Foi uma verdadeira odisseia. Ao todo, foram 312 km, de Rio Branco até o município de Assis Brasil, depois mais 81 km por ramal para alcançar a desembocadura do Rio Icuriã com o Iaco. No dia seguinte, mais duas horas de barco até chegar à Aldeia Jatobá, na Terra Indígena Mamoadate.
Todo esse percurso foi enfrentado pelas nutricionistas Nayla Regina Silva e Sara Silveira, da Divisão de Nutrição Escolar da Secretaria de Educação, Cultura e Esportes do Acre (SEE), para realizar, ao longo do rio, a avalição nutricional de pelo menos 90 estudantes das escolas indígenas de diversas aldeias.
O serviço foi oferecido pela primeira vez aos alunos das aldeias. A avaliação nutricional utiliza, entre outros parâmetros, o índice de massa corporal (IMC), que é medido pela razão entre o peso e a altura ao quadrado. Em crianças de 6 até 14 anos, idade da maioria dos estudantes, o índice chega a aproximadamente 17.
De acordo com a nutricionista Nayla Silva, abaixo desse valor, a criança é considerada desnutrida e muito acima a criança está sobrepeso. Ainda segundo ela, nos Estados Unidos há diferentes IMCs para cada tipo biológico, mas no Brasil essa diferenciação não existe.
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“Por isso, o que estamos fazendo é uma média das crianças, inclusive dos alunos indígenas, para que possamos fazer a avaliação nutricional dos estudantes”, explicou a nutricionista.
Os indivíduos avaliados são das etnias Manchineri e Jeminawa e pertencem a diversas aldeias, como Jatobá, Betel, Salão, Cujubim, Santa Cruz, Laranjeira, Água Preta e São Sebastião. A meta, segundo ela, é realizar essa avaliação no estado inteiro, numa iniciativa inédita.
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“Com base na conclusão dessa avaliação, a gente consegue ver se o público aqui da Mamoadate está com baixo peso, com o peso adequado ou sobrepeso e, com base nesse resultado, intervir no cardápio, modificando ou até mesmo enviando mais alimentos”, informou Sara Silveira.
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Cassiane Manchineri, da Aldeia Jatobá, tem quatro filhos estudando na Escola Kapjpaha e considera positiva a iniciativa, porque assim é possível melhorar a merenda das crianças. “Essa vinda delas aqui é importante”, avaliou.