Em janeiro de 2024, os preços da indústria variaram -0,31% frente a dezembro de 2023, terceiro resultado negativo seguido. Nessa comparação, 8 das 24 atividades industriais tiveram redução de preços. O acumulado em 12 meses ficou em -5,56%. Em janeiro de 2023, o IPP havia sido 0,29%.
Período
Taxa (%)
Janeiro de 2024
-0,31%
Dezembro de 2023
-0,20%
Janeiro de 2023
0,29%
Acumulado no ano
-0,31%
Acumulado em 12 meses
-5,56%
O Índice de Preços ao Produtor (IPP) das Indústrias Extrativas e de Transformação mede os preços de produtos “na porta de fábrica”, sem impostos e fretes, e abrange as grandes categorias econômicas.
Em janeiro de 2024, os preços da indústria caíram 0,31% frente a dezembro de 2023. Oito das 24 atividades industriais investigadas na pesquisa apresentaram variações negativas de preço ante o mês imediatamente anterior. Em comparação, 12 atividades haviam apresentado menores preços médios em dezembro em relação ao mês anterior.
As quatro maiores variações foram em refino de petróleo e biocombustíveis (-4,77%); indústrias extrativas (4,64%); perfumaria, sabões e produtos de limpeza (-2,03%); e impressão (1,79%).
Índice de Preços ao Produtor, segundo as Indústrias Extrativas e de Transformação (Indústria Geral) e Seções, Brasil, últimos três meses
Indústria Geral e Seções
Variação (%)
M/M₋₁
Acumulado no Ano
M/M₋₁₂
Nov/2023
Dez/2023
Jan/2024
Nov/2023
Dez/2023
Jan/2024
Nov/2023
Dez/2023
Jan/2024
Indústria Geral
-0,34
-0,20
-0,31
-4,80
-4,99
-0,31
-6,01
-4,99
-5,56
B – Indústrias Extrativas
-7,09
2,30
4,64
6,67
9,12
4,64
-1,02
9,12
4,17
C – Indústrias de Transformação
0,03
-0,32
-0,57
-5,32
-5,63
-0,57
-6,25
-5,63
-6,05
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coord. de Estatísticas Conjunturais em Empresas
Refino de petróleo e biocombustíveis foi o setor industrial de maior destaque na composição do resultado agregado, na comparação com dezembro. A atividade foi responsável por -0,51 ponto percentual (p.p.) de influência na variação de -0,31% da indústria geral. Ainda nesse quesito, outras atividades que também sobressaíram foram indústrias extrativas, com 0,23 p.p. de influência, alimentos (-0,18 p.p.) e metalurgia (0,07 p.p.).
O acumulado em 12 meses foi de -5,56% em janeiro. No mês anterior, esse mesmo indicador havia registrado taxa de -4,99%. Os setores com as quatro maiores variações de preços na comparação de janeiro com o mesmo mês do ano anterior foram: refino de petróleo e biocombustíveis (-18,26%); outros produtos químicos (-15,87%); papel e celulose (-12,88%); e metalurgia (-8,85%).
Os setores com maior influência no resultado agregado foram: refino de petróleo e biocombustíveis (-2,15 p.p.); outros produtos químicos (-1,37 p.p.); alimentos (-0,96 p.p.); e metalurgia (-0,54 p.p.).
Entre as grandes categorias econômicas, o resultado de janeiro repercutiu assim: 0,55% de variação em bens de capital (BK); -0,88% em bens intermediários (BI); e 0,37% em bens de consumo (BC), sendo que a variação observada nos bens de consumo duráveis (BCD) foi de 0,08%, enquanto nos bens de consumo semiduráveis e não duráveis (BCND) foi de 0,43%.
A principal influência veio de bens intermediários, cujo peso na composição do índice geral foi de 55,41% e respondeu por -0,49 p.p. da variação de -0,31% nas indústrias extrativas e de transformação.
Completam a lista, bens de consumo, com influência de 0,14 p.p., e bens de capital com 0,04 p.p. No caso de bens de consumo, a influência observada em janeiro se divide em 0,00 p.p., que se deveu à variação nos preços de bens de consumo duráveis, e 0,13 p.p. associado à variação de bens de consumo semiduráveis e não duráveis.
