Na 71ª edição do podcast Folha Nobre, Ivan Lara — jornalista, especialista em marketing político e autor do livro Marketing Político Sem Achismo — recebeu o prefeito de Rio Crespo, Éder da Silva, conhecido como Éder Paraguai, para um bate-papo descontraído e revelador sobre sua trajetória de vida, os bastidores da política e os primeiros passos à frente do município.
O quadro voltado para conhecer a história de políticos chama-se Politicando e é transmitido ao vivo pela Folha Nobre, com cortes publicados posteriormente nas redes sociais.
De Pirapytã ao Vale do Jamari
Nascido em Pirapytã, no Paraguai, Éder chegou ao Brasil em 1997, acompanhando sua família que migrou para Rondônia em busca de melhores oportunidades. Filho de brasileiros, Éder cresceu no campo, trabalhando com a família na agricultura e pecuária.
“Meu pai comprou uma terra aqui em Rondônia nos anos 80, e em 1997 a gente se mudou de vez. Trabalhamos com lavoura, abrimos sorveteria, açougue… e foi aí que tudo começou”, relembra.
Casado com Edna, também de família local, Éder conta que conheceu a esposa em uma festa na linha 70 e que logo assumiram juntos a missão de cuidar da propriedade da família. O casal tem filhos e vive em Rio Crespo, onde construiu sua trajetória como empreendedor e agente público.
A entrada na política e a campanha vitoriosa
Éder estreou na política ajudando na coordenação da campanha de Lezão, ex-prefeito de Rio Crespo. Depois da vitória do grupo em 2016, foi convidado a assumir a Secretaria de Obras e, posteriormente, ganhou força como liderança interna.
“O grupo me escolheu, mas o agro me lançou”, disse Éder sobre o apoio decisivo do setor agropecuário à sua candidatura. Ele buscou articulações políticas com partidos como PL e PP e teve o nome definido após pesquisas internas. “Meu nome foi escolhido porque havia serviço prestado. O povo queria continuidade com responsabilidade.”
A campanha foi marcada por disputas acirradas com dois outros candidatos, e a vitória veio por uma margem apertada. “Se não passa de casa em casa, o povo não vota. É assim aqui”, ressaltou, sobre o contato direto com a população de um município pequeno.
Um início de mandato desafiador
Nos primeiros 100 dias de gestão, Éder revelou ter encontrado dificuldades estruturais, como frota sucateada e setores administrativos desorganizados. “Tivemos que reorganizar tudo. Herdamos apenas um caminhão funcionando na Secretaria de Obras. Mas conseguimos já entregar o novo CRAS, o barracão e a nova feira municipal.”
Éder contou que tem dividido a gestão com uma equipe de confiança, incluindo sua irmã, secretária de administração, e sua esposa, secretária de assistência social. “Eu sou exigente, cobro muito, mas reconheço e confio na minha equipe. Estamos juntos em tudo.”
Política feita em grupo
Durante o podcast, Éder destacou diversas vezes que sua gestão não é construída de forma individual. “Eu escuto muito. Toda semana o grupo se reúne. Planejamos, avaliamos, ajustamos. É o grupo que acerta e que erra junto”, disse.
Ele também ressaltou a boa relação com a Câmara de Vereadores, o que, segundo ele, tem garantido estabilidade e governabilidade. “Sem Câmara não se governa. Hoje temos vereadores parceiros, o presidente da casa é atuante, isso faz diferença.”
Cultura, ação social e pertencimento
Um dos pontos altos da conversa foi a paixão de Éder pelos eventos culturais e pelas ações sociais do município. Ele anunciou o retorno do tradicional Rodeio de Rio Crespo, a ampliação do Arraial do Povão e um projeto para transformar o Natal da cidade.
“Desde a época da minha mãe, a gente organiza uma ação entre amigos para doar brinquedos às crianças. É tradição. Mais de 1.200 crianças já foram atendidas com brinquedos e doces. Vamos manter isso e fazer ainda maior.”
Polêmica nacional e postura firme
O prefeito comentou também sobre a matéria da Folha de S. Paulo que o colocou em evidência nacional por conta do salário de prefeitos em cidades pequenas. Segundo ele, a reportagem foi distorcida e usada politicamente por opositores.
“Não esconderam meu nome. Mas esconderam os dados reais. Falaram de salário, mas esqueceram que o prefeito tem que ganhar bem para manter um bom corpo técnico, para trazer médico, atrair profissionais”, afirmou. “Fico triste quando usam isso para bater. Mas estou tranquilo. Não tenho o que esconder.”
A missão como gestor
Encerrando o bate-papo, Éder falou sobre sua responsabilidade como prefeito e os planos para o futuro. Reafirmou o compromisso com o crescimento da cidade, o apoio ao setor produtivo e a valorização da cultura local. “Quero ser lembrado por fazer diferente. Por levar dignidade, cuidar das pessoas, das estradas, da cidade, e fazer isso com responsabilidade.”
Ivan Lara, ao fim, elogiou a postura do prefeito e reforçou a importância de entrevistas como essa. “A gente precisa contar as histórias por trás do cargo. Isso inspira, aproxima e humaniza a política.”