O pugilismo esteve em época áurea no Brasil entre os anos 50 e 70, quando um jovem de São Paulo despontou em cima dos ringues e conquistou o mundo. O nome dele todo são-paulinho conhece: Eder Jofre.
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Nascido em uma família de boxeadores no dia 26 de março de 1936, na Rua Seminário, na capital do estado, Eder conviveu com o esporte desde criança. Por volta dos quatro anos entrou num ringue pela primeira vez, para treinar com o tio Ricardo Zumbano. A primeira “luta-exibição” foi com a sua própria irmã, Lucrédia Jofre, em circos e academias paulistanas. “Era gozado. As luvas eram enormes, grandonas e vinham até o cotovelo da gente. Quer dizer, as luvas eram normais, nós é que éramos pequenos”, relembrou, Éder, em entrevista ao Arquivo Histórico do São Paulo, em 2011.
Éder Jofre tinha seis anos de idade quando o São Paulo comprou do Flamengo um de seus maiores ídolos: Leônidas da Silva. O menino atravessou os anos 40 acompanhando o tricolor: “Eu acho que nasci são-paulino”, assegurou ele, que ainda criança chegou a fazer exibições de boxe com o distintivo do São Paulo no calção. E foi no clube do seu coração que ele começou a carreira de boxeador, tendo como técnico o próprio pai, Kid Jofre. Como atleta são-paulino, ganhou os primeiros campeonatos paulista e brasileiro que disputou. Ao lado de um outro atleta do tricolor, Adhemar Ferreira da Silva, foi representar o Brasil nas Olimpíadas de 1956, em Melbourne, na Austrália.
A HISTÓRIA DO CAMPEÃO
Atento ao interesse do filho, Kid Jofre fez o primeiro contato para fazer dele um atleta do São Paulo, do qual era técnico de boxe. Kid comandou a conquista de mais de dez títulos consecutivos para o clube nos ringues. O pupilo Eder não decepcionaria. Pelo São Paulo, disputou e ganhou a primeira competição: o campeonato do Sesi. Foi bicampeão paulista e bicampeão brasileiro. O jovem boxeador vencia todos os seus combates, incluindo a importante “Taça Ramón Perdomo Platero”, disputada em quatro lutas contra o peleadores do Uruguai.
Com 1,64m de altura e sem passar dos 51 quilos, Eder Jofre era peso mosca por natureza. Com dedicação e treinamento, desenvolveu mais a musculatura e subiu de categoria, indo a peso-galo: 53,524 kg. E, na noite de 18 de novembro de 60, ele conquistou o título dos galos pela Associação Mundial de Boxe, ao nocautear o mexicano Eloy Sanches, numa luta emocionante, no Olympic Auditorium de Los Angeles. Diante de dez mil mexicanos e 400 brasileiros, Éder foi superior desde os primeiros instantes. Milhões de pessoas acompanharam a troca de golpes pelo rádio.
Em 1962, ele unificou os títulos mundiais da Associação Mundial de Boxe com a União Europeia de Boxe, o que lhe valeu – fato reconhecido posteriormente – um novo cinturão mundial: o segundo título mundial da carreira.
Até 18 de maio de 1965, Eder Jofre se manteve como campeão mundial dos galos. Foi quando em Nagoya, no Japão, perdeu título numa polêmica disputa contra Masahiko “Fighting” Harada, decidida por pontos. Toda a imprensa internacional que cobriu a luta denunciou que houve uma “patriotada” na decisão dos jurados.
Com problemas para manter o peso, Eder acabou subindo para a categoria pena, cujo limite era de 57,153 kg. Com a disciplina de sempre, sentia-se cada vez melhor. Realizou quatro combates em 1970, outros quatro em 1971 e cinco em 1972. Já era um veterano com quase vinte anos de carreira, afinal, estreara como amador em 15 de março de 1953.
Como peso pena ele venceu todas as lutas que disputou, até chegar a decisão do título mundial, no dia 5 de maio de 1973, em Brasília, contra o cubano naturalizado espanhol José Legrá. Poucos acreditavam na vitória do eterno “Galo de Ouro”. Legrá era campeão pelo CMB (Conselho Mundial de Boxe) e tinha dez centímetros a mais de envergadura 1,74m contra 1,64m.
Foi um grande combate. Na capital do Brasil, Eder tornou-se novamente campeão mundial de boxe, aos 36 anos. Depois, defendeu o título apenas uma vez, e venceu por nocaute, no quarto assalto, o mexicano Vicente Saldivar. Problemas entre os empresários do boxeador acabaram provocando a cassação do título em 17 de junho de 74. Éder Jofre foi obrigado a deixar os ringues, mas fez isso como campeão.
Parar por cima, no auge e ainda campeão é uma glória que poucos atletas tiveram. Depois de 23 anos dedicados ao boxe, com uma carreira profissional de 19 anos, em que acumulou um cartel de 78 lutas, 50 vitórias por nocaute, quatro empates e apenas duas derrotas, por pontos, Eder fez sua última luta no dia 08 de outubro de 1976. E foi aos 37 anos que ele encerrou o mais bonito capítulo da história do boxe brasileiro.
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Eder Jofre
O galinho de ouro Éder Jofre é o maior nome do boxe brasileiro. Campeão Mundial da AMB, dos pesos galos, em 1960. Unificado 1962 e novamente Campeão Mundial, agora como peso pena no CMB, em 1973. Condecorado o melhor peso galo de todos os tempos do CMB em 1983. Indicado ao Hall da Fama do boxe em 1992 e eleito o nono melhor pugilista dos últimos 50 anos pela Revista norte-Americana ‘The Ring’. Ao fim de sua carreira, seu cartel apresentava somente 2 derrotas – as duas nas controversas lutas contra o japonês Fighting Harada
Principais conquistas
- Campeonato Mundial (Peso Pena – Conselho Mundial de Boxe): 1973
- Campeonato Mundial Unificado (Peso Galo – Associação Mundial de Boxe e União Europeia de Boxe): 1962
- Campeonato Mundial (Peso Galo – Associação Mundial de Boxe): 1960
- Campeonato Latino-Americano: 1956
- Campeonato Sul-Americano (Peso Galo): 1960
- Campeonato Brasileiro (Peso Galo): 1958
- Forja dos Campeões (Amador): 1953