Ao som do berimbau, pandeiro e o atabaque a roda é formada, dando sinal que a capoeira vai começar. No centro da roda, duas crianças se posicionam para os primeiros passos. O toque de mão sinaliza o início da dança. Elas giram e chutam no ar em uma sequência de movimentos calculados.
Visando promover uma cultura de esporte e oportunidade para as comunidades com vulnerabilidade social, a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública do Estado Acre (Sejusp), por meio do Programa Acre Pela Vida, oferece aulas diárias de capoeira e funcional, no Centro Comunitário do Bairro Cidade do Povo.
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Para o jovem Deivison Souza Silva, de 16 anos, que está há oito anos na capoeira, o esporte que envolve música e dança é mais que socos e chutes no ar, vai além da diversão, é uma expressão cultural onde ele pode ser ele mesmo. “A capoeira é muito importante para mim. Ela representa a cultura de antigamente, da África, onde os escravizados usavam pra se defender e resistir a tudo que viviam. Eu sinto que estou dando continuidade a essa cultura, porque com a capoeira eu me sinto completo. Se eu pudesse voltar no tempo eu escolheria novamente a capoeira”, disse.
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A capoeira na vida de Eloá Cristiana Oliveira Nogueira, de apenas 12 anos, não é muito diferente da Deivison. Com poucos meses de aulas, a garota já sente que aquilo é seu caminho. “A capoeira hoje é muita coisa na minha vida, é onde minha mente descansa, é uma forma de me expressar. A capoeira foi meu primeiro contato com o esporte, e com ela eu encontrei”, destaca a adolescente que começou em dezembro de 2022.
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O coordenador do Acre pela Vida, coronel Atahualpa Batista Ribera, explica que essas atividades ofertadas na Cidade do Povo são necessárias e uma prioridade do programa da Sejusp. “Nós temos de conseguir colocar nas crianças e adolescentes a possibilidade de visualização de outras culturas, para que elas possam despertar o seu interesse, para inclusive melhorar sua renda dentro da sua família com as atividades esportivas”, disse.
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Em breve, com a recuperação de alguns espaços que já têm na Cidade do Povo, o coordenador destaca que serão oferecidas outras atividades, como escolinha de futebol, de vôlei, e outras artes marciais, além da capoeira, taekwondo, jiu jitsu. Isso só vai ser possível com a aquisição de alguns equipamentos e a contratação de alguns professores.