Exames e consultas de rotina nesse período são fundamentais na prevenção e detecção precoce de complicações e patologias na gravidez.
A realização do pré-natal é fundamental na prevenção e detecção precoce de complicações e patologias na gestação. Consultas periódicas com profissional de Obstetrícia permitem o desenvolvimento saudável do bebê e reduzem riscos para a gestante. O número de grávidas que fazem exames e consultas, no entanto, caiu nos últimos anos, mostrando que a conscientização sobre sua importância é ainda mais necessária.
De acordo com levantamento da Agência Tatu junto ao Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DataSUS), entre 2008 e 2021 houve uma redução de 74,46% no total de consultas pré-natais realizadas no Brasil, principalmente na Região Nordeste.
A média nacional de consultas pré-natais registrou seu maior número em 2014, com 16 atendimentos por parto. O quantitativo se manteve estável até começar a diminuir em 2016, atingindo 11 consultas por parto. A partir de 2019, a incidência passou a ser de três consultas por parto, permanecendo assim nos últimos dois anos.
Neste mesmo período (2008 a 2021), o Nordeste registrou uma redução de 90,27% no total de consultas pré-natais. A quantidade de nascimentos também passou por uma queda, mas de 27,02% — o que, segundo os órgãos competentes, não explica a diminuição no número de exames.
Ainda conforme o levantamento, em 2008 a média era de dez consultas por parto, chegando ao auge em 2013, com uma média de 17 consultas por parto. A partir de 2016, a média declinou a cada ano, atingindo uma consulta por parto em 2021. Vale lembrar que a orientação do Ministério da Saúde é que sejam feitas seis consultas por gestante no mínimo — sendo uma no primeiro trimestre da gravidez, duas no segundo e três no terceiro.
Problema estrutural
Conforme avaliação de Maria do Carmo Lopes Melo, integrante da Comissão Nacional Especializada em Doença Trofoblástica Gestacional da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), a falta de cobertura de equipes de Saúde da Família está relacionada à redução das consultas pré-natais no SUS.
Em entrevista à imprensa, ela acrescenta que alguns municípios não conseguem cobrir toda a sua população com essas equipes. Dessa forma, as grávidas têm dificuldade em ir para outra unidade fazer o pré-natal e seguem com a gestação sem assistência adequada.
Conscientização da sociedade
Além da necessidade de o poder público investir nessa questão estrutural para dar o suporte, é importante conscientizar as gestantes sobre a importância do pré-natal completo.
Na cidade de São Paulo (SP), por exemplo, a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) reforça a importância de que as grávidas realizem o acompanhamento médico regularmente e cuidem do bem-estar físico e mental.
Para tratar as pacientes, parte das Unidades Básicas de Saúde (UBS) promove Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (Pics) a partir do terceiro mês de gravidez. São oferecidas atividades como ginástica, meditação, auriculoterapia, alongamento, lian gong (prática corporal chinesa), caminhada, ventosas, acupuntura, moxa e reiki.
Entre as unidades participantes estão as UBSs da Rede de Atenção à Saúde (RAS) da Capela do Socorro em Parelheiros, na Zona Sul da capital. Segundo dados da SMS, até agosto deste ano cerca de 48 mil grávidas estavam recebendo a assistência na rede municipal de saúde.
Já em Alagoas — um dos estados que registrou a maior queda no número de gestantes que procuram as unidades de saúde para realizar o pré-natal —, diversos profissionais elaboraram campanhas para incentivar a procura por consultas e exames de rotina.
Em Santa Luzia do Norte, por exemplo, gestantes com 35 semanas ou mais ganham pinturas dos bebês no corpo como forma simbólica de registrar a despedida da barriga. O momento pôde ser dividido também com a família.
Em Maceió, um grupo de universitários promoveu um dia de princesa para as grávidas que fizeram o pré-natal corretamente. Elas receberam um book gestacional com direito à maquiagem e cabelo.
As mães são acompanhadas por uma equipe multidisciplinar no posto de saúde no bairro São Jorge. O projeto teve início a partir da necessidade de atrair mais grávidas para receber acompanhamento durante a gestação.
Importância do pré-natal
De acordo com o Ministério da Saúde, o pré-natal é importante porque permite identificar doenças presentes no organismo que já vinham evoluindo de maneira silenciosa, como diabetes, hipertensão arterial, anemias, sífilis e patologias do coração.
Esse diagnóstico permite que sejam tomadas medidas de tratamento para evitar maior prejuízo à mulher não apenas durante a gravidez, mas por toda a vida.
Além disso, os exames de rotina do pré-natal detectam problemas fetais, como malformações. O Ministério esclarece que, em fases iniciais, algumas delas permitem o tratamento intra-útero, capaz de proporcionar ao recém-nascido uma vida normal.
Ao longo das consultas, ainda são avaliados aspectos sobre a placenta, o que possibilita tratamento adequado. Caso ela esteja em localização indevida e não receba tratamento, pode provocar hemorragias graves com sérios riscos maternos.
O pré-natal também identifica a pré-eclâmpsia precocemente. Essa condição se caracteriza pela elevação da pressão arterial e comprometimento da função renal e cerebral, podendo levar a convulsões e coma. Segundo o Ministério, a patologia é uma das principais causas de mortalidade no Brasil.
Assim, o pré-natal prepara a mulher para a maternidade e fornece recomendações primordiais sobre cuidados com a criança (puericultura), hábitos de vida, higiene pré-natal e nutrição apropriada.