Índice de Preços ao Produtor, variação segundo as Indústrias Extrativas e de Transformação (Indústria Geral) e Grandes Categorias Econômicas, Brasil, últimos três meses
Indústria Geral e Grandes Categorias Econômicas
Variação (%)
M/M₋₁
Acumulado no Ano
M/M₋₁₂
Nov/2023
Dez/2023
Jan/2024
Nov/2023
Dez/2023
Jan/2024
Nov/2023
Dez/2023
Jan/2024
Indústria Geral
-0,34
-0,20
-0,31
-4,80
-4,99
-0,31
-6,01
-4,99
-5,56
Bens de Capital (BK)
-0,49
-0,31
0,55
-1,36
-1,66
0,55
-0,38
-1,66
-0,87
Bens Intermediários (BI)
-0,64
-0,33
-0,88
-7,42
-7,72
-0,88
-9,33
-7,72
-8,84
Bens de Consumo (BC)
0,15
0,03
0,37
-1,26
-1,23
0,37
-1,67
-1,23
-1,21
Bens de Consumo Duráveis (BCD)
0,28
-0,20
0,08
2,48
2,28
0,08
2,30
2,28
1,56
Bens de Consumo Semiduráveis e Não Duráveis (BCND)
0,12
0,08
0,43
-2,00
-1,92
0,43
-2,45
-1,92
-1,76
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coord. de Estatísticas Conjunturais em Empresas
No acumulado em 12 meses, a variação de preços de bens de capital foi de -0,87% em janeiro/2024. Os preços dos bens intermediários, por sua vez, variaram -8,84% nesse intervalo de um ano e a variação em bens de consumo foi de -1,21%, sendo que bens de consumo duráveis apresentou variação de preços de 1,56% e bens de consumo semiduráveis e não duráveis de -1,76%.
Com peso de 7,78% no cálculo do índice geral, bens de capital foi responsável por -0,06 p.p. dos -5,56% de variação acumulada em 12 meses na indústria, neste mês de referência. No resultado de janeiro de 2024, houve, ainda, influência de -0,43 p.p. de bens de consumo e de -5,07 p.p. de bens intermediários.
O resultado de bens de consumo, em particular, foi influenciado em 0,09 p.p. por bens de consumo duráveis e em -0,52 p.p. por bens de consumo semiduráveis e não duráveis, esse último com peso de 83,03% no cômputo do índice daquela grande categoria.
Indústrias extrativas: pelo segundo mês consecutivo, os preços do setor tiveram uma variação média positiva, dessa vez em 4,64% (em dezembro, 2,30%). No acumulado em 12 meses também ocorreu o fechamento de um segundo mês consecutivo com variações positivas, agora em janeiro 4,17%, contra 9,12%, em dezembro de 2023. Nessa perspectiva, desde o bimestre dezembro de 2021- janeiro de 2022, não ocorria de em dois meses consecutivos a variação de preços ser positiva. Naquele momento, em dezembro de 2021, os preços aumentaram em 13,83% e, em janeiro de 2022, em 11,30%. Em termos de número-índice, o de janeiro de 2024, 198,17, é 28,96% menor que o pico da série, em agosto de 2021, 278,96, sendo, todavia, 89,05% maior que o de março de 2020, 104,82, início da pandemia.
O setor teve, na comparação entre janeiro de 2024 e dezembro de 2023, e em módulo, a segunda maior variação entre todos os setores da indústria e, de igual modo, a segunda maior influência (0,23 p.p., em -0,31%).
Alimentos: após quatro resultados positivos consecutivos, os preços do setor, na comparação mês contra mês imediatamente anterior, recuaram em janeiro, -0,74%. O acumulado em 12 meses, por sua vez, saiu de -2,80%, em dezembro de 2023, para -3,98%. O número-índice de janeiro, 172,71, é 8,60% menor do que o pico da série, 188,97, observado em julho de 2022, e 50,29% maior em relação a março de 2020 (114,92), início da pandemia.
O setor teve a terceira maior influência tanto na comparação mensal (-0,18 p.p. em -0,31%) como no acumulado em 12 meses (-0,96 p.p. em -5,56%). Vale reforçar que, em janeiro, a variação mensal e o acumulado no ano são iguais, haja vista que ambos comparam os dados de janeiro do ano aos de dezembro do ano anterior.
Os quatro produtos de maior influência na comparação janeiro de 2024 contra dezembro de 2023 foram: “açúcar VHP (very high polarization)”, “resíduos da extração de soja”, ambos com variação negativa, e, com variação positiva, “carnes e miudezas de aves congeladas” e “leite esterilizado / UHT / Longa Vida”. Mercados sem pressão adicional de demanda e com boas perspectivas para a próxima safra explicam a queda dos preços do VHP e do derivado de soja. Por sua vez, o preço da carne de frango responde ao aumento de demanda nessa época do ano (consumidores recorrem a proteínas de preços mais em conta, em um período em que se concentram despesas extras), enquanto o preço do leite responde a uma menor captação nas bacias leiteiras, explicadas em parte por questões climáticas.
Papel e celulose: a sucessão de resultados negativos mensais ocorridos nos últimos 12 meses, embora concentrados no primeiro semestre de 2023, ainda afeta os resultados da atividade, que apresentou a terceira maior variação na indústria geral, em módulo, no acumulado em 12 meses, de -12,88%. O resultado desse indicador pode ser explicado, em parte, pela queda acumulada do dólar frente ao real, de 5,5% no período. Além disso, vale lembrar que o resultado está de acordo também com a dinâmica dos preços internacionais da celulose, produto de maior peso no setor, que estiveram em trajetória de queda durante todo o primeiro semestre de 2023. Em janeiro, a atividade também apresentou resultado de -1,24% na perspectiva mensal, revertendo a variação positiva ocorrida no indicador de dezembro de 2023.
Refino de petróleo e biocombustíveis: pelo segundo mês consecutivo, os preços do setor, na comparação com o mês imediatamente anterior, tiveram variação média negativa, em janeiro, -4,77% (-4,03%, em dezembro). O acumulado em 12 meses ficou em -18,26%, completando uma série de 11 resultados negativos. O número-índice de janeiro, 172,50, é 34,24% menor que o pico da série, ocorrido em julho de 2022 (262,34), e 68,21% maior que o do início da pandemia, março de 2020 (102,55).
O setor se destacou por ser, tanto em termos de variação quanto de influência, o primeiro nas duas comparações efetuadas: contra o mês anterior (em janeiro esse indicador é o mesmo para a comparação mensal e o acumulado no ano) e contra o mesmo mês no ano anterior. No caso da influência, na perspectiva mensal, o setor respondeu por -0,51 p.p. em -0,31%; no acumulado em 12 meses, por -2,15 p.p. em -5,56%.
Na comparação contra dezembro de 2023, todos os produtos destacados, tanto em termos de variação quanto de influência, tiveram variação negativa. “Óleo diesel”, o produto de maior peso no cálculo da atividade, foi a principal influência neste resultado.
Outros produtos químicos: em janeiro, a indústria química apresentou o terceiro resultado negativo na comparação com os preços do mês imediatamente anterior: -0,43%. A sequência negativa, porém, não chegou a compensar o efeito das altas percebidas no setor entre agosto e outubro do último ano. Comparados a julho de 2023, os preços estiveram cerca de 1,80% mais altos nesse mês de referência.
Mesmo diante da depreciação cambial corrente – a taxa R$/US$ avançou 0,3% na passagem do mês – os menores preços dos petroquímicos foram destaque em determinar o resultado setorial. A aderência à referência internacional vigente na primeira metade do mês ajudou a explicar a dinâmica dos preços na esfera doméstica. A demanda moderada pelos derivados mais que compensou a estabilidade no preço da nafta no período.
Dos quatro produtos com maior influência no resultado setorial, apenas os petroquímicos apresentaram menores preços na comparação com dezembro, o que foi suficiente para garantir o sinal negativo da contribuição para o resultado setorial.
Em 12 meses, a indústria química apresentou deflação de -15,87%, após registrar -16,38% em dezembro nesse mesmo indicador. O resultado colocou o setor em destaque dentre todos os investigados pelo IPP, pela magnitude da variação de seus preços e pela influência exercida no índice geral (-1,37 p.p.). Ambos os resultados figuraram entre os quatro mais intensos das indústrias extrativas e de transformação.
Metalurgia: em janeiro, a variação de preços da atividade foi de 1,14% em relação ao mês anterior, segundo resultado positivo seguido após a série de sete quedas consecutivas observadas nesse indicador entre maio e novembro de 2023. Além disso, o resultado de janeiro é a maior alta observada na atividade desde maio de 2022, quando havia variado 2,05%, e se destacou como a quarta maior influência dentre todos os setores analisados na pesquisa (0,07 p.p., em -0,31%). Mas, apesar das altas observadas nos últimos dois meses, quando é feita a comparação com janeiro de 2023, os preços da atividade acumularam, em média, uma queda de 8,85%, se destacando como a quarta variação mais intensa dentre as 24 atividades pesquisadas no IPP, além de ser também a quarta principal influência nesse indicador (-0,54 p.p. em -5,56%).
O resultado do setor neste mês foi influenciado, principalmente, pelos maiores preços dos produtos da siderurgia (grupo econômico que variou 2,08% em janeiro, mas que ainda acumula uma queda de 8,66% nos últimos 12 meses). Durante o ano de 2023, esse grupo foi afetado, em grande parte, pela baixa demanda interna por produtos de aço e pela necessidade de manter os preços competitivos por conta do maior volume de importações. Porém, nos últimos meses, tem sofrido o impacto dos maiores preços dos minérios de ferro, principal insumo em sua cadeia produtiva. Vale destacar também a importância da taxa de câmbio no resultado do setor (em janeiro, o dólar apresentou uma alta de 0,3% frente ao real, mas acumula uma queda de 5,5% nos últimos 12 meses).