O risco de faltar eletricidade voltou a preocupar o Brasil depois que o governo federal emitiu alerta de emergência hídrica. O ministro Bento Albuquerque (Minas e Energia) descarta a possibilidade de racionamento. Ele pede, no entanto, um uso “racional” por parte dos consumidores.
“Não trabalhamos com essa possibilidade [de racionamento] porque tudo indica que nós temos o controle da situação”, declarou o ministro em entrevista ao jornal O Globo publicada nesta 2ª feira (31.mai.2021).
O alerta de emergência hídrica foi emitido na última 6ª feira (28.mai) para região da bacia do Rio Paraná, que abrange 5 Estados: Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Paraná. Se estenderá de julho a setembro de 2021.
O alerta foi feito em meio à preocupação do governo federal com a disponibilidade hídrica e o impacto sobre o setor energético. Albuquerque afirmou no começo do mês que o país vive a pior crise hídrica desde 1931.
O ministro disse agora que espera “chegar ao fim do ano numa situação mais confortável” para que 2022 seja um ano “com tranquilidade e custo de energia mais baixo”.
A Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) vai adotar a bandeira vermelha 2 –a mais cara–como referência nas contas de energia elétrica de junho. Isso significa que, para cada 100 quilowatts-hora consumidos, é acrescido o valor de R$ 6,24 na conta de energia elétrica.
Segundo o ministro, o custo da energia é uma preocupação constante do governo. “A bandeira vermelha, que aumenta o custo da energia, é um sinalizador. O consumidor precisa fazer um uso mais racional da energia”, falou.
Não há, de acordo com Albuquerque, razão para que a população fique alarmada. “Essa crise hidrológica independe da nossa vontade, é um fenômeno da natureza. Mas a população pode ficar tranquila” disse.
“Nós estamos adotando todas as ações para que os impactos sejam os menores possíveis e para que nós possamos dar continuidade na retomada da atividade econômica. Nós temos todas as condições para passar por esse momento difícil com tranquilidade e reduzindo os impactos que possam haver para qualquer atividade social e econômica do país.”
Questionado se o governo federal não demorou a tomar uma atitude, o ministro disse que providências estão sendo tomadas desde outubro.
“Diversas ações foram implementadas como, por exemplo, importar energia da Argentina e do Uruguai”, afirmou.
Albuquerque declarou que, com o fim do período úmido, em abril, os reservatórios, em especial os das região Sudeste e Centro-Oeste, “a níveis pouco superiores ao que observamos em 2001 e 2015”.
Segundo ele, o governo quer preservar os reservatórios. “Com isso nós vamos despachar [usar] o máximo que nós pudermos em outras fontes de energia”, disse.
“Vamos utilizar o máximo que pudermos com outras fontes de energia. O que estamos fazendo é verificando todo o acervo disponível, particularmente as termelétricas, que podem ser a diesel, óleo combustível, gás natural e biomassa.”
O ministro descartou que a situação dos reservatórios tenha algum impacto no plano de privatizar a Eletrobras. “Uma coisa não tem nada a ver com a outra”, falou.
“A capitalização da Eletrobras pode contribuir muito para que no futuro não tenhamos esse tipo de problema. Uma das coisas que a capitalização da Eletrobras vai permitir são investimentos da ordem de R$ 9 bilhões na preservação das bacias hidrográficas. Isso é muito importante para o país, para as regiões onde esses recursos estão localizados, e esses investimentos vão permitir isso.”
Fonte:Poder 360