Nas eleições municipais de 2024, os partidos do “centrão” – um grupo de legendas com perfil mais pragmático e voltado à negociação política – consolidaram seu domínio em prefeituras pelo país, ampliando significativamente seu poder local. Dados comparativos entre as eleições de 2020 e 2024 mostram um crescimento expressivo das principais siglas de centro, como PSD, MDB, PP e União Brasil (antigo DEM), ao mesmo tempo em que partidos da esquerda e direita apresentaram variações menos intensas ou quedas em suas bases.
PSD e MDB: os grandes vencedores
O PSD foi o maior destaque, conquistando 887 prefeituras, um crescimento de 35% em relação a 2020, quando administrava 656 municípios. O MDB também teve um desempenho notável, aumentando em 8% seu número de prefeituras, de 786 para 850. Esses números colocam ambos os partidos como os maiores vencedores desta eleição, reforçando sua presença em cidades de diferentes portes pelo país.
Esses partidos se beneficiam de uma abordagem centrada nas necessidades locais e em alianças políticas, o que se reflete na confiança do eleitorado em gestões municipais focadas em resultados práticos. Além disso, o perfil de gestão desses partidos facilita o diálogo tanto com lideranças de esquerda quanto de direita, um diferencial importante em cenários polarizados.
Avanço do PP, União Brasil e PL
Outras siglas de centro e centro-direita também registraram um crescimento expressivo. O PP avançou 9%, passando de 685 para 747 prefeituras, enquanto a União Brasil obteve um aumento de 25%, saltando de 465 para 583 prefeituras. O PL, apoiado por figuras conservadoras, expandiu seu domínio de 344 para 517 prefeituras, uma alta de 50% em relação à última eleição.
Esse crescimento do PP, União e PL revela uma preferência do eleitorado por alternativas que unem conservadorismo em valores com pragmatismo administrativo. Em várias regiões, especialmente no interior, essas siglas têm obtido apoio com discursos alinhados a valores tradicionais e com propostas voltadas ao desenvolvimento local.
Republicanos: o maior crescimento percentual
O Republicanos foi o partido com o maior crescimento percentual entre os grandes players: 105%. A legenda passou de 211 para 433 prefeituras, consolidando sua presença em municípios estratégicos. O aumento expressivo demonstra que o partido conseguiu ampliar sua base de apoio com uma abordagem conservadora e próxima da população, especialmente em temas de segurança e valores familiares.
Desafios para a esquerda e queda do PSDB e PDT
Enquanto o centrão cresceu, a esquerda enfrentou desafios. O PT apresentou uma recuperação de 38%, indo de 183 para 253 prefeituras, o que sinaliza uma retomada parcial após perdas expressivas em ciclos eleitorais anteriores. O PSB também cresceu 23%, de 252 para 309 prefeituras, consolidando-se como uma força de centro-esquerda.
No entanto, partidos tradicionais, como o PSDB e o PDT, registraram quedas significativas. O PSDB perdeu 48% de suas prefeituras, caindo de 521 em 2020 para 272. O PDT, por sua vez, reduziu sua presença em 52%, passando de 314 para 150 prefeituras. Essa diminuição reflete uma possível perda de identidade clara perante o eleitorado, com dificuldades para se posicionar entre o pragmatismo do centro e as demandas da esquerda.
Pragmatismo do centrão define o cenário local
A vitória expressiva dos partidos do centrão em 2024 revela um movimento do eleitorado em direção ao pragmatismo e a uma política mais voltada às necessidades cotidianas dos municípios. O domínio de partidos como PSD, MDB, PP, União Brasil e Republicanos demonstra a preferência por gestões municipais que se comprometam com entregas concretas e com uma postura moderada em relação a grandes debates nacionais.
Esse cenário amplia o poder de articulação do centrão, que agora conta com uma vasta rede de prefeitos para apoiar seus interesses em Brasília e influenciar diretamente as eleições estaduais e nacionais de 2026. Para partidos de esquerda e direita, a mensagem é clara: o foco em pautas nacionais pode não ser suficiente para conquistar o eleitorado local, que parece mais interessado em gestões focadas em resolver problemas imediatos e concretos.