O governo do Acre anunciou na manhã desta terça-feira, 28, o início do processo de restauração do Palácio Rio Branco, uma das mais emblemáticas construções do estado e sede do Poder Executivo. O anúncio foi realizado pela vice-governadora Mailza Assis, em cerimônia no próprio local, marcando o início de uma obra que resgata a história e o simbolismo desse patrimônio, que é cartão-postal e ponto turístico do Acre.
“Enquanto senadora, ao observar os espaços e entender que o Palácio Rio Branco é um ambiente histórico que reflete a nossa memória, reconheço sua revitalização como prioridade. Este local não é apenas um prédio, mas um símbolo do nosso estado. Este espaço carrega um significado histórico profundo: quantos governadores passaram por aqui, tomaram decisões e traçaram os rumos do nosso Acre? É essencial preservar e valorizar esse patrimônio, pois sua importância é indispensável para os acreanos”, destacou a vice-governadora Mailza Assis.
Valorização do patrimônio histórico e cultural
As obras de restauração do Palácio Rio Branco fazem parte de um pacote de investimentos destinados à preservação de importantes monumentos históricos do estado. Além do Palácio, estão em processo de revitalização o Teatro Plácido de Castro, também conhecido como Teatrão, e a Biblioteca da Floresta. O presidente da Fundação Elias Mansour (FEM), Minoru Kinpara, destacou a relevância do projeto para a identidade cultural do Acre.
“Esse é o cuidado do nosso governador Gladson Cameli em recuperar e devolver esses espaços para a população. O palácio, assim como o Teatrão e a biblioteca, simboliza a nossa história e a nossa cultura. Essas obras representam o compromisso com o patrimônio público e o legado histórico que queremos preservar para as próximas gerações”, afirmou Kinpara.
Projeto de restauração prioriza identidade
De acordo com o secretário de Estado de Obras Públicas, Ítalo Lopes, o projeto inclui a reforma completa do prédio histórico, mantendo suas características arquitetônicas originais, como o estilo eclético e as influências do movimento Art Déco. Entre as intervenções previstas estão a recuperação das esquadrias externas, climatização, acessibilidade com a reativação do elevador, além da revitalização das praças e calçadas de pedras portuguesas no entorno.
“É um investimento de quase R$ 3 milhões, garantido por emenda da então senadora e atual vice-governadora. A orientação do governador Cameli é clara: preservar o aspecto histórico do palácio, garantindo que ele continue sendo um símbolo de nossa identidade. As obras devem durar cerca de oito meses, com previsão de entrega ainda em 2025”, explicou Lopes.
As obras terão início imediato, com a ordem de serviço já assinada. Segundo o secretário, as intervenções serão realizadas por etapas para minimizar o impacto nas atividades do governo e na visitação ao local que continuará aberto, com paradas pontuais.
A história do Palácio Rio Branco
Localizado no coração da capital acreana, o Palácio Rio Branco é um dos maiores símbolos do poder político e da autonomia acreana, além de ser um cartão-postal que atrai turistas e pesquisadores interessados no rico passado da região.
A ideia de construir o Palácio Rio Branco surgiu no início do século XX, em um período de transformações profundas na região. À época, o governo do Território Federal do Acre funcionava em um grande casarão de madeira, situado no mesmo local onde hoje está o palácio. Esse casarão, embora funcional, não atendia mais às necessidades administrativas e já apresentava sinais de desgaste, evidenciando a urgência de um novo prédio que representasse a crescente importância política e social do território.
O projeto arquitetônico do Palácio Rio Branco foi concebido pelo arquiteto alemão Gustav Massler, que trouxe influências do estilo eclético e do movimento Art Déco, tendências que marcavam a arquitetura dos grandes centros urbanos do Brasil e do mundo na época. A construção previa um prédio grandioso, com elementos sofisticados como escadas de mármore de Carrara, pisos de parquet feitos com madeira de lei do Pará e tetos ornamentados em estuque. Essa visão ambiciosa refletia não apenas o desejo de modernizar a sede do governo, mas também de posicionar o Acre como uma região de destaque no cenário nacional.
Em 15 de junho de 1929, sob o governo de Hugo Carneiro, foi lançada a Pedra Fundamental do Palácio Rio Branco. A construção, no entanto, enfrentou diversos desafios ao longo dos anos, incluindo limitações financeiras e mudanças de governo. Apenas um ano depois, em 15 de junho de 1930, parte do prédio foi inaugurada, permitindo que ele começasse a ser utilizado, mesmo sem ter todo o requinte originalmente planejado.
O Palácio Rio Branco permaneceu inacabado por quase duas décadas. Durante esse período, diversos governadores se sucederam no comando do Território Federal do Acre, mas nenhum conseguiu concluir as obras. Foi somente no governo de Guiomard Santos, iniciado em 1946, que a construção foi retomada com vigor.
Guiomard Santos, conhecido por seu caráter empreendedor, deu início a uma importante fase de urbanização em Rio Branco e em outras cidades do território. Além de finalizar o Palácio Rio Branco, ele também promoveu a reforma da Praça Eurico Dutra, situada em frente ao edifício, incluindo a instalação da famosa fonte luminosa, que até hoje é uma das principais atrações do local. Nos fundos do palácio foi construído um belo jardim, que se tornou um espaço de convivência para a população.
O Palácio Rio Branco continua a ser um marco importante para o estado. Embora não seja mais residência oficial de governadores, o edifício mantém sua função como sede do Poder Executivo e espaço para eventos oficiais e culturais. Sua preservação é uma prioridade para o governo do Acre, que reconhece a importância de manter viva a memória histórica e de proporcionar à população um espaço que celebre a identidade acreana.
Preservação da memória e legado para o futuro
Para o governo do Acre, a restauração do Palácio Rio Branco é mais do que uma obra de infraestrutura; é um compromisso com a preservação da história e da cultura do estado. O investimento no patrimônio público reforça a importância de valorizar a memória coletiva e transformar o espaço em um local acessível e funcional para as próximas gerações.
“A revitalização do Palácio Rio Branco reafirma nosso compromisso de preservar o que é nosso, respeitando a história e os símbolos que definem quem somos como povo. Este é um momento de orgulho e de olhar para o futuro com responsabilidade”, concluiu Mailza Assis.