ela vai encontrar os desafios em outro lugar. A partir dessa mudança interior você decide se quer ou não mudar de ambiente”, explica o profissional.
Alvarenga enfatiza que o medo do líder faz com que ele seja controlador e extremamente exigente.
“O que ele teme? Não ser bem-sucedido, não ser respeitado. Quando ele controla demais é que ele não tem confiança nele mesmo em um primeiro momento”.
Mostrar e entregar resultado aos poucos, pode fazer com que você estabeleça uma confiança com o seu líder, o que vai tirar o medo dele. Mas, segundo o especialista, se você deixar a insegurança do seu lider te contaminar, vai acabar errando.
“Se você deixar esse medo dele, que ele demonstra através do comportamento agressivo, exigente e controlador, você, provavelmente, vai errar. A gente vive em um mundo exponencial, da aceleração digital, que precisa trabalhar inovação. Em um ambiente que você tá buscando uma competência do profissional do futuro, que é inovação, não se permite errar, você vai fazer o medíocre, o básico. Lógico que a gente tem que acertar mais do que errar, mas em um primeiro momento quando está aprendendo algumas coisas você vai acabar errando mais, faz parte. Mas se você estabelecer uma confiança com seu líder e com pequenos avanços vai conseguir lidar com isso. Pare de ter medo do líder, e sim comece a ter compaixão. Quando você entende que o comportamento agressivo e controlador é porque ele tem medo, isso nos dá mais compaixão e nos conectamos mais. A gente consegue em um estado sem medo fluir muito mais”, destaca.
E quando erramos no nosso ambiente profissional, o que fazer?
“Temos que mudar nossa mentalidade. Ela é um código, é um pensamento: ‘Não existem erros, existem apenas resultados’. Qualquer resultado te aproxima ou distancia do seu objetivo. Se aproximou, continua fazendo nesse caminho. Se distanciou do seu objetivo, para e pergunta. O que posso aprender para fazer diferente. Mudança de mentalidade”, finaliza