O Ambulatório de Transplante Hepático da Fundação Hospital Estadual do Acre (Fundhacre), em Rio Branco, realizou 1.801 atendimentos a pacientes do pré e pós-transplante este ano. O setor conta com uma equipe multidisciplinar especializada, atendimento de enfermagem, psicologia e apoio administrativo, para agendamento de exames.
Mensalmente, atendimentos são realizados com o médico itinerante e responsável técnico pela equipe de transplante de fígado, Tércio Genzini, cirurgião do aparelho digestivo e de transplante de órgãos abdominais. Já durante a semana, às terças e quintas, os atendimentos ficam a encargo do médico cirurgião do aparelho digestivo e transplantes Aloysio Coelho.
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Em 2023, o serviço atingiu o recorde de transplantes de fígado no estado, com a realização de 18 procedimentos, contabilizando 80 desde o início do programa, em 2014. O médico Tércio Genzini destaca o crescimento do número de atendimentos executados.
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“É com muita alegria que a gente comemora este ano com recorde, o importante é que estamos crescendo e mantendo a qualidade. Estamos entre os maiores resultados no Brasil”, afirma Genzini.
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O serviço ambulatorial é fundamental para que a cirurgia obtenha sucesso, contribuindo significativamente para a resposta positiva do paciente, desde a preparação, exames e medicação.
“O resultado de um transplante é todo um preparo no pré e no pós-operatório, além da disponibilidade de medicações, e esse tem sido um trabalho muito importante no hospital, onde os pacientes estão assistidos pelas medicações necessárias e realização de seus exames”, explica o cirurgião.
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O acesso ao atendimento com esses especialistas se dá por meio de encaminhamento médico para avaliação de transplante ou cirurgia hepatobiliopancreática.
Renascimento: uma nova vida pós-transplante de fígado
Sayonara Filgueiras da Silva realizou transplante de fígado dia 18 de outubro. A paciente estava em fila de espera desde agosto, devido ao quadro de cirrose biliar primária, uma doença hepática de causa autoimune caracterizada pela destruição progressiva dos ductos biliares intra-hepáticos, que faz com que o paciente acumule altas taxas de bilirrubina, causando amarelamento dos olhos e da pele, neuropatia, acúmulo de líquido no abdômen, fraqueza, prurido e feridas devido à fricção, prejudicando o bem-estar e a qualidade de vida.
“Sayonara já havia passado por algumas internações devido às complicações da doença e encontrava-se cada vez mais debilitada e precisando de um transplante de fígado com urgência. Um fator que ainda complicava encontrar um doador compatível pra ela era o tamanho e peso, pois Sayoara, com 1,56 de altura, pesava apenas 43 kg e, no caso do fígado, um dos critérios de compatibilidade é [a equivalência de] tamanho entre doador e receptor”, explica a coordenadora de transplantes da Fundhacre, Valéria Monteiro.
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Assim, quando no dia 17 de outubro a equipe recebeu a notificação da Central Estadual de Transplantes de que havia um doador de 5 anos de idade, em Goiás, iniciou-se a corrida contra o tempo para a organização de toda a logística de deslocamento da equipe, captação, transporte e preparo para o implante em tempo hábil.
“Este momento tem sido para mim surreal; dizer que em setembro eu estava sem esperança e hoje, em dezembro, saber que vou viver de novo, vou estar com a minha família. Eu tinha uma preocupação de não conseguir chegar nem no Natal, porque eu estava muito debilitada. O fato de ter recebido o fígado de uma criança é como se Deus tivesse me abençoado realmente, porque eu teria que ir para outro estado para transplantar, devido à minha estatura. Vejo tudo como um verdadeiro milagre, um renascimento, hoje eu posso dizer que sou uma criança grande, porque o meu fígado é de uma criança, tenho idade de adulto, mas sou feliz como uma criança”, relata a paciente.
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Ao ser questionada sobre o atendimento ambulatorial, Sayonara relata que os profissionais sempre estão prontos a auxiliar: “Quando sinto algo, eles já procuram me ajudar e não me deixam na mão; esse atendimento pós-transplantes ajuda muito, pois precisamos nos adaptar para prosseguir a nova vida”.
Outros relatos de transplantados
“Mudou a minha vida, me sinto bem e feliz, já senti uma mudança”, diz Francinete Silva, de Porto Walter, paciente diagnosticada com cirrose hepática decorrente do vírus da hepatite B e hepatocarcinoma.
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“É uma segurança que nós temos saber que esse apoio na saúde é para o nosso bem-estar. Sinto total segurança da equipe; já fui em outros estados e vejo aqui como uma referência, não conheço outro lugar que tem essa atenção. Sou grato ao governo e a toda a equipe”, conta o paciente Valdécio Gomes, transplantado há um ano e oito meses por cirrose hepática decorrente do vírus da hepatite B.
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“As meninas se disponibilizam a ajudar, me sinto cuidada, abençoada e muito privilegiada, porque nas horas que estamos mais precisando elas estendem as mãos, além dos atendimentos com os médicos, que é muito bom”, relata Evilene Martins, que recebeu novo fígado em julho, devido a cirrose hepática decorrente do vírus da hepatite B.
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