Após júri que condenou acusado pelo Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS) a 36 anos de prisão pela morte e estupro de adolescente indígena em Redentora, um grupo de mulheres Kaingang se dirigiu a Porto Alegre, nesta quinta-feira, 20 de fevereiro, para homenagear a promotora de Justiça Lúcia Helena Callegari, que fez a acusação durante o julgamento ocorrido há uma semana.
O grupo de 15 indígenas, incluindo seis crianças, viajou por oito horas, da Reserva Guarita, no Noroeste do Estado, até a Capital, para dar um abraço na promotora na sede do MPRS. Mas mais do que isso, para conversar com Lúcia Callegari sobre ações das mulheres indígenas no enfrentamento da violência. A promotora recebeu presentes, entre eles, uma camiseta com as inscrições: “meu corpo, meu território”. Ela também foi convidada para palestrar, nos dias 21 e 22 de maio, em uma conferência no Noroeste do Estado em prol da defesa pela vida das mulheres indígenas.
“Foi uma grande emoção, uma honra receber essas mulheres porque vemos o nosso trabalho reconhecido. Ouvir depoimentos como o que eu ouvi, de que o Ministério Público do Rio Grande do Sul se preocupa com as mulheres indígenas e com os seus problemas, acalentou o meu coração porque, de fato, é assim que nós enxergamos a situação, atuamos para fazer justiça sempre”, disse Lúcia Callegari.
POLÍTICAS DE PREVENÇÃO À VIOLÊNCIA CONTRA CRIANÇAS E ADOLESCENTES
O grupo também foi recepcionado pela coordenadora do Centro de Apoio Operacional da Educação, Infância e Juventude do MPRS, Cristiane Corrales, que foi convidada a integrar o grupo de trabalho Guarita pela Vida e participará, assim como o grupo de indígenas, como palestrante no Curso de Capacitação à Distância “Proteção Integral e Garantia de Direitos de Crianças e Adolescentes: estratégias para a implementação da Lei 13.431/2017”.
“Além de fazer justiça no caso Daiane, é preciso também intensificarmos as políticas de proteção à criança e ao adolescente. Isso exige esforços de toda a sociedade e é muito importante contar com vocês, que certamente têm experiências relevantes para compartilhar”, disse Corrales